SANTIFICAÇÃO

"Segui a paz com todos e santificação, sem a qual ninguém verá ao Senhor" (Hb 12:14 RA).

"Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso entendimento” (I Pe 1:15 RA).

Como vemos, a santificação é algo muito importante, além de ser algo que surge naturalmente da nossa união com Cristo, ela é também progressiva, ou seja, adquirida no dia a dia de nossa vida cristã.

Definição: Podemos defini-la, observando-a em duas direções: exclusividade e pureza. Quanto à exclusividade, uma coisa é tida como santa quando é separada, tem exclusividade para um determinado fim. Podemos pegar como exemplo, os utensílios usados no culto ao Senhor no Antigo Testamento. Eles eram santificados e de uso exclusivo para aquele fim. Eram os mesmos utensílios usados em casa pelos Israelitas, porém, o que fazia a diferença era o fato de somente serem usados no culto divino. Tanto o altar, quanto os utensílios foram ungidos para demonstrar exclusividade (Ex 40:10 RA). Quanto à pureza, é uma introdução à natureza moral implícita na santificação dos seres humanos. Observe os versículos abaixo.

"Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega sua alma à falsidade, nem jura dolosamente" (Sl 24:3-4).

Percebemos nesse trecho, a evidência entre santo lugar e mãos limpas e pureza de coração. Notou ênfases aos valores morais? A santificação, além do lado positivo, também pode ser vista de forma negativa em alguns aspectos. Calma, não se assuste! Quando falo que a santificação também pode ser vista de forma negativa, refiro-me a alguns que a entendem mal, por isso, na vida dos tais ela pode trazer negatividade. A santidade não nos converte em Anjos, pelo contrário, ela nos faz plenamente humanos. Alguns quando começam buscar a santidade, passam a isolar-se do convívio social, menosprezando os outros. Outros acham que devem abster-se da prática sexual para santificar-se. Porém quero salientar que foi Deus e não o diabo que inventou o sexo. Veja: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula, porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hb 13:4RA).

Positivamente, a santificação tem tudo a ver com saúde, separação, e serviço. Importante observarmos que o modelo ou paradígma de nossa santificação é Jesus e não seu primo "João Batista". Veja o que Jesus disse: "Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores!" (Lc 7:33-34 RA). João Batista ficava meio sem entender e mandou pessoas irem a Jesus perguntar se ele era o Cristo, ou se haviam de esperar outro. Veja que a santificação não é evidenciada por costumes diferentes, mas por uma qualidade de vida diferente. Enquanto João vivia afastado da sociedade, Jesus vivia dentro dela. Mais uma vez quero lembrar que nosso modelo de santificação, é Jesus e não João Batista. Leia: (Lc 7:22-23).

Polaridades ou dicotomias da santificação.

Pode ser objetiva e subjetiva: A santificação objetiva é aquela que depende da natureza. O que separa um ser humano do outro é seu relacionamento com Cristo. Uma pessoa pode está em Cristo e ainda estar vivendo aquém do padrão de Deus. Sua santificação objetiva é garantida, (porque está em Cristo), mas sua santificação subjetiva é comprometida, porque não está se sujeitando à vontade d'Ele. Veja com atenção a ilustração a seguir.

"No Antigo Testamento, todos os animais cabiam em duas categorias, os limpos e os imundos, ou pertencia a uma categoria, ou outra. Agora vamos tomar como exemplo, um porco e uma ovelha, você deve saber qual categoria que se encaixam. Agora veja, se pegarmos o porco e dermos um banho nele, obviamente, vai está limpo, mas não vai deixar de pertencer à categoria dos imundos. Da mesma forma, se sujarmos a ovelha todinha de lama, ela vai está suja, mas não vai deixar de pertencer à categoria dos limpos. Teremos um animal limpo que é imundo, e um animal imundo que é limpo. Conseguiu entender? Quando a ovelha se suja, continua pertencendo a classe de animais limpos. Do outro lado, o porco continua pertencendo a de animais imundos, mesmo estando limpo, não importa quantos banhos receba". Esta ilustração simplifica a dificuldade que enfrentamos dentro e fora da Igreja. Algumas pessoas salvas estão sujas, enquanto outras pessoas perdidas estão limpas. O Apóstolo Paulo não vê contradição ao chamar crentes pecadores de santos ou afirmar que tem pessoas no mundo que são menos pecadoras do que os crentes da Igreja.

"à Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso" (I Co 1:2 RA).

"Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai" (I Co 5:1 RA).

Pode ser interna e externa: A santificação externa obviamente é aquela que pode ser vista através dos usos e costumes, tais como: Cabelo, roupa, comportamento, etc. Os fariseus estavam preocupados com estas coisas. Cada instituição eclesiástica tem o direito de estabelecer seus padrões sociais. Conferir, (Rm 14: 2,3-5).

Quanto à santificação interna, já que a conformidade com Cristo é nosso alvo, é importante que conheçamos a atitude de Cristo em relação à santificação. Diferente dos fariseus de seu tampo, Jesus estava pouco preocupado com as coisas externas, exceto, em insistir por ser batizado por João. Uma santificação interna é aquela que operada dentro de nós pelo Espírito Santo, a palavra de Deus e a presença de Cristo. À medida que vamos nos santificando, internamente, as coisas externas vão sendo transformadas, e os frutos começam aparecerem. Portanto, é importante que a santificação comece de dentro para fora. Ler (Mt 23:25-28).

Pode ser imediata e progressiva: Esta consideração está ligada diretamente ao tempo. Para saber quando a santificação ocorre, leia atentamente os versículos abaixo para perceber o aspecto imediato.

“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: Nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” ( I Co 6: 9-11 RA).

Obviamente os cristãos em corinto haviam sido santificados! Como explicar, então a questão do seu comportamento reprovável? Sabemos que na Igreja havia todo tipo de pecado: divisões (I Co 1:10), Imoralidade ( I Co 5:1), Litígio ( I Co 6:1), Glutonaria e bebedeiras ( I Co 11:21) e ainda falsa doutrina ( I Co 15:12).

Foi rápido e fácil Deus tirar seu povo do Egito, porém, foi difícil e lento o processo de tirar o Egito de seu povo. Jesus foi concebido instantânea e milagrosamente, mas foi entregue a um processo natural e longo de maturidade humana. Semelhantemente, somos regenerados instantânea e milagrosamente, mas somos entregues a um processo natural e longo de maturidade cristã. Eventualmente, seremos totalmente santificados (I Jo 3:2 RA).

Pode ser uma parceria divina e humana: Como você está percebendo é muito fácil radicalizar a verdade, mas a Bíblia nos ensina o equilíbrio. A santificação é tanto objetiva como subjetiva; ela é uma questão externa como também é interna; é algo que acontece imediato, mas também custa a vida inteira.

Nesta ultima consideração de dicotomias ligadas à santificação vamos enfatizar sobre a fonte ou responsabilidade de santificação.

“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua vontade” (Fl 2:12-13).

Há ampla evidência bíblica que sugere que o cristão precisa assumir responsabilidade para sua vida e fazer progresso na santificação. Paulo chama a atenção os filipenses para necessidade de uma parceria. Ele os encarrega do desenvolvimento da sua salvação – que interpreto como sendo a sua santificação.

Deus nos amou primeiro, nos escolheu e nos resgatou com seu maravilhoso amor e misericórdia; nos lavou e santificou de imediato. Cabe a nós agora, no decorrer de nossa caminhada procurar desenvolver progressivamente e com responsabilidade uma santificação equilibrada, que venha refletir em nossos procedimentos e atos, gerando crescimento tanto para nós como também para o Reino de Deus. Leia (I Pe 1: 3-11). Amém.

Josildo S Neves

OBS.: Este artigo contém algumas citações de CHALONER, Teologia Sistemática - Curso Intensivo de Teologia - Ministério IDE, Janeiro de 2000 - Páginas 309 a 315.

Josildo S Neves
Enviado por Josildo S Neves em 24/06/2011
Reeditado em 06/10/2020
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