DEIXAR SAUDADE

Aqui jaz alguém

Cujo Nome foi escrito na Água

(escrito na lápide de John Keats)

Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós.

(Filipenses 1:3)

Assisti há algum tempo ao belo filme Brilho de uma paixão. Ele retrata a vida de John Keats, morto com 25 anos de idade. Segundo Harold Bloom, um dos maiores críticos literários do mundo, Keats se tornou em vários aspectos, o poeta inglês mais admirado desde Shakespeare. Fui levado a pensar em como ele explorou sua genialidade nos poucos anos de vida que teve. Quando escreveu a frase que ficaria em sua lápide, Keats pensava que seria esquecido em breve, mas seus belos versos permanecem encantando a muitos, quase 200 anos após sua morte, como este:

"No mesmo templo do deleite

A velada Melancolia tem o seu santuário".

Vivemos uma época estranha. As pessoas querem prolongar a sua vida, mas não conseguem dar uma boa razão para isso. Há uma "religião" da vida saudável: exercícios físicos, alimentos frescos e medicamentos poderosos. Há até a vã tentativa de falsear a idade: cirurgias estéticas e tinturas de cabelo, por exemplo, fomentam uma indústria bilionária. Mas, o que deixaremos quando partirmos deste mundo? Muitos serão como o rei Jeorão que viveu uma vida tão egoísta que a Bíblia diz que ele foi "sem deixar de si saudades" (II-Crônicas 21:20).

Mozart, um dos gigantes da música, morreu com 35 anos, mas sua obra continua como um dos grandes marcos da cultura ocidental. O filósofo dinamarquês Kierkegaard viveu 42 anos e se tornou uma referência obrigatória na filosofia moderna. Todos partiram cedo, mas deixaram marcas de sua obra.

O cristão também deve deixar marcas neste mundo. Não importa quanto tempo vivamos, precisamos trazer glória ao nome de Deus. Na história da igreja há exemplos de alguns que se foram cedo, mas deixaram um legado incalculável. Samuel Morris veio da África com uma fé simples e sacudiu uma universidade cristã nos Estados Unidos. Após sua morte, aos 21 anos de idade, vários estudantes americanos se apresentaram para serem missionários na África. David Brainerd viveu uma parte dos seus 29 anos para anunciar o evangelho aos índios norte-americanos. Sua intensa devoção e amor aos nativos impactaram homens como John Wesley e Jonathan Edwards, e ainda continuam inspirando missionários.

O maior exemplo, no entanto, de uma vida voltada para a glória de Deus é daquele que, vivendo apenas 33 anos em uma área relativamente pequena, demonstrou amor ao próximo de maneira tão sacrificial que após sua morte o mundo não pensou mais como antes. Vivamos pouco ou muito tempo, devemos deixar marcas de amor no mundo: palavras, gestos, obras que reflitam o evangelho de Deus.

George Gonsalves
Enviado por George Gonsalves em 07/01/2012
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