Mormonismo Para Leigos 3 - As Placas de Ouro

Mormonismo Para Leigos 3 As Placas de Ouro

Por: Jorge Linhaça

"Mormonismo Para Leigos"-3

Jorge Linhaça

Antes de mais nada, esta série de artigos não tem intenção de converter ninguém ao dito "mormonismo", a intenção do autor é apenas procurar desmitificar, dentro de seu parco conhecimento, algumas "lendas" criadas em torno da religião praticada pelos membros de " A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias".

Alguns artigos serão mais e outros menos profundos de acordo com o que se faça necessário em decorrência do tema a ser abordado.

As citações que forem feitas no texto, que não sejam do próprio autor, remeterão à fonte de onde foram extraídas a fim de que o leitor possa consultá-las segundo o seu desejo.

Dessa forma, pretende o autor respeitar os princípios éticos da produção intelectual.

Capitulo 3

As Placas de Ouro -2

Como vimos no capítulo anterior, Joseph Smith, recebeu a visita do anjo Moroni enquanto orava em seu quarto. O mesmo lhe havia falado sobre um livro escrito sobre placas de ouro e um peitoral que serviria como instrumento para sua tradução.

Como também já foi dito anteriormente, muitos falam sobre uma suposta atividade do pai de Joseph como um caçador de tesouros, se essas alegações ja existiam antes deste espisódio ou se foram criadas depois do mesmo para tentar desmerecer a visão de Joseph, dificilmente será determinado com certeza absoluta.

Continuemos no relato do próprio Joseph Smith sobre o livro escrito sobre placas de ouro.

42 Disse-me que quando eu recebesse as placas sobre as quais havia falado—porquanto o momento em que elas deveriam ser obtidas ainda não chegara—a ninguém deveria mostrá-las; nem o peitoral com o Urim e Tumim, salvo àqueles a quem me fosse ordenado mostrá-los; e se eu o fizesse, seria destruído. Enquanto falava comigo a respeito das placas, minha mente abriu-se de tal modo que visualizei o lugar em que estavam depositadas, e isto tão clara e nitidamente que reconheci o local quando o visitei.

43 Após esta comunicação, vi a luz do quarto começar a concentrar-se imediatamente ao redor do personagem que estivera falando comigo; e assim continuou até o quarto voltar à escuridão, exceto ao redor dele; e imediatamente vi como se fora um conduto, que levava até o céu, pelo qual ele ascendeu até desaparecer completamente; o quarto voltou, então, ao estado em que estava antes de essa luz celestial aparecer.Joseph Smith- História in http://scriptures.lds.org/pt/js_h/1

Para um rapaz de 17 anos, encontrar-se em tal situação não haveria de ser nada cômodo já que a experiência pessoal já havia demonstrado que o preço por tais revelações era a chacota e a perseguição.

46 Tão profundas eram, então, as impressões causadas em minha mente, que perdi o sono por completo, atônito com o que havia visto e ouvido. Mas qual não foi minha surpresa quando vi novamente o mesmo mensageiro ao lado de minha cama e ouvi-o repetir as mesmas coisas que me dissera antes; e também advertiu-me, informando-me que Satanás procuraria tentar-me (em conseqüência da pobreza da família de meu pai) a obter as placas com o fim de enriquecer-me. Proibiu-me isso, dizendo que eu não deveria ter qualquer outro objetivo em vista, ao receber as placas, a não ser o de glorificar a Deus; e que eu não deveria ser influenciado por qualquer outro motivo, senão o de edificar o seu reino; caso contrário, não as poderia obter. ( idem )

Uma das maiores dúvidas que se cria sobre o mormonismo é extamente o fato de poucos homens terem tido o privilégio de ver tais placas de ouro. Se aqueles que fazem tais alegações, ao menos se dessem ao trabalho de ler e meditar sobre o aqui relatado perceberiam o porque dessas placas sagradas não terem sido dadas a conhecer para o povo em geral.

É importante lembrar, apenas de forma ilustrativa que estamos falando da era de 1800, em uma sociedade onde matar para obter bens de outras pessoas era uma prática absolutamente comum.Basta assistir o velhos filmes de faroeste para se ter uma idéia de como funcionavam as coisas naquele tempo.

Do dia da primeira visita até que Joseph autorização para efetivamente retirá-las de seu local de repouso alguns fatos merecem destaque, primeiro que ele foi orientado a contar a seu pai o que havia visto e ouvido:

50 Obedeci, voltando para onde estava meu pai, no campo, e relatei-lhe todo o ocorrido. Ele respondeu-me que aquilo era obra de Deus e disse-me que fizesse o que o mensageiro ordenara. Deixei o campo e fui até o local onde o mensageiro dissera estarem depositadas as placas; e, devido à nitidez da visão que tivera, referente ao local, reconheci-o no instante em que lá cheguei( idem)

Joseph pode ver as placas, no entanto não foi autorizado de seu local até alguns anos depois:

51 Próximo à vila de Manchester, no Condado de Ontário, Estado de Nova York, existe uma colina de considerável tamanho, sendo a mais alta da redondeza. No lado oeste dessa colina, não muito distante do cume, sob uma pedra de considerável tamanho, estavam as placas, depositadas em uma caixa de pedra. No meio, na parte superior, essa pedra era grossa e arredondada; era, porém, mais fina na direção das extremidades, de modo que a parte central ficava visível acima do solo, mas as bordas em toda a volta estavam cobertas de terra.

52 Tendo removido a terra, arranjei uma alavanca, introduzi-a sob a borda da pedra e consegui levantá-la com um pequeno esforço. Olhei e lá realmente vi as placas, o Urim e Tumim e o peitoral, como afirmara o mensageiro. A caixa na qual se encontravam era formada de pedras unidas por uma espécie de cimento. No fundo da caixa havia duas pedras colocadas transversalmente e sobre elas estavam as placas e as outras coisas.

53 Fiz uma tentativa de retirá-las, mas fui proibido pelo mensageiro, que outra vez me informou ainda não haver chegado o momento de retirá-las, dizendo que esse momento não chegaria a não ser quatro anos após aquela data. Disse-me que eu deveria voltar àquele local precisamente um ano mais tarde e que lá ele se encontraria comigo, devendo eu continuar a assim proceder até que chegasse o tempo de receber as placas. ( idem)

Joseph relata ainda a possivel origem da lenda de ser ele um cavador de tesouros:

55 Como a situação econômica de meu pai fosse muito limitada, víamo-nos obrigados a trabalhar com as mãos, empregando-nos fora, por dia ou de outras maneiras, segundo surgia a oportunidade. Às vezes estávamos em casa, outras, fora; e, trabalhando continuamente, conseguíamos viver de maneira confortável.

56 No ano de 1823, a família de meu pai passou por uma grande dor com a morte de meu irmão mais velho, Alvin. No mês de outubro de 1825 empreguei-me com um senhor idoso chamado Josiah Stoal, que morava no Condado de Chenango, Estado de Nova York. Ele tinha ouvido falar de uma mina de prata aberta pelos espanhóis em Harmony, Condado de Susquehanna, Estado da Pensilvânia; e, antes de me empregar, havia feito escavações com o fim de, se possível, descobrir a mina. Depois que fui morar com ele, levou-me com o resto de seus empregados para cavar, em busca da mina de prata, no que continuei a trabalhar por aproximadamente um mês sem alcançar sucesso em nosso empreendimento; e finalmente convenci aquele senhor a desistir de procurar a mina. Daí surgiu a história muito divulgada de haver sido eu um cavador de dinheiro. (idem )

Durante esse período Joseph conheceu sua futura esposa e como era de se esperar tiveram de enfrentar forte oposição à sua união:

57 Durante o tempo em que estive nesse emprego, hospedei-me com o Sr. Isaac Hale, daquele lugar; foi lá que pela primeira vez vi minha mulher (filha dele), Emma Hale. Casamo-nos no dia 18 de janeiro de 1827, enquanto eu ainda estava a serviço do Sr. Stoal.

58 Devido a minha insistência em afirmar que tivera uma visão, continuava a ser perseguido e a família do pai de minha mulher opôs-se muito a nosso casamento. Precisei, portanto, levá-la para outra parte; assim, casamo-nos na casa do Juiz Tarbill em South Bainbridge, Condado de Chenango, Estado de Nova York. Imediatamente após meu casamento, deixei o emprego com o Sr. Stoal e fui para a casa de meu pai, trabalhando com ele no campo durante aquela estação.( idem)

Sómente após esse período de vários anos, Joseph pode finalmente receber as placas de ouro.

59 Finalmente chegou a época de receber as placas, o Urim e Tumim e o peitoral. No dia vinte e dois de setembro de mil oitocentos e vinte e sete, tendo ido, como de costume, ao fim de mais um ano, ao local onde estavam depositados, o mesmo mensageiro celestial entregou-os a mim, com a advertência de que eu seria responsável por eles; que se eu os deixasse extraviar por algum descuido ou negligência, seria cortado; mas que se eu empregasse todos os esforços para preservá-los até que ele, o mensageiro, os reclamasse, eles seriam protegidos.

60 Logo verifiquei a razão de tão severas recomendações para que os guardasse em segurança e por que o mensageiro dissera que, quando eu tivesse realizado o que me fora ordenado, ele viria buscá-los. Pois tão logo se soube que estavam em meu poder, foram empregados os mais tenazes esforços para tirá-los de mim. Todos os estratagemas possíveis foram usados com esse propósito. A perseguição tornou-se mais amarga e severa que antes e multidões mantinham-se continuamente alertas para tirá-los de mim, se possível. Mas pela sabedoria de Deus eles continuaram seguros em minhas mãos até que cumpri, por meio deles, o que me fora requerido. Quando o mensageiro os reclamou, de acordo com o combinado, entreguei-os a ele, que os tem sob sua guarda até esta data, dois de maio de mil oitocentos e trinta e oito.

61 O alvoroço, contudo, ainda continuava e os rumores, com suas mil línguas, eram empregados todo o tempo para fazer circular falsidades sobre a família de meu pai e sobre mim. Se eu relatasse a milésima parte deles, encheria volumes. A perseguição, contudo, tornou-se tão intolerável que fui obrigado a sair de Manchester e ir com minha mulher para o Condado de Susquehanna, no Estado da Pensilvânia. Enquanto me preparava para partir—sendo muito pobre e sofrendo uma perseguição tão grande que não haveria possibilidade de que fosse de outra forma—em meio a nossas aflições encontramos um amigo na pessoa de Martin Harris, que nos procurou e me deu cinqüenta dólares para auxiliar-nos na viagem. O Sr. Harris era morador do distrito de Palmyra, Condado de Wayne, no Estado de Nova York, e fazendeiro bem conceituado.

62 Mediante essa ajuda oportuna, pude chegar ao lugar de meu destino, na Pensilvânia; e, imediatamente após minha chegada, comecei a copiar os caracteres das placas. Copiei um número considerável deles e, por meio do Urim e Tumim, traduzi alguns, o que fiz entre os meses de dezembro, quando cheguei à casa de meu sogro, e fevereiro do ano seguinte.

63 Nesse mesmo mês de fevereiro, o já mencionado Sr. Martin Harris veio a nossa casa, tomou os caracteres que eu havia copiado das placas e partiu com eles para a cidade de Nova York. Quanto ao que aconteceu em relação a ele e aos caracteres, refiro-me ao seu próprio relato dos acontecimentos, como me contou quando de seu regresso, e que é o seguinte:

64 “Fui à cidade de Nova York e apresentei os caracteres que tinham sido traduzidos, assim como sua tradução, ao professor Charles Anthon, famoso por seus conhecimentos literários. O professor Anthon declarou que a tradução estava correta, muito mais que qualquer tradução do egípcio que já vira. Mostrei-lhe então os que ainda não haviam sido traduzidos e ele disse-me serem egípcios, caldeus, assírios e arábicos; e acrescentou que eram caracteres autênticos. Deu-me uma declaração, atestando ao povo de Palmyra que eram autênticos e que a tradução, como fora feita, também estava correta. Peguei a declaração e coloquei-a no bolso; estava saindo da casa quando o Sr. Anthon me chamou e perguntou-me como soubera o jovem que havia placas de ouro no lugar onde ele as encontrara. Respondi-lhe que um anjo de Deus lho revelara.

65 Disse-me então: ‘Deixe-me ver essa declaração’. Tirei-a do bolso e entreguei-a a ele, que a pegou e rasgou em pedacinhos, dizendo que já não existiam coisas como ministério de anjos e que, se eu lhe desse as placas, ele as traduziria. Informei-o de que parte das placas estava selada e que me era proibido levá-las. Ele respondeu: ‘Não posso ler um livro selado’. Saí de lá e procurei o Dr. Mitchell, que confirmou tudo o que o Sr. Anthon dissera a respeito dos caracteres e da tradução.” ( idem)

Podemos perceber aqui que , quando se institui uma senso comum entre as pessoas, esse passa a ser considerado uma verdade inconteste até que se prove o contrário.

Durante muitos anos de minha vida, e creio que muitos de meus leitores também devem ter ouvido algo semelhante, fui "ensinado" que leite com manga ou melancia faziam mal para a saúde, chegando até a matar.

Hoje em dia é comum encontrar-se sucos de manga com leite em casas especializadas.

Segundo a lenda que ouvi, esse mito havia sido criado para evitar que os escravos tomassem o leite das fazendas onde trabalhavam já que alimentavam-se das frutas que à época não tinham valor comercial algum.

Não é de se estranhar portanto que o tal Sr Anthon tenha tido essa atitude intempestiva, talvez por medo de ver seu nome associado a algum engodo de cunho religioso.

Quanto ao caráter de Joseph Smith, cada um faça as suas considerações mas, procurem se perguntar se um caçador de tesouros, um jovem semi-analfabeto como alegam seus perseguidores teria condições por si mesmo de traduzir os escritos do egípcio, caldeu, assírio e arábico de modo tal que as autoridades nesses escritos considerassem tais traduções tão corretas. Um "caçador de tesouros" não se empenharia em, de alguma maneira lucrar com tais placas?

No próximo capítulo nos ocuparemos da tradução desses escritos que viriam a originar " O Livro de Mórmon".