A NOÇÃO DE DEUS NA CONCEPÇÂO DO FILÓSOFO AGOSTINHO

VALTÍVIO VIEIRA

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância, e Pós-Graduando em Metodologia do Ensino Religioso, ambos pela FACINTER – Curitiba – PR.

SÃO BENTO DO SUL - SC

2012

A NOÇÃO DE DEUS NA CONCEPÇÂO DO FILÓSOFO AGOSTINHO

Dessa maneira, com a demonstração e da existência da certeza da verdade, Agostinho faz coincidir com a demonstração da existência de Deus, tem-se então o esquema das argumentações já expostas: passa-se primeiro da exterioridade das coisas à interioridade do espírito humano, depois da verdade que está presente no espírito ao princípio de toda verdade.

É válido também nos remetermos à obra Confissões de Santo Agostinho, onde ele ao tratar de Deus, diz que Deus está em todas as coisas e que esse mesmo Deus tudo contém, mas não é contido em nada.

Mesmo que os vasos cheios d’Ele e que O tornam estável, se quebrassem, não O derramariam, e se O derramassem, cairia sobre nós e caindo sobre nós não Se abaixaria, mas nós é que seríamos elevados a Ele.

Outra argumentação é extraída dos diversos graus do bem, a partir dos quais se remonta ao primeiro e Supremo Bem, que é Deus. Na sua obra Trindade, podemos ler:

Certamente Tu só amas o bem, porque boa é a terra, com suas altas montanhas, as moduladas colinas, os planos campos, bom é o sítio ameno é fértil, boa à casa ampla e luminosa, com cômodos dispostos em proporções harmoniosas, bons os corpos animais dotados de vida; bom o ar temperado e salubre; bom o alimento saboroso e sadio, boa à saúde, sem sofrimentos nem cansaços; boa é a face do homem, harmoniosa, iluminada por um suave sorriso e vivas cores. Boa é a alma do amigo, pela doçura de compartilhar os mesmos sentimentos e a fidelidade da amizade; bom é o homem justo e boas são as riquezas, que nos ajudam a ir vivendo; bom é o céu, com o sol, a lua e as estrelas; bons são os Anjos, por sua santa obediência; boa é a palavra que instrui de modo agradável e impressiona de modo conveniente quem a escuta; bom é o poema harmonioso pelo seu ritmo e majestoso por suas sentenças.O que mais alcançar? Porque prosseguir ainda nessa enumeração? Isto é bom aquilo é bom. Suprime o isto e o aquilo e contempla o próprio bem, se puderes: então verás a Deus, que não recebe a sua bondade de outro bem, mas é o Bem de todo bem. Com efeito, dentre todos esses bens, os que eu recordei ou um é melhor que o outro, quando julgamos segundo a verdade, se não estivesse impressa em nós a noção do própria bem, norma segundo a qual declaramos boa uma boa coisa e preferimos uma outra coisa à outra. É assim que nós devemos amar a Deus: não como este ou aquele bem, mas como o próprio Bem. (AGOSTINHO, in A Trindade, p.66).

Por isso, podemos perceber que de todo modo para Santo Agostinho, permanece claro que é impossíveis para nós, seres humanos, dar uma definição da natureza de Deus e que, em certo sentido, ao se tratar de Deus, é mais fácil saber aquilo que Ele não é do que aquilo que Ele é. E para afirmar sua posição em relação a seu pensamento “quando se trata de Deus, o pensamento é mais verdadeiro do que a palavra e a realidade de Deus mais verdadeira do que o pensamento” (AGOSTINHO, 1997, p.72).

Esses atributos mencionados e todos os outros atributos positivos que se possam citar de Deus, não devem ser entendidos como propriedade de um sujeito, mas como coincidentes com a sua própria essência: Deus recebe uma quantidade de atributos: grande, bom, sábio, bem-aventurado, veraz e toda outra qualidade que não seja indigna dele.

Mas a sua grandeza é o mesmo que a sua sabedoria, no sentido que ele não é grande pelo volume, mas pela sua potência. A sua bondade é o mesmo que a sua sabedoria e grandeza; a sua própria veracidade se identifica com todos esses atributos. Assim, em Deus, ser bem-aventurado outra coisa não é do que ser grande, sábio, verdadeiro, bom ou simplesmente ser.

REFERENCIA

AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad. Maria Luiza Jardim Amarante. São Paulo: Paulus, 1997.

MONDIN, Battista. Antropologia Teológica. São Paulo: Paulinas, 1979.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 30/05/2012
Reeditado em 30/05/2012
Código do texto: T3696094
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