São Tomás de Aquino e os cinco pontos que provam a existência de Deus

O que é o conhecimento? O que precisamos fazer para chegarmos a dizer que temos certo conhecimento de algo ou de alguma coisa? São perguntas recorrentes entre nós, como também o foi em todos os períodos da história, principalmente na época medieval, onde o debate travado entre fé e razão tomou proporções sem precedentes.

Quando estudamos esse período pelo lado filosófico, figuras importantes surgem como Santo Agostinho, São Tomas de Aquino, dentre outros. È Comum se dizer que Santo Agostinho cristianizou Platão, assim como Aristóteles foi cristianizado por São Tomas de Aquino. Mas o que vem a ser essa cristianização desses filósofos? Nada mais era do que adaptar as ideias dos mesmos para o que lhes convinham, isto é, utilizar os pensamentos deles (filósofos antigos) em favor da religiosidade, como bengala de sustentação dos valores cristãos.

Prova disso foi o que fez Aquino que se valendo das ideias de Aristóteles, as reformulou e chegou a afirmar que deus existe a partir de cinco pontos. Passemos então a conhecê-los:

I. Primeiro motor (Ser imóvel): este primeiro ponto supõe a ideias de que tudo que se move é movido por alguém. Porém, um ser não move a si mesmo, só podendo, então, mover outro ou por outro ser movido. Assim, disse Aquino, faz-se necessário que se chegue a um ser que mova todos os outros e que não seja movido por nenhum outro.

II. Da causa eficiente: O segundo ponto refere-se ao efeito acarretado por este motor imóvel. Desse modo, ao perceber a ordem das coisas como sendo por causas e efeitos, verifica-se que tudo que existe é resultante de algo ou alguma coisa. Assim Tomás de Aquino conclui que é necessário admitir a existência da causa eficiente, sendo ela responsável pelos efeitos e movimentação das coisas.

III. Dois seres (Necessário e os possíveis): essa terceira via faz uma comparação entre os seres que podem ser e não ser. Sendo decorrente do anterior, esse ponto parte do princípio de que os seres possíveis podem deixar de ser ou que antes eles não existiam e passaram a existir. No entanto, do nada, nada vem e, por isso, estes seres possíveis dependem de um ser necessário para fundamentar suas existências que, segundo o filósofo cristão, sempre existiu.

IV. Perfeição: A penúltima via vem a tratar do que ele chamou de os graus de perfeição, em que comparações são feitas entre as qualidades dos seres. Assim, pode-se dizer que tal ser é melhor que outro, mais bonito, mais poderoso, etc. Desse modo, Aquino diz que se deve admitir que há um ser que assume o máximo de perfeição, de plenitude.

V. Ser dirigente: A última via fala da finalidade dos seres e do ser dirigente. Para o filósofo São Tomás de Aquino existe na natureza as coisas sem inteligência própria e que cumpre uma função. Essa finalidade só é atingida porque há o ser dirigente que faz com que as funções sejam cumpridas.

È importante destacar que os pontos relatados acima apresenta algo em comum, a saber, o princípio de causalidade, herdado de Aristóteles, demonstrando acima de tudo, um mundo ordenado e hierarquicamente construído. Devemos afirmar ainda a maneira como Aquino reformulou as ideias de Aristóteles a seu favor, ou melhor, a favor da religiosidade católica, percebendo o homem como ser intermediário, entre os seres de forma mais elementar, como os minerais, as plantas e os animais, e os seres mais perfeitos como os anjos e deus.

Será que esses pontos provam realmente que exista um ser divino, perfeito e superior? Sem querer discordar dos pontos, mas apenas aprofundando o debate, podemos afirmar que essas definições apenas afasta qualquer tentativa de que deus possa ser criatura (para os religiosos, claro). Merece análise ainda a própria contradição que há em cada um deles, o que só vem a ascender ainda mais o debate entre fé e razão, entre a existência ou não de um ser com característica divina que, diga-se de passagem, está longe de ter fim.