INCAS – O DEUS DO CÉU JAMAIS DESTRÓI OS BONS

Um dado interessantes sobre a civilização inca, trata-se da quantidade de corações humanos que eles ofereceram na inauguração do Templo do Sol (ou Ccoricancha), em Cuzco, no Peru. Foram vinte e seis mil pessoas sacrificadas nesse primeiro festival. A pessoa para o sacrifício era posta viva de costas sobre o altar com as mãos e pés amarrados. O sacerdote rasgava-lhe o peito entre as costelas com o punhal estando a pessoa ainda viva. E, metendo a mão por esse rasgo entre as costelas, arrancava-lhe o coração, empurrando-a depois com o pé para seu corpo, ainda sob espasmos, rolar pela escadaria sobre as milhares de carcaças humanas ao pé da pirâmide.

O dado de vinte e seis mil corações é conforme uma edição da Revista Superinteressante que dia 6 de setembro de 2012 vi na internet, mas hoje não consegui encontrar.

Vinte e seis mil pessoas equivalem a população de inúmeras pequenas cidades no Brasil, mas nem tanto sem importância, pois o conceito de cidade pequena aqui varia até cinqüenta mil habitantes. São Vendelino, no pé da serra gaúcha, tinha 1.200 habitantes quando se emancipou no final da década de mil novecentos e oitenta. Hoje sua população soma 1.900 habitantes. A quantidade de sacrifícios na inauguração do Templo do Sol equivalem ao genocídio de treze vezes a população de São Vendelino. Não é pouca gente. Nova Prata, Vera Cruz e São Francisco de Paula, na região serrana do Rio Grande do Sul, têm respectivamente 20.000 habitantes cada. Os sacrifícios incas na inauguração do Templo do Sol equivalem ao genocídio da população inteira de cada uma dessas cidades. Gramado, no Rio Grande do Sul, onde acontece o Festival de Cinema de Gramado, possui 31.000 mil habitantes. Os sacrifícios Incas na inauguração do templo ao sol equivalem ao genocídio de setenta e cinco por cento da população dessa cidade. Rolante, a leste do Rio Grande do Sul, possui 10.000 habitantes. Os sacrifícios incas na inauguração do templo a seu deus equivalem ao genocídio de duas vezes a população de Rolante. São Leopoldo, uma cidade grande na Região Metropolitana de Porto Alegra, possui 200.000 habitantes e o número de sacrifícios na inauguração do Templo do Sol equivale a dez por cento da população dessa cidade.

Esses tantos sacrifícios, porém, não eram tudo na liturgia religiosa dos incas. Cada festival anual consumia em torno de dezessete mil pessoas, muitas delas preparadas para os sacrifícios por seus pais incas desde o nascimento. Um dado super interessante trata que, ao analisarem o cabelo de uma múmia de quinze anos, cientistas da Universidade Bradford descobriram que no último ano de sua vida a alimentação dessa menina mudou muito, indicando que as crianças eram engordadas antes de serem oferecidas para o deus sol. A maioria dos sacrifícios, porém, eram de pessoas arrancadas de suas famílias nos ataques covardes e abusivos a tribos pequenas e mal equipadas para guerra.

No livro de Jonas, na Bíblia, Deus enviou o profeta com mensagem de advertência a Nínive, cidade de cento e vinte mil habitantes ao norte do que é hoje o Iraque. Nínive era a capital do império assírio, um povo altamente perverso e sanguinário, cujos palácios eram decorados com os corpos dos inimigos mortos. Além do mais, os assírios não tinham o menor constrangimento em furar os olhos, cortar a língua e causar dores a todo que a eles se opunham.

Embora temeroso por sua própria vida, e certo de que os ninivitas não acolheriam a advertência, Jonas foi à cidade e andou por três dias percorrendo-a de uma ponta a outra apregoando a advertência de Deus de que tudo seria destruído nos três dias seguintes caso não se arrependessem e abandonassem suas práticas malévolas. Ao saber, porém, da advertência, o povo se arvorou ao rei, que decretou luto nacional, impondo que todos se penitenciassem, vestindo-se de pano de saco, jogando cinzas sobre a própria cabeça e celebrando um completo jejum que alcançasse até os animais.

Deus não queria destruir, como tivera que fazer séculos antes para livrar a humanidade as obstinas Sodoma e Gomorra. Assim como esperara dessas duas cidades, Ele queria apenas que os ninivitas cessassem sua maldade. O texto bíblico dá conta que a cidade não foi destruída, embora Jonas tivesse acampado na colina para assistir a seu incêndio. Deus até mesmo censurou o profeta por torcer pela destruição a cidade ao mesmo tempo em que compadecendo-se de uma planta que num dia cresceu e fez-lhe sombra e no outro secou e morreu. Deus questionou-lhe como podia ter tanto dó de ama planta e não compadecer-se de cento e vinte mil pessoa e animais que havia na cidade de Nínive.

Ao ritmo de dezessete mil sacrifícios em cada festival anual, os rituais incas ao deus sol seriam capazes de exterminar uma população como a dos ninivitas em sete anos. Este era o poder destruidor dos incas, o que eles nunca abandonaram. Os ninivitas, entretanto, porque se arrependeram, humilharam-se e se penitenciaram, Deus poupou-lhes a vida, pelo menos naquela geração.

Quanto aos incas, a pomba portadora de Cristo (Cristóvão Colombo), trouxe-lhes nas caravelas tanto a oferta de arrependimento quanto o juízo. E, segundo Leonardo Galeno, como também se vê no filme Apocalyto, de Spielberg, profecias ente eles tratavam da chegada do deus sol, com sua cabeça em chamas de fogo, guarnecido de animais cuspindo fogo, que, juntamente como deus, se ergueriam emergindo do oceano. No filme Apocalypto, uma menina doente adverte que a destruição está prestes a vir contra os abusadores incas. Como narra Eduardo Galeno, quando o conquistador emergiu do mar com seus cabelos e barba ruivos e canhões, os sentinelas enviaram mensagens a rei contando da chegada do deus. Mas, em sua conquista, os espanhóis não saíram fazendo genocídio de uma população fraca indefesa, tampouco inocente, como dizem os afetados de plantão. O que os espanhóis fizeram foi ajudar as tribos oprimidas a resistirem a seus opressores, ensinado-lhes táticas de combate e fabricação de armas mais eficientes do que as que tinham e que não surtia qualquer efeito contra as armas bem elaboradas do incas. E, embora todo o sangue derramado nesses conflitos, a exemplo do que fez com os ninivitas, Deus não promoveu a destruição de nenhuma dessas civilizações, apenas baniu seus cultos perversos e livrou os mais fracos dos abusos e assassinatos por parte dos mais fortes.

Os espanhóis e portugueses conquistadores podem não ter sido muito justos, e, tampouco, muito cristãos, mas o culto sanguinário ao famigerado ao deus sol não mais pode causar dor e sofrimento ao inocente, fracos e indefesos, consumindo civilizações inteiras e nem mesmo os filhos inocentes dos íncas, maias e astecas.

Wilson do Amaral