Deus de barro

Oh figura super exaltada

Nascida do meu super ego

Para suplantar meu desespero

Sufocar o meu esmero

Disfarço-me de não cego

Sobrevivente insistente

Da minha história vulgar

Dos meus medos de andar

Do meu egoísmo peculiar

Oh Santo Deus

Poderoso Criador dos meus infernos

Dos meus sofrimentos eternos

Sustentado por meus padecimentos

Mantido por meus agradecimentos

Tu sempre fostes, o Ali babá dos meus sonhos

A lampada mágica de Aladim

Que sempre me diz sim

Serei eternamente

Temente a ti

Que em tua imagem investi

Clamando por minha felicidade

Apesar de tua invisibilidade

Afogando-me na ansiedade

Para poder sentir tua generosidade

Com todo povo da minha cidade

Quem és tu

Ou quem fostes tu

Que não vejo

Que não toco, não ouço

Que na verdade

Sempre reinou na ociosidade

Insultando minha inferioridade

Mantendo-me na obscuridade

Porque de forma covarde

Com muito alarde

Concedestes-me a livre

Arbitrariedade

Hoje sou criminoso

Asqueiroso

Amanhã, bem de manhã

Sou liberdade

para entrar no seu mundo pequeno

Obsceno

Oh grande senhor que me chama de servo

Secula seculorum, por tua vontade, me conservo

Podes condenar-me, podes perdoar-me

Que diferença faz?

Nunca vi o teu martelo de juiz singelo

Recriando meu flagelo

Diga-me pai celestial

De conceito bestial

Que nos chama de animal

Porque me fizestes nascer

Para gostar de viver

E por sua simples vontade

Decretar que vou morrer,

Perguntastes a mim, se concordo?

Quando de felicidade transbordo.

Porque desejas tanto, meu desespero

Para que teus seguidores, malfeitores

Fiquem com o meu dinheiro?

Quão grande tu és

Que não posso dimensioná-lo

Sequer por “Você” posso tratá-lo?

De poder inabalável

Sustentado pela fé cega

Que me apega

Oh grande e poderoso senhor

Gigante deformado de meus deliriios

Majestade de todos os meus sonhos

Não realizados

Ditador impiedoso de todas as minhas frustrações

Deixai de ser tudo aquilo que quero

Para simplesmente se tornar um nada

Um criador astuto, impoluto

Construído pelos meus pensamentos

Em meus péssimos e desesperados momentos.

Podereis de hoje em diante

Sair do meu pranto

E quando chegar o meu desencanto

O meu momento fatal

Para o qual, nunca me destes respostas

Enterrarei você, no meu momento final

Causando sei, o maior espanto

Levando-te junto comigo

Para que o resto da humanidade

Possa caminhar independente,

Sorridente

Sem a tua silhueta presente

Onde perdestes o onipresente

Nunca soubestes o que é onipotente

Tornando-se uma estrela cadente

Que se perdeu no horizonte

De uma boa fé iludente

Não preciso mais de ti

Preciso ir em frente

Preciso evoluir

Saber para onde ir