28º COMUM ANO B “Só Deus é Bom”

28º COMUM ANO B

“Só Deus é Bom”

Palavra da Liturgia – Mc 10, 17 – 30

Celebremos a bondade do Senhor!

Estamos diante de uma palavra que nos remete ao mais profundo sentido da verdadeira bondade e felicidade.

Inicia a Palavra falando de “alguém” que se aproxima e se ajoelha diante de Jesus. Esse “alguém” pode ser qualquer pessoa, ou melhor, qualquer um de nós.

Essa pessoa faz a seguinte pergunta pra Jesus: “Bom Mestre, que farei para alcançar a vida eterna?”. Geralmente quando elogiamos alguém é por que queremos e desejamos ser reconhecidos também. Os bajuladores fazem isso!

Porém Jesus antes de responder a pergunta prefere deixar bem claro quem realmente é bom!

“Por que me chamas bom? Só Deus é Bom?”

Portanto ninguém deve se achar bom ou melhor que alguém! Quando nos sentimos “o bom” temos a dificuldade em acolher o outro; sem verdadeira humildade não há crescimento!

Então Jesus diz o que é preciso fazer para cumprir a vontade de Deus afirmando:

“Conhece os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra seu pai e mãe”.

Quantas pessoas que você conhece se enquadra na obediência destes mandamentos acima citados?

Quem nunca matou alguém com as palavras? Quem nunca olhou com malícia para alguém? Quem nunca acumulou bens desnecessários enquanto alguém passava por necessidades? Quem nunca falou mal de alguém? Quem nunca comprou algo sem nota fiscal ou algum produto pirata? Quem ama ou amou seu pai e mãe na mesma intensidade que foi amado por eles?

Difícil? Isto porque Jesus citou alguns mandamentos que regem o mínimo do bom senso das nossas atitudes para uma convivência sadia na sociedade!

Este homem (não quero julgá-lo) que se aproximou de Jesus diz ser capaz de realizar todos estes mandamentos e durante toda a sua vida respondendo:

“Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade”.

Aqui temos uma parte da identidade deste “alguém”! Ele é um “religioso praticante”! Na igreja somos muito parecidos com ele! O que não falta nas igrejas por aí é gente como este “alguém”. Gente que se acha “o santo”.

Então o inevitável aconteceu! As máscaras cairiam! Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe:

“Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”.

"Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens”.

Temos mais uma parte da sua identidade revelada: ele era rico!

Podemos entender agora o que fazia esse alguém se achar tão bom a ponto de praticar os mandamentos de Deus! Naquele tempo uma pessoa rica era vista como alguém de uma santidade elevada. Dizia-se que quando alguém praticava o bem e era fiel aos mandamentos, Deus o protegia com bens e riqueza. Enquanto que os pobres eram pecadores e miseráveis por não praticarem os mandamentos do Senhor! Se o pobre não pecou os seus pais pecaram e eles sofriam pelo pecado dos pais! A famosa teologia da retribuição e da prosperidade.

A lógica do Reino de Deus não se fundamenta na riqueza e menos ainda na retribuição interesseira.

Jesus inverte esta situação ao dizer para o “alguém religioso e rico” que vendesse tudo e desse aos pobres. Os verdadeiros valores de alguém não se medem pela quantidade de dinheiro. O pobre e o rico são amados por Deus igualmente. A diferença é que os pobres, os doentes, os marginalizados pela urgência que têm em serem acolhidos são os preferenciais. O acolhimento de Deus não é excludente! Deus faz justiça ao injustiçado!

Jesus depois afirma que dificilmente entrarão no reino de Deus os que põem sua confiança nas riquezas! Aqui temos que ter dois cuidados:

- Não julgar os ricos. Jesus se refere aos que não possuem um coração de pobre! Os que colocam sua vida e confiança nas riquezas temporais! Nos valores humanos que não preenchem e isto cabe tanto a ricos como a pobres! Jesus ao pedir que este “alguém religioso e rico” deixasse tudo, não quis colocar um peso em sua vida e nem levá-lo ao entristecimento, por isso o olhou com amor; porém não deixou de colaborar para que ele enxergasse sua miséria e crescesse. O que fez ficar triste não foi a falta de coragem de abandonar tudo e sim de descobrir que ele não era tão bom quanto achava que fosse!

- Não confundir Vida Eterna com Reino de Deus! Jesus se refere ao Reino de Deus quando diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no reino de Deus! Reino de Deus se refere ao reino que Jesus instaurou aqui na terra, este que devemos viver aqui e agora! É a Civilização do Amor que devemos construir com justiça e Paz! Quem está ocupado com suas coisas e riquezas não têm tempo para viver este reino! Um coração apegado com a matéria não consegue enxergar e experimentar o Reino de Deus e tornar um seguidor do evangelho!

Quanto à Vida Eterna só existe uma forma de conquistá-la é através da bondade! Quando o “alguém religioso e rico” aproxima de Jesus e pergunta o que é preciso fazer para conquistá-la, a resposta de Jesus dizendo que só Deus é Bom considera que só Deus que é Bom poderá conquistá-la a todos os homens! Foi o que Ele fez ao morrer numa cruz!

A maior pretensão religiosa que carregamos é achar que somos detentores da Vida Eterna por sermos bons.

Por não entender que a salvação vem de Deus é que os discípulos admirados exclamaram: “Quem pode então salvar-se?”.

Disse Jesus: “Aos homens isto é impossível, mas não a Deus, pois a Deus tudo é possível”.

Aquele indivíduo não imaginava que a salvação que tanto desejava seria conquistada com a entrega total de Jesus na cruz! Alguns religiosos hoje ainda agem e pensam que são os salvadores das pessoas e se comportam como se fossem um ser superior aos demais. Quem converte é Jesus e quem salvou é Jesus!

Pior que este pensamento de achar que você pode converter alguém é quando julga e condena as pessoas! Cuidado! “Pois com a medida que julgardes sereis julgados”, disse Jesus! Por isso Jesus não foi correndo atrás deste “alguém” para convencê-lo como fazemos nós! Jesus morreu pela sua incapacidade em ser bom de verdade.

Se preocupássemos em ser bom de verdade não precisaríamos convencer ninguém sobre nossa doutrina de verdade, pois o testemunho seria suficiente.

Pedro finaliza esta passagem dizendo a Jesus:

“Eis que deixemos tudo e te seguimos”

Então Jesus responde a todos os que abandonam suas coisas, desapegando-se delas para seguir Jesus:

“Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições – e no século vindouro a vida eterna”.

Aqui não se trata de uma atitude irresponsável, mas de uma decisão livre e consciente de se entregar totalmente a Deus amando-o em primeiro lugar. Este deixar é desapegar. Não somos donos de ninguém.

Também não somos donos de nada, o apego à riqueza material, escraviza impedindo as pessoas de sentirem a beleza de viver o Reino de Deus, pois nos impede de enxergar os verdadeiros valores da vida.

A verdadeira riqueza (desapego) é aquela que liberta o ser humano. As conseqüências deste abandono é a experiência da Providência Divina que além de não permitir que falte o necessário faz com que experimentemos o quanto Deus é próspero oferecendo muito mais do que merecemos. Quanto mais me ofereço a Deus mais amarei e mais honrarei minha família amando-a e respeitando-a. Enquanto cuido das coisas de Deus, Ele cuida das minhas coisas!

O verdadeiro significado da Palavra Prosperidade tem sido também distorcido, uma vez que significa ausência de necessidades e não “ausência de adversidades”.

Aproximemos de Deus que é Bom e nos deixemos ser acolhidos com seu olhar de amor!

Gilberto Ângelo Begiato

http://gilbertobegiato.blogspot.com.br/

Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 08/10/2012
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