Carta 031 - Perdeu a fé? E agora?

Carta 31

Assunto: Perdeu a fé: e agora?

Um jovem desse imenso Brasil diz que sempre buscou

respostas para suas angústias existenciais e nunca foi

plenamente satisfeito, por isso abandonou a fé. Diz que

ficou mais cético, pois o marxismo e a filosofia o

influenciaram muito. Após perder a mãe, há dois anos, a crise

voltou. A morte o assusta e angustia. Segundo ele, a Igreja

decepciona e não acolhe. E pergunta: O que fazer?

Oi amigo

Paz e bem!

Muita alegria em receber sua mensagem, apesar da situação de angústia que você narra. A grande verdade é que muitos de nós tem buscado, pela vida afo-ra, respostas sem encontrá-las. Aí ocorrem duas coisas: ou buscamos nas fontes erradas, ou elas estão na nossa frente e não conseguimos enxergá-las. As respos-tas da vida, especialmente as que vem de Deus, nem sempre ocorrem no tempo que esperamos. Às vezes é preciso caminhar, amadurecer, aguardar a hora da co-lheita. É como o arroz na panela; a gente tem que esperar que ele cozinhe, aos poucos, apressar as coisas pode atrapalhar e prejudicar o resultado final.

Não vou aceitar sua alegação de que “perdeu a fé”. Fé é dom de Deus e a gente não perde. Ou nunca teve uma fé verdadeira, ou os problemas do cotidiano colocaram uma poeira sobre ela. Basta um sopro (quem sabe do Espírito Santo?) e tudo pode voltar à normalidade.

Em sua desorientação você atira para todos os lados. Sua crise de fé não vem nem do marxismo, da filosofia ou da perda de sua mãe. Ocorre que você não zelou pela fé, não foi vigilante e ela agora está como que estacionada. Vamos voltar a colocá-la em movimento, pela oração, pela meditação da Palavra, pelas boas obras, pelos sacramentos, pela vida em comunidade...

A morte nos inquieta, sim, se não temos a certeza (olha a fé aí, gente!!!) que ela leva a um encontro vivo e pessoal com Deus. Na morte a vida não nos é tirada, mas transformada. Ali fechamos os olhos para enxergar melhor...

Na verdade, veja bem, você não “perdeu” sua mãe. Você sabe onde ela está: o cor-po (o acidental) no cemitério e a alma (a essência) na Casa do Pai. Na verdade, medo da morte é medo de Deus. A fé nos ensina que Deus é amor, paz, salvação e acolhida... Ora, se temos a certeza que a morte é um encontro, não temos porque temê-la. Não acha?

Você se queixa da Igreja-instituição. De fato, por ser “santa e pecadora”, ela tem seus defeitos e carece de conversão. Mas há comunidades magníficas que aco-lhem e mostram a verdadeira face do Ressuscitado. Procure descobrir uma delas e não seja tão rigoroso. Ignore alguns defeitos da igreja humana e admire as quali-dades da divina.

Um abraço

26/09/2012