Autoria do livro de Romanos

Algumas perguntas são descritas como sendo vitais para que o homem compreenda a importância do seu relacionamento com Deus: Como pode uma pessoa está “em relação correta” com Deus? Como pode uma pessoa ter seus pecados perdoados e usufruir da completa aceitação por parte de Jesus Cristo? As respostas para estas e outras perguntas, estão no livro de Romanos, que pode ser descrito como…

“… um clássico. Aos que ainda não estão salvos, oferece uma exposição clara de sua pecaminosidade, sua condição de perdido e como um Deus justo planeja salvá-los. Os novos crentes aprendem de sua identificação com Cristo e da vitória através da força do Espírito Santo. Os crentes maduros encontram interminável deleite em sua vastidão de verdades Cristãs: verdades doutrinárias, proféticas, e práticas”.

É sabido que o livro de Romanos foi escrito depois de 1 e 2 Coríntios, quando Paulo estava em Cencreia, na cidade portuária de Corinto (Romanos 16:1). Escrita por volta de 56 dC. Tércio evidentemente foi o secretário de Paulo, e escreveu o que Paulo ditou. (Rm.16:22) É possível que a portadora da carta tenha sido Febe, que morava em Cencréia, a cidade portuária de Corinto, cerca de 11 km dali. (Rm.16:1) Paulo ainda não havia estado em Roma, como fica evidente em suas observações no capítulo 1, versículos de 9 a 15. A evidência também indica que Pedro jamais esteve ali.

Alguns estudiosos optam por Corinto como sendo a cidade de origem desta carta, porque uma vez que Paulo nos últimos três meses estava sendo perseguido e teve que se afastar devido às conspirações contra ele (no final de sua terceira viagem missionária), foi exatamente durante esse curto período que a epístola foi escrita. Isso faz com que a data chegue aproximadamente em 56 d.C. No entanto esta data pode experimentar variações, pois segundo Cottrell, a data da sua escrita pode ser entre 56, 57 ou 58 d.C.

Mesmo a Alta Crítica, aceita Paulo como autor do livro de Romanos . Marcião é o primeiro escritor conhecido, a especificar o nome de Paulo como autor do livro. O livro é citado por cristãos ortodoxos, tais como Clemente de Roma, Inácio, Justino Mártir, Policarpo, Hipólito, e Irineu. Ele se denomina a si mesmo como apóstolo aos gentis, pela vontade de Deus, sem que isto exclua o alcance de seu escrito aos judeus, seu povo por nascimento e por educação religiosa e cultural, ao que dedica três capítulos centrais (9–11), com várias outras menções específicas (caps. 1, 2, etc.).

Na época da escrita da carta, a cidade de Roma era a capital de um vasto império que se alargava da Inglaterra a Arábia, centro político e comercial do mundo que até então era conhecido. Era tida como “…ponto de encontro entre os povos.” No entanto, algumas das…

“…localidades de Roma, especialmente ligadas à vida de Paulo são: (1) A Via Ápia, pela qual ele se aproximou de Roma. Atos 28:15. (2) "O palácio", ou "tribunal de César" (Pretório, Phil. 1:13). Isto pode significar tanto o grande acampamento da guarda pretoriana que Tibério estabeleceu fora das muralhas no nordeste da cidade, ou, como parece mais provável, um barracão anexo à residência imperial no Palatino. Não há prova suficiente de que a palavra "pretório" nunca foi utilizado para designar o palácio do imperador, que é utilizado para a residência oficial do governador romano. Atos 23:35 João 18:28;. A menção de "casa de César", Filipenses. 4:22, confirma a noção de que a residência de São Paulo foi nas imediações da casa do imperador sobre o Palatino. (3) A ligação de outras localidades em Roma com o nome de Paulo recai apenas sobre as tradições de probabilidade. Podemos mencionar especialmente (4) A prisão Mamertina ou Tullianum, construído por Ancus Martius, perto do Fórum. Ele ainda existe por trás da igreja de St. Giuseppe dei Falegnami. Nada se sabe sobre o fundador da primeira Igreja Cristã em Roma. O cristianismo pode, talvez, tenham sido introduzidos na cidade, não muito tempo depois do derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, por um desconhecido "de Roma", que estava em Jerusalém. Atos 2:10. É claro que houve muitos cristãos em Roma, antes de São Paulo visitar a cidade. Rom. 1:8, 13, 15; 15:20. Os nomes dos 24 cristãos em Roma são dadas nas saudações, no final da Epístola aos Romanos. Linus, que é mencionado 2 Tm. 4:21, e Clemente, mencionado em Fiipenses 4:3, foram bispos de Roma.”

A religião dos Romanos não se difere muito dos gregos antigos, no entanto é constatado em relação à Mitologia. Os Romanos adoravan divindades de origem etrusco ou Italiana, transformadas pela rica mitologia grega, sobre tudo a partir do século IV a.C. Os doze maiores deuses eram Júpiter, pai dos deuses; Minerva, deusa da guerra; Baco, deus das colheita; Vulcano, deus do fogo; Juno, esposa de Júpiter; Vesta, deusa do lar; Poseidón, deus do lar; Marte, deus da guerra; Venus, deusa do amor; Apolo, deus dos rebanhos; Diana, deusa da caça; Esculapio, deus da medicina.

Existíam corpos sacerdotais que os celebrantes tradicionais eram os pais de famílias e os magistrados públicos correspondentes. Professavam crenças de além da norte herdadas dos gregos. Na era cristã, Roma foi invadida por religiões de mistério e sobre tudo pelo cristianismo.

Os deuses romanos tinham uma nuance nacionalista e devido ao seu alto número, uma das funções da religião era manter a paz entre os deuses. O imperador romano Teodósio suprimiu os sacrifícios feitos aos antigos deuses (391 d.C).

O Estabelecimento da Igreja de Roma. A Igreja talvez tenha sido estabelecida por alguns dos judeus e prosélitos de Roma que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 dC, testemunharam o derramamento miraculoso do Espírito Santo e ouviram o discurso de Pedro e de outros cristãos ali reunidos. (At.2) Ou outros que se converteram ao cristianismo mais tarde talvez tenham levado a Roma as boas novas sobre o Cristo, pois, visto que esta grande cidade era o centro do Império Romano, muitos se mudaram para lá com o tempo, e eram muitos os viajantes e comerciantes que a visitavam. Paulo envia respeitosos cumprimentos a Andrônico e Júnias, seus ‘parentes e companheiros de cativeiro’, “homens notáveis entre os apóstolos”, que estavam no serviço de Cristo há mais tempo do que Paulo. É bem possível que esses homens tenham tido parte no estabelecimento da Igreja cristã em Roma. (Rm.16:7) Na época em que Paulo escreveu, a Igreja evidentemente já existia por algum tempo, e era bastante ativa, a ponto de sua fé ser comentada em todo o mundo. Rm.1:8.

Fica claro, pela leitura da carta, que ela foi escrita a uma Igreja cristã composta tanto de judeus como de gentios. Havia muitos judeus em Roma naquela época; eles retornaram depois da morte do Imperador Cláudio, que os banira de lá algum tempo antes. Embora Paulo não tivesse estado em Roma, para sentir pessoalmente os problemas que aquela Igreja enfrentava, é possível que tenha sido informado da condição e dos assuntos da Igreja por seus bons amigos e colaboradores, Priscila e Áquila, e possivelmente também por outros a quem Paulo encontrara. Seus cumprimentos no capítulo 16 indicam que conhecia pessoalmente um bom número de membros daquela Igreja.

Em suas cartas, Paulo atacava problemas específicos e lidava com questões que considerava muito vitais para aqueles a quem escrevia. Quanto à oposição judaica, Paulo já havia escrito às congregações da Galácia, refutando-a, mas essa carta tratava mais especificamente dos esforços feitos pelos judeus que professavam o cristianismo, mas que eram “judaizantes” e insistiam que os conversos gentios fossem circuncidados e que em outros sentidos se exigisse deles observarem certos regulamentos da Lei mosaica. Na Igreja romana não parecia haver um esforço sério neste sentido, mas, pelo que parece, havia inveja e sentimentos de superioridade da parte tanto dos judeus como dos gentios.

A carta, portanto, não era uma simples carta geral, escrita à Igreja romana, sem nenhum objetivo específico, como alguns supõem, mas tratava, evidentemente, das coisas de que eles precisavam, nas circunstâncias existentes. A Igreja romana conseguiria captar o pleno significado e a plena força do conselho do apóstolo, pois sem dúvida enfrentava exatamente os problemas de que ele, Paulo, estava tratando. É óbvio que o objetivo dele era solucionar as diferenças de ponto de vista existentes entre os cristãos judeus e os cristãos gentios e conduzi-los em direção à completa união, como um só homem, em Cristo Jesus. No entanto, ao escrever da maneira como o fez, Paulo ilumina e enriquece nossa mente no conhecimento de Deus e exalta a justiça e a graça de Deus, bem como a posição de Cristo com respeito à Igreja cristã e a toda a humanidade.

Comentando a autenticidade da carta aos romanos, o Dr. William Paley, perito bíblico, inglês, disse: “Num genuíno escrito de São Paulo a genuínos conversos, isto é o que a ansiedade de convencê-los da sua crença naturalmente produziria; mas há um fervor e uma personalidade, se posso chamar isto assim, no estilo, que uma fria falsificação, creio eu, nunca teria ideado nem suportado.” Horæ Paulinæ, 1790, p. 50.

Paulo delineou a posição dos judeus de forma muito clara e direta e mostrou que judeus e gentios acham-se no mesmo nível perante Deus. Isto exigiu que ele dissesse algumas coisas que os judeus talvez considerassem ofensivas. Mas o amor de Paulo por seus concidadãos e seu calor humano para com eles foram demonstrados na delicadeza com que tratou destes assuntos. Quando dizia coisas que poderiam parecer depreciativas da Lei, ou dos judeus, ele jeitosamente fazia em seguida uma declaração amainadora.

Por exemplo, quando disse: “Não é judeu aquele que o é por fora, nem é circuncisão aquela que a é por fora, na carne”, ele acrescentou: “Qual é então a superioridade do judeu, ou qual é o proveito da circuncisão? Grande, de todo modo. Primeiramente, porque foram incumbidos das proclamações sagradas de Deus.” (Rm.2:28; 3:1,2) Depois de dizer: “O homem é declarado justo pela fé, à parte das obras da lei”, ele continuou prontamente: “Abolimos então a lei por meio de nossa fé? Que isso nunca aconteça! Ao contrário, estabelecemos lei.” (3:28, 31) Após a declaração: “Mas agora fomos exonerados da Lei”, ele perguntou: “É a Lei pecado? Que nunca se torne tal! Realmente, eu não teria chegado a conhecer o pecado, se não fosse a Lei.” (7:6,7) Aqui ele esclarece que através da lei se tem conhecimento do pecado, mas a lei não livra do pecado. E no capítulo 9, versículos 1 a 3, fez a mais forte expressão possível de afeto por seus irmãos carnais, os judeus: “Digo a verdade em Cristo; não estou mentindo, visto que a minha consciência dá testemunho comigo, em Espírito Santo, de que tenho grande pesar e incessante dor no meu coração. Pois, poderia desejar que eu mesmo fosse separado do Cristo como amaldiçoado, em favor dos meus irmãos, meus parentes segundo a carne.” Compare também Rm. 9:30-32 com 10:1,2; e 10:20,21 com 11:1-4.

Por conseguinte, pelo estudo deste livro, comprovamos que não se trata duma consideração desconexa, ou sem objetivo, mas dum discurso com um objetivo e um tema, e que nenhuma parte pode ser plenamente entendida sem o estudo do livro como um todo e o conhecimento de seu objetivo. Paulo destaca a graça de Deus mediante Cristo e ressalta que é somente por tal graça de Deus, conjugada com a fé do crente, que os homens são declarados justos; ele comenta que nem o judeu nem o gentio tem base para jactância ou para elevar-se sobre o outro. Avisa estritamente os cristãos gentios que não devem ficar orgulhosos por se terem beneficiado de os judeus não terem aceitado a Cristo, visto que a queda dos judeus permitiu que os gentios tivessem a oportunidade de ser membros do “corpo” de Cristo. Ele diz: “Eis, portanto, a benignidade e a severidade de Deus. Para com aqueles que caíram, há severidade, mas para contigo há a benignidade de Deus, desde que permaneças na sua benignidade; senão, tu também serás cortado fora.” Rm.11:22.

A razão da autoria de Paulo é para cumprir sua comissão como apóstolo para os gentios e a fim de que esses gentios sejam uma oferta aceitável para Deus.

Já não tendo território em que as boas novas ainda não haviam sido proclamadas, Paulo deseja satisfazer seu anseio de visitar Roma e de lá ir à Espanha, depois de primeiro viajar a Jerusalém com uma contribuição, para os santos, enviada pelos irmãos da Macedônia e da Acaia.

Paulo cumprimenta vários crentes por nome, incentivando os irmãos a evitar os que causam divisões e também a ser sábios no que diz respeito ao que é bom.

O tema da epístola é a pecaminosidade universal dos homens e a graça universal de Deus, a qual proporciona um caminho pelo qual os pecadores podem ser perdoados e também restaurados à perfeição e a santidade. Este "caminho" é a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morreu, ressuscitou e vive eternamente para reconciliarmos e restaurar-nos.

Quando Paulo escreve esta epístola, sua mente está cheia dos problemas que surgiram em seus conflitos com os judaizantes. Ocupa-se das questões básicas, e lhes dá resposta mediante uma apresentação ampla de todo o problema do pecado e do plano de Deus para defrontar a essa emergência. Paulo mostra em primeiro lugar que todos os homens -judeus e gentis- pecaram e continuam afastados do glorioso ideal de Deus (cap. 3: 23). Não há desculpa para este afastamento, pois todos -judeus e gentis, sem exceção- receberam algum grau de revelação da vontade de Deus (cap. 1: 20). Portanto, todos estão, com justiça, sob condenação. Ademais, os pecadores são completamente impotentes para liberarem-se por si mesmos dessa situação, pois em sua condição depravada lhes é absolutamente impossível obedecer à vontade de Deus (cap. 8: 7). As tentativas legalistas de obedecer à lei divina não só estão condenados ao fracasso, senão que também podem ser evidência externa de uma arrogante rejeição gerada pela justiça própria de não reconhecer a debilidade do homem e sua necessidade de um Salvador . Só Deus mesmo pode proporcionar remédio, e isto o fez mediante o sacrifício de seu Filho. Tudo o que se pede do homem caído é que exerça fé: fé para aceitar as condições necessárias para perdoar seu passado pecaminoso, e fé para aceitar o poder que se oferece para levá-lo a uma vida de retidão.

Este é o Evangelho de Paulo tal como se desenvolve na primeira parte da epístola. Os capítulos restantes se ocupam da aplicação prática do Evangelho a certos problemas que têm que ver com o povo escolhido e com os membros da igreja cristã.

Um esboço sugestivo do livro pode ser traçado da seguinte forma:

Tema chave: A justiça (Retidão) de Deus

Verso chave: Romanos 1:17

I. INTRODUCÃO—1:1–17

II. PECADO —JUSTIÇA REQUERENTE — 1:18–3:20

A. Os Gentios culpados—1:18–32

B. Os Judeus culpados—2:1–3:8

C. O mundo todo culpado—3:9–20

III. SALVAÇÃO—JUSTIÇA DECLARADA—3:21–5:21

A. Justificação declarada—3:21–31

B. Justificação ilustrada em Abrãao—4

C. Justificação explanada em Adão—5

IV. SANTIFICAÇÃO—JUSTIÇA DEFENDIDA—Capítulos 6–8

A. Vitória—a carne—6

B. Liberdade—a Lei—7

C. Segurança—o Espírito—8

V. SOBERANIA—JUSTIÇA DECLINADA— Capítulos 9–11

A. Riquezas passadas de Israel—9

B. Rejeição presente de Israel—10

C. Restauração future de Israel—11

VI. SERVIÇO—JUSTIÇA DEMONSTRADA—12:1–15:7

A. No corpo da Igreja—12

B. Na sociedade—13

C. Para o fraco que crer—14:1–15:7

VII. CONCLUSÃO—15:8–16:27

Concluímos, portanto que o objetivo deste estudo foi proporciona de forma breve uma visão do livro de Romanos, um dos escritos mais importantes e essenciais a compreensão no Novo Testamento. Neste livro encontra-se entre outros temas, o poder do pecado, qual o papel da lei no plano da redenção, como também o processo da salvação e o poder de Deus em ação, sempre a favor do ser humano.

Para ampliação deste material, sugere-se um estudo sobre alguns capítulos do livro de Romanos, entre eles o capítulo sete e o tema de Israel, dentro do contexto da mensagem do Novo Testamento.

Nunca pode se perder de vista que neste livro, o objetivo de Paulo é mostrar o evangelho, que é o poder de Deus para todo aquele que crer; seja ele judeu ou gentio, pois todos pecaram e carecem da glória, misericórdia e perdão vindo de Deus. O arrependimento do ser humano é a única forma de ele atingir a este objetivo proposto pelo apóstolo. Sendo assim, a entrega completa do ser a Deus, deve ser o objetivo central de cada pessoa, pois este é um dos passos dados ao encontro da salvação.