1º Quaresma “Cheio do Espírito Santo”

1º Quaresma

“Cheio do Espírito Santo”

Palavra da Liturgia – Lucas 4, 1 a 13

Entramos no Tempo da Quaresma, tempo de reflexão, arrependimento e conversão. Na quaresma somos todos chamados para o deserto, para um confronto conosco mesmo, com Deus e com o próximo e os bens materiais. Somos chamados a despirmos do homem velho e transformarmos no homem novo, revestirmos de Deus.

Por isso a leitura nos apresenta Jesus cheio do Espírito Santo sendo levado ao deserto e sofrendo as três tentações que nós todos passamos pela vida:

A tentação do ter: “Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães”. Somos tentados a acumular bens sobre bens. Nunca a sociedade correu tanto atrás de matéria e bens como tem corrido ultimamente. Nunca a sociedade esteve tão pobre e vazia do bem maior e mais precioso que é o amor e o respeito pelo próximo e pelo meio ambiente. A ganância materialista que leva ao consumismo ambicioso além de gerar uma diferença enorme entre ricos e pobres, dificultando a criação de uma sociedade justa; tem levado também a um suicídio coletivo pelo esgotamento dos recursos e as conseqüências dos graves problemas ecológicos, entre outros, a contaminação do meio ambiente.

Para esta tentação Jesus deu uma resposta ao demônio: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Não é o ter desenfreado que sustentará a felicidade de um homem. Mas sentimentos bons fazem de alguém uma pessoa rica e possuidora de algo realmente bom para oferecer. Estes sentimentos só podem partir da boca de Deus que sopra sobre nós o Espírito de fraternidade, solidariedade, amizade, santidade...

A tentação do ser: “Se és o Filho de Deus, lança-te abaixo...”. Todos são tentados a querer ser alguém que todos respeitem. Um cidadão é respeitado pelo que ele é. Somos tentados a nos graduar na sociedade para dizer que somos alguma coisa. Com isso vamos abandonando as coisas simples e mais importantes da vida e nos esvaziando cada vez mais da presença de Deus.

Para esta tentação Jesus deu uma resposta: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Quanto mais a pessoa se sente importante mais se afasta da presença de Deus e menos compreende o quanto é mortal e miserável. Esta sociedade hipócrita que valoriza status e posições e abandona tantos dons não proporcionando igualdades a todos.

A tentação do poder: “Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares”. Todos nós sofremos a tentação de manipular os outros para fazerem nossas vontades. Manipulamos muitas vezes as atitudes daqueles que estão ao nosso redor com o intuito de ser servido e amado. Dificilmente amamos, perdoamos, acolhemos o próximo. Temos procurado o poder que passa e desprezado o poder que permanece, ou seja, o poder que deve ser usado para servir.

Para esta tentação Jesus dá a resposta: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”. Servir e adorar a Deus são antes de qualquer coisa o amor ao irmão que está ao nosso lado sem esperar nada em troca, desprendido de qualquer dívida do outro e de qualquer prestígio ou elogio que possamos receber por ter aprendido a amar sem escravizar quem foi amado.

Portanto nesta quaresma tenhamos a coragem de olhar as três dimensões do pecado que nos cercam: Ter, Ser e Poder. E como proposta de enfrentamento a estes pecados a Igreja oferece outro aspecto que deve ser salientado e que vale para abrir toda a Quaresma.

São as três coisas: oração, jejum e esmola que resumem o triângulo essencial das preocupações espirituais do cristão. A saber: na relação com Deus: oração; na relação consigo próprio: jejum; na relação com o próximo: esmola.

Com a esmola enfrento a tentação do ter dispondo do que tenho a quem mais necessita, ou seja, a partilha dos bens; com a oração enfrento a tentação do ser colocando-me humildemente diante de Deus Pai reconhecendo que não sou nada e que Deus é tudo e razão maior da minha vida; com o jejum enfrento a tentação do ser, pois é o símbolo da relação conosco, no que cristãmente implica renúncia ou autodomínio que nos leva fazer uso dos bens terrenos com liberdade transformando o nosso ser desfigurado em um ser renovado.

Agindo desta forma estaremos cheios do Espírito Santo!

Gilberto Ângelo Begiato

http://gilbertobegiato.blogspot.com.br/

Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 11/02/2013
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