A FÉ
Opinião


Há tantas palavras extensas, frases longas, textos extensos e até livros, tudo para dar sentido, para explicar, para ensinar o que vem a ser fé.

Mas nada é mais auto-explicativo que a palavra “Fé”. Uma palavra tão curta, mas que resolve tudo e solucionada tudo.

Independente da crença ou religião, essa palavrinha vem fazendo verdadeiros milagres desde os mais remotos tempos.

Foram criados tantos artigos, tantos desmembramentos que já somam milhões e tudo para explicar como funciona a fé, ou como usá-la, como colocá-la em prática, como se fosse um segredo guardado a sete chaves.

Várias explicações e várias formulas foram inventadas, porém tudo para complicar a simplicidade da palavra fé. Varias religiões e crenças surgiram, cada uma dando sua formula mágica para a fé.

Na Bíblia, no livro de Hebreus, capítulo 11, versículo 1, está escrito:
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.”

Fé é isso é acreditar com certeza em algo, sem permitir que a dúvida atrapalhe. A própria fé já é a prova daquilo que se deseja, se espera, mas não estamos vendo.

A fé e seu milagroso resultando independe da religião, pois em qualquer cultura, em qualquer parte do mundo, quando uma pessoa pratica a fé inabalável o resultado esperado acontece, seja ele qual for, com alguma limitação.

Fé não é algo espiritual, fé é certeza, é realização, é resultado.

Fé é um ato de segurança, de determinação, de coragem. Fé não funciona onde existe a dúvida. Assim como o contrário de escuro é claro, o contrário de amor é ódio, o contrário de fé é dúvida.

Nunca, jamais, algo que se deseja se realizará, mesmo que tenha toda a fé do mundo, se houver uma pontinha de dúvida.

Cada um tem a sua religião, cada um tem a sua concepção de vida eterna, mas independentemente disso a fé pode ser praticada e apresentar o resultado desejado.

Há quem diga que se o sujeito rezou pedindo algo a um santo e foi atendido é porque o inimigo (satanás) que o fez, pois só Jesus pode interceder. Já outro pode dizer que o santo o atendeu. Se essa mesma pessoa tivesse orado a Deus teria que pedir em nome de Jesus e não diretamente a Deus, assim pensam os evangélicos.

A fé é independente e está associada a um poder incrível, sendo na maioria das vezes pessoal, mas muitas vezes dependente do coletivo.

Exemplo: Eu posso ter fé e orar, rezar ou apenas acreditar que ficarei curado de alguma enfermidade. A cura se estabelecerá ou não dependendo do meu grau de fé e de dúvida, independente de como eu a pratique (religião). A verdade é que o ser humano não acredita em sua própria capacidade de cura e por isso tem mais convicção ao acreditar em algo sobrenatural.

Se isso não fosse um fato real, apenas os ensinamentos de uma única religião permitiriam a realização do desejo por meio da fé. Há países onde não há conhecimento do ensino evangélico, católico ou islâmico e nem por isso deixa de ocorrer aquilo que chamamos de milagre, pela força da fé.

Os casos em que a fé depende do coletivo é quando desejamos algo, por exemplo, como a cura de uma terceira pessoa. Ai sim entra com mais impacto a fé inteligente e composta (coletiva), pois não se trata de uma alteração em nosso próprio corpo ou em uma situação que dependa essencialmente de nossa ação. Obter o que chamamos de milagre, em benefício a outrem, exige um grau de fé muito maior, além da ação necessária.

Exemplo: Não se pode pela fé desejar que uma pessoa se cure de uma grave infecção sem que essa seja levada ao médico, pois a cura pode ser uma questão física e de atitude e não apenas e tão somente do exercício da fé.

Já se há algum problema já tratado e não solucionado por nenhum meio tradicional nesse caso sim, tudo dependerá da fé, mas não apenas e tão somente da fé única, mas sim e também da fé de quem precisa receber a cura, mas resta saber se essa pessoa realmente deseja a cura e acredita nela, mesmo que inconsciente. Daí a importância da fé compartilhada.

Na fé compartilhada normalmente além de acreditarmos, termos fé, ainda fazemos a pessoa que necessita acreditar na mesma coisa. São nesses momentos que entra aquilo que chamamos de pensamento positivo, onde dizemos para a outra pessoa:

- Pode ter certeza que você vai ficar boa.
- Tenha certeza que você vai resolver esse problema.
- Acredite, aquele empreso é seu.

É importante que esse pensamento positivo seja na verdade uma fé sem dúvidas, tanto da pessoa que pratica a fé em benefício do outro, como do próprio outro.

Devemos separar bem o que é possível pela fé e o que é impossível mesmo pela fé.

Se um sujeito é cortado ao meio numa linha de trem, se dividindo em duas partes distintas e separadas não há fé humana que resolva, e não se tem conhecimento de nenhum tipo de fé realmente comprovada, que permita que essa pessoa volte a viver normalmente, com suas duas partes unidas.

A realização da fé infelizmente sofre limitações, se não fosse assim haveria pessoas que não morreriam, dada a fé de seus entes queridos, mas todos nós sabemos que vamos morrer um dia.

Para uma pessoa vencer a morte física seria necessário ter a fé perfeita, onde sua vontade seria totalmente realizada, em qualquer circunstância. Mas para isso não poderia existir a dúvida, pois essa retira o poder absoluto da fé. Todos nós seres humanos durante a vida somos ensinados e orientados a acreditar que vamos morrer fisicamente um dia, talvez com 70, 80, 100 anos ou pouco mais.

Talvez se desde criança fossemos condicionados a acreditar que não morreremos, e durante o crescimento e toda vida tivéssemos certeza absoluta desse fato, pode ser que a morte física seria vencida. Se não há nenhuma pessoa que tenha vencido essa barreira é porque nunca foi praticada a fé absoluta.

Por outro lado, mesmo com toda a fé, talvez nem seja possível evitar a morte, dada a característica biológica da vida, onde o oxigênio nos oxida e nos envelhece, tanto é que os animais também morrem. Pelos estudos já realizados supõe-se que sejam irracionais, e por essa razão nem saibam quanto a questão de ter ou não ter fé. Uma vez supondo que os animais não acreditam na própria morte não deveriam morrer, exceto se a morte for realmente um fator biológico irreversível.

Não se conhece nenhum caso de alguém que tenha morrido e voltado a viver, exceto nas citações bíblicas, as quais foram colhidas numa época de pouca cultura, muito misticismo, muita ignorância, onde pouquíssimas pessoas dominavam a leitura e a escrita. E por serem poucos, obviamente que detinham o poder de formadores de opinião, tudo isso tendo mais peso ainda por influência da igreja, a qual exercia um papel ditatorial, levantando a bandeira da punição pela desobediência.

É prudente que a Bíblia seja estudada sempre lembrando como foi constituída, a época, as circunstâncias, a história, os meios de comunicação, os critérios na seleção dos autores e escrituras e as autoridades religiosas envolvidas na escolha dos livros que a compõe. Não deixando de acreditar, mas também não acreditando cegamente em tudo. Prova disso são as versões diferentes existentes, onde cada religião defende sua tese.

Desde a origem da civilização, com base em tudo que nos foi apresentando em termos de conhecimento e cultura, inclusive religiosa e biológica, um fato é incontestável: A fé funciona, a fé faz até o que muitos chamam de milagre, mas acreditando ou não a fé tem a limitação da vida, porém tem o poder de prorrogar a morte, mas nunca de evitá-la.

Como uma espécie de conforto nos foi deixado como herança a ideia da vida eterna, e como não poderia ser diferente, fica totalmente a critério da fé, acreditar ou não nela.

Não acreditar totalmente em tudo que se ouve ou lê não é falta de fé, mas sim discernimento, pois para qualquer dirigente ou lider, seja religioso ou político, o ideal é a ignorância, o fanatismo e a fé sem base e sem questionamentos.
Claudio Cortez Francisco
Enviado por Claudio Cortez Francisco em 11/03/2013
Reeditado em 11/03/2013
Código do texto: T4182198
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