HOMILIA PE. ÂNGELO BUSNARDO: CORPUS CHRISTI.

CORPUS CHRISTI

30 / 05 / 2013

Gn.14,18-20 / 1Cor.11,23-26 / Lc.9,11b-17

Qualquer pessoa pode transformar a terra em pão, fazendo assim a sua própria multiplicação dos pães. Basta que prepare um campo. Coloque a semente na terra, arranque eventuais ervas que nascerem no campo. Colha o trigo maduro, o transforme em farinha e faça o pão. Toda comida que comemos é terra transformada em alimento. Todos os elementos que formam o pão estavam antes na terra. Portanto, o pão nada mais é do que terra transformada em alimento. Para transformar parte de um campo em pão, nós precisamos de aproximadamente seis meses. A transformação da terra em pão acontece sem que se possa constatar de forma visível: 26 E dizia: “O reino de Deus é como um homem que joga a semente na terra. 27 Quer ele durma ou vigie, de dia ou de noite, a semente germina e cresce sem que ele saiba como. 28 É por si mesma que a terra dá fruto, primeiro vêm as folhas, depois a espiga, em seguida o grão que enche a espiga. 29 Quando o trigo está maduro, mete-lhe logo a foicinha, pois é tempo da colheita” (Mc.4,26-29).

Quando Jesus fez a multiplicação dos pães não criou o pão do nada, Ele transformou parte do solo onde se encontrava em pão sem que as pessoas presentes pudessem constatar. Se Jesus tivesse criado o pão sem usar a matéria existente teria aumentado o volume de matéria no universo e invadido a função do Pai, porque o criador é o Pai. Ao multiplicar os pães, Jesus suprimiu um processo que o homem leva aproximadamente seis meses para concluir.

Quando Jesus comia pão e bebia vinho, o pão e o vinho ingeridos levavam algumas horas para se transformar na carne e sangue de Jesus de modo natural sem milagre. Na última ceia, Jesus transformou o pão e o vinho na carne e sangue dele instantaneamente sem ingeri-los. Nisto está o milagre da Eucaristia: o pão e o vinho são transformados em carne e sangue instantaneamente e fora do estômago. Ao fazer a multiplicação dos pães, Jesus suprimiu um processo que a natureza leva meses para realizar. Ao transformar o pão e vinho na sua carne e sangue fora do estômago, Jesus suprimiu um processo que a natureza leva apenas horas para realizar.

A aparência do pão e do vinho não muda. Com os olhos da carne não podemos ver a diferença entre uma hóstia antes da consagração e depois da consagração. Jesus manteve a aparência de pão e vinho em respeito à nossa natureza. Se a hóstia consagrada virasse um homem vivo do tamanho de um comprimido que pudesse passar pela nossa garganta, sabendo que, ao ser ingerido, aquele minúsculo homem irá morrer, alguém poderia ter repugnância e não o engoliria. Mas realmente, ao engolir uma hóstia consagrada, engolimos o próprio Jesus ressuscitado, corpo, sangue, alma e divindade. Jesus morre dentro de cada pessoa que comunga assim que o sistema digestivo do indivíduo destrói a forma de pão.

A missa é um sacrifício. Não há sacrifício sem morte. Se numa missa ninguém, nem mesmo o celebrante, comungasse não seria missa porque não haveria sacrifício. Ao morrer na cruz, Jesus derramou seu sangue na terra e produziu os méritos infinitos com os quais todos podem se salvar. Ao consumir uma hóstia consagrada, o sangue de Jesus é derramado dentro da pessoa que comungou e os méritos que Jesus produziu ao morrer na cruz são trazidos para dentro da pessoa para a sua salvação.

A Eucaristia é indispensável para a salvação: 53 Jesus lhes disse: “Na verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo.6,53-54). Se Jesus tivesse dito apenas “aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” poderíamos dizer que este é um meio para obter a salvação, mas que poderia haver outros. Como afirmou também que quem não come a carne e não bebe o sangue dele não tem a vida, Jesus exclui que, em situações normais, alguém possa se salvar sem a Eucaristia. Os justos do Antigo Testamento, que não tiveram acesso à Eucaristia, evitaram a condenação mas permaneceram na mansão dos mortos e entraram no céu somente no dia da ressurreição junto com Jesus: 19 E neste mesmo Espírito foi pregar aos espíritos que estavam na prisão (mansão dos mortos) (1Pr.3,19). Para que os justos do Antigo Testamento pudessem entrar no céu, o próprio Jesus precisou descer à mansão dos mortos como afirma o creio em Deus Pai.

A Eucaristia que Jesus instituiu para salvar pode ser transformada num instrumento de condenação: 27 Assim, pois, quem come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo e então coma do pão e beba do cálice; 29 pois aquele que, sem discernir o corpo [do Senhor], come e bebe, come e bebe sua própria condenação (1Cor.11,27-29). Antes de receber a Eucaristia, o indivíduo deve ter recebido um batismo válido e estar em estado de graça. Quem recebe a Eucaristia em pecado mortal comete um sacrilégio, isto é transforma Jesus num instrumento de condenação. Quando os sacerdotes de Jerusalém, o sinédrio, Judas e Pilatos condenaram Jesus à morte na cruz, o transformaram num instrumento de salvação. Quando o papa, cardeais, bispos e padres conscientemente dão a Eucaristia a pessoas que estão em pecado mortal transformam Jesus num instrumento de condenação e cometem um pecado maior do que aquele cometido pela quadrilha que condenou Jesus à morte na cruz em Jerusalém.

Não é apenas o “sem vergonha” que comunga em pecado mortal que irá para o inferno, junto com ele irá para o inferno também o eclesiástico que o induziu a cometer o sacrilégio. Quem assinou a sentença de morte de Jesus foi Pilatos. Mas Jesus disse que aquele que o induziu a assinar a a sentença de morte cometeu um pecado maior do que Pilatos: 11 Jesus lhe respondeu: “Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior” (Jo.19,11). Perante Deus, a autoridade eclesiástica é superior (mais alta) que a autoridade política. Aquele um do alto que prendeu e entregou Jesus a Pilatos foi o sumo sacerdote e este cometeu um pecado maior do que aquele cometido pelo próprio Pilatos. Se não se arrependeram posteriormente, tanto Pilatos como a quadrilha que o induziu a assinar a sentença de morte está no inferno. Mas os membros da quadrilha que condenou Jesus estão no inferno a uma temperatura mais alta do que o próprio Pilatos.

Código : christi17

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 27/05/2013
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