O SÁBADO NÃO É SOMBRA DAS COISAS QUE HAVERIAM DE VIR

“O sábado foi instituído por Deus para que o povo não se esquecesse dEle. Acontece que o sábado era uma sombra do que viria mais tarde. O que antes era guardado uma vez por semana, é hoje guardado todos os dias, pelos cristãos fiéis, que têm o Espírito de Deus! O sábado não é mais uma ordenança, e sim um estilo de vida usufruído por nós cristãos”.

– Proposição de José Luis, do Seminário de Teologia I.B.N.

Seria possível ao sábado de Êx. 20:8-11 ser uma sombra das coisas que haveriam de vir; ele seria um símbolo no ritual do Santuário e no Plano da Salvação (Col. 2:16 e 17)? Seria o Sábado uma forma de Deus nos fazer lembrar dEle (Êx. 20:8)? É possível ver-se os crentes de hoje guardando o sábado todos os dias em seu estilo de vida (Lev. 11, Êx. 20, Deut 5:14, Isa. 58:13,14, Mat. 5, 6 e 7)? Teria Deus estabelecido esse dia para ser guardado durante a semana interia (Êx. 20:9)?

À luz de Isaías 58:13,14 e Deut. 5:14 não podemos considerar como sábados dias cujas práticas são completamente opostas ao propósito do Sábado, que é ser um dia santo, no falar, no pensar e meditar, permanecendo exclusivamente na Santíssima Santidade (que é Deus), descansando na Santidade, sem preocupações egoístas, sem preocupações e cuidados nem para com a própria segurança alimentar, mas confiando tudo à providência de Deus (Luc. 12:16-20). Isto é sábado, não essa invenção para justificar a busca famigerada de muitos crentes (os da Teologia da Prosperidade) por prosperidade material, numa ânsia desenfreada por segurança financeira e egoísmo sem fim que nem um dia a maioria dos lojistas crentes pode dar de descanso para seus servos. Deut. 5:14. Pretendem garantir a segurança material por suas próprias mãos abolindo a Lei de Deus.

O estilo de vida de crentes que pregam a Teologia da Prosperidade é tão fora do propósito do Sábado que seus dias mais sagrados nem de longe lembram o estilo de vida em dias comuns dos guardadores do Sábado, pois em todos os seus dias fazem tudo o que a Lei de Deus mais severamente condena, que é a avareza e falta de amor ao próximo (Mat. 23:23). A maioria nem sequer uma vez no dia estuda um trecho da Bíblia, canta um hino e faz uma oração. A maioria nem sequer agradece pelo alimento antes de tomá-lo à mesa e muitos deles até são tiramos com a esposa e os filhos. As músicas de crente que ouvem em quase nada se diferenciam das músicas mundanas e seus estilos de vida em pouco se diferencia do estilo de vida dos contraventores.

O Sábado do Sétimo Dia jamais foi uma ordenança, mas foi estabelecido na Criação como uma memorial da Criação e de que Deus é o Criador de todas as coisas. O Sábado do Sétimo Dia foi criado para ser uma prática sagrada semanal comum a todos os seres humanos desde a Criação da humanidade (Gên. 2:1-3), quando ainda não havia ordenanças. E aí não existiam judeus ou israelitas, apenas os pais de gregos, romanos, egípcios, japoneses, africanos, celtas, indianos, mongólicos, israelitas, brasileiros, etc.., Adão e Eva.

Em Êxodo 20:8-11, ao dar a Lei, Deus não ditou o Sábado para Moisés, Deus mesmo escreveu com Seu dedo (Deut. 9:10) juntamente como os outros nove mandamentos nas tábuas de pedra da Lei Moral, os Dez Mandamentos, e mandou que Moisés os pusesse dentro da arca, que, de tão sagrada, não podia ser aberta por mãos humanas, a não ser do Sumo Sacerdote quando então estava maximamente investido das prerrogativas de Cristo. E Deus não estabeleceu o Sábado aí, Ele apenas o relembrou (Êx. 20:8), pois Ele já o havia estabelecido na Criação, Gên. 2:1-3.

Os sábados cerimônias (sombras das coisas que haveriam de vir – Cristo e Sua morte), que em suas datas específicas deveriam ser guardados da mesma maneira que se guardava o Sábado da Lei Moral (o do Sétimo Dia), esses sim foram ditados por Deus a Moisés. Esses eram ordenanças e Deus mandou que Moisés os pusesse fora da arca. Quanto ao Sábado do Sétimo Dia, este não é ordenança, é uma obrigação moral, pois está no corpo da Lei Moral (os Dez Mandamentos) e a Lei Moral não é sombra das coisas que haveriam de vir, ela é eterna, ela sempre existiu nos corações dos seres não caídos e é guardada por eles ainda hoje, continuando a ser guardada por toda a eternidade no futuro, por isto não há morte fora da Terra. E Jesus mesmo deu testemunho da eternidade da Lei dizendo que não veio mudar os tempos e a Lei, mas sim cumprir (Mat. 5:17). E Jesus ter cumprido a Lei não nos autoriza a transgredi-la, mas sim nos constrange a seguir Seu exemplo e também cumpri-la.

Mas morrendo na cruz Jesus não cumpriu a Lei, Ele a cumpriu obedecendo-a em cada requisito antes de ir para a cruz, o que O habilitou a nos substituir na cruz. Ele foi para cruz, mas sem culpa alguma Sua e na cruz Ele foi punido por a Lei ter sido descumprida, não por Ele, mas por nós. Ou seja, na cruz Jesus não cumpriu a Lei, Ele satisfez a exigência da Lei para o caso de ela não ter sido cumprida e a exigência da Lei é (ainda hoje) que o transgressor seja morto (Gên. 2:17) e nós (que aceitamos Cristo) o fomos na pessoa de Jesus que assumiu os nossos pecados de transgressão da Lei (I João 3:4), mas Ele não a transgrediu. Quem não aceitar a Cristo é porque não reconhece a gravidade e o poder destrutivo do pecado (que é a transgressão da Lei – I João 3:4). Este pagará com a própria vida por não ter se arrependido de pecar. Quem aceita a Cristo é porque reconhece a gravidade do pecado (que é a transgressão da Lei – I João 3:4), reconhece seu potencial destrutivo e aniquilador a tal ponto que desabilita o pecador o pagar por seus pecados e continuar vivo. Jesus Cristo morreu em seu lugar, mas ele será uma ativa testemunha de quão danoso é o pecado, testemunhando por seu empenho em cumprir a Lei quão justa santa e boa ela é (Rom. 7:12). Aquele, porém, que continua transgredindo a Lei mesmo depois de ter aceitado a Cristo, demonstra não reconhecer quão danoso é o pecado (que é a transgressão da Lei – I João 3:4) e quão imprescindível é o que Cristo fez por nós na cruz, menospreza a iminência da Lei e a importância do sacrifício de Jesus e seguirá a transgredir a Lei, pagando então com a própria vida por transgredir a Lei cuja transgressão tem produzido a morte da natureza, do planeta e da humanidade e requer a morte do transgressor.

Quem menospreza a Lei de Deus, menospreza a forma de Deus de preservar Sua Criação e não está interessado em fazer a sua parte para cessar a devastação e morte, pois é descumprindo a Lei de Deus que fazemos isso.

Por fim, o Sábado não seria jamais uma sombra do que viria mais tarde (Jesus e Seu sacrifício), pois o Sábado não foi criado em um contexto de pecado, para indicar o que viria depois da morte de Cristo, pois o Sábado em Gên. 2:1-3 foi criado e estabelecido no contexto da perfeição, para desfrute e benefício dos seres perfeitos no Jardim do Éden, no Paraíso. Quando o Sábado foi criado e estabelecido não havia pecado, logo, também não havia promessa de Redenção e nem nada simbolizando ou indicando essa Redenção por vir; não havia ainda "sombra alguma do que havia de vir”, pois o sábado foi estabelecido na perfeição e Deus o manteve depois do pecado para que o ser humano pudesse reviver (em gotas) a perfeição, relembrar que ela existe, que foi criada por Deus, revigorar-se nessa perfeição junto a Deus durante todo o dia sabático semanalmente, tentar reproduzir essa perfeição em seu cotidiano comum durante o resto da semana, mas desejá-la e esperá-la plena e completamente na eternidade.

Portanto, quem se esquece do sábado, se esquece da perfeição do Paraíso de onde viemos antes do pecado de nossos primeiros pais. E quem despreza o Sábado, despreza a perfeição que recomeça depois que recebemos a Salvação ao aceitarmos o sacrifício de Jesus Cristo em remissão dos nossos pecados; quem despreza o Sábado, despreza a perfeição na qual iremos evoluindo até chegarmos ao seu ponto máximo no dia da volta de Jesus, quando as pessoas que já tiverem experimentado a perfeição a conta-gotas (como que por espelho) serão transformadas e a desfrutarão em toda sua plenitude no céu, no lugar de perfeição como aquele no qual o Sábado foi outrora inventado e estabelecido (Gên. 2:1-3).

Em resumo, o sábado foi criado na perfeição, para manter a perfeição, para relembrar a perfeição e fazer o ser humano desejar retornar à perfeição. Se abolirmos o sábado, se o deturparmos, aboliremos a perfeição e jogaremos por terra a razão de tudo o que Jesus fez por nós na cruz.

Wilson do Amaral