Ricos e prósperos

RICOS E PRÓSPEROS

Há confusão entre as palavras riqueza e prosperidade. Elas não são sinônimos. Isto não é entendido por algumas Igrejas evangélicas, que incentivam a “teologia da prosperidade” no sentido de amealhar riquezas. Rico é aquele que auferiu bens de forma estranha, honesta ou não, loterias, herança, etc. São Jerônimo foi mais além: “O rico é um injusto ou herdeiro de um injusto”. Na balança da economia social sabe-se que há pobres por causa do excesso de acumulação dos ricos, um escândalo onde há pobres cada vez mais pobres por causa de ricos cada vez mais ricos. Jesus disse “Ai de vocês, ricos”, mas nunca criticou os prósperos. O apóstolo Tiago denunciou:

E agora vocês, ricos: comecem a chorar... suas riquezas

estão podres, suas roupas foram roídas pela traça; o ouro e

a prata de vocês estão enferrujados (Tg 5, 1-6).

No grego, a expressão rico aparece como ploutos, alguém que tem um plus, ou seja, quem tem demais. Já o verbete próspero surge como eutixes, feliz, que o torna diferente de rico. A pobreza é um mistério. A cristologia nos revela que Jesus Cristo subvertia as coisas: os pobres é que são felizes, o Reino é dos pequenos, em superveniência ao dinheiro dos ricos, à força dos poderosos, ao saber dos intelectuais e à santidade dos “escolhidos”. Há uma frase interessante de Gustavo Gutiérrez:

Se a pobreza é contrária à vontade do Deus da vida, Lutar

contra a pobreza é uma forma de dizer sim à instauração do

Reino de Deus (in: El Diós de la vida).

De outro lado, orar a Deus pedindo prosperidade é um ato salutar, natural e, sobretudo legal. A prosperidade é vista como um desenvolvimento, da pessoa ou da sociedade, no sentido mais amplo. Não se trata apenas de amealhar riquezas ou bens. O indivíduo próspero adquire conceito, cresce em suas relações, finanças, vida familiar e comunhão em geral. Enquanto o rico só busca juntar dinheiro e assim superar e suplantar os outros, o próspero anseia por um crescimento integral. Prosperar implica em não se contaminar. A riqueza por suas características de coisa efêmera e tendente à injustiça, nos reserva pouca credibilidade para a hora decisiva:

Não confie nas riquezas injustas; elas não o ajudarão no dia

da desgraça (Eclo 5,8)

Se as Escrituras denunciam o rico como explorador, insaciável e egoísta, vemos que o indivíduo próspero é aquele que vive satisfeito com o que tem, reparte com os necessitados e não cansa de louvar a Deus por aquilo que possui. O avarento tem no seu insano desejo de acumular uma demonstração de falta de fé. Como não sabe se Deus vai suprir suas necessidades, ele poupa. Já o próspero não. Ele crê na providência de Deus: Yahweh jireh (Deus proverá)!).

Na minha oração diária peço, para minha família e amigos, saúde, proteção, prosperidade, fé, paz e senso de justiça. Amém!