Homilia Pe. Ângelo Busnardo -XVIII Dom. Comum (A Imortalidade da Alma)

XVIII DOMINGO COMUM

04 /08 / 2013

Ecl.1,2;2,21-23 / Cl.3,1-5,9-11 / Lc.12,13-21

Somos um composto de alma e corpo. A alma é imortal e, obviamente, muito mais importante do que o corpo. Mas, na vida presente, todos dedicam mais tempo e esforços para cuidar do corpo do que da alma. Muitos, apesar de possuir uma alma, a ignoram. Para proteger, embelezar e cuidar do corpo são feitos muitos sacrifícios. Enquanto o indivíduo pode trabalha e estoca dinheiro e bens matérias que servem somente para o corpo. Tudo isto, não passa de uma grande ilusão, porque, com a morte do corpo, tudo aquilo que foi estocado para o corpo se torna inútil: 1 Sentenças de Coélet filho de Davi, rei de Jerusalém. 2 Ilusão, pura ilusão – diz Coélet – ilusão, pura ilusão! Tudo é ilusão (Ecl.1,1-2).

O homem inteligente e esforçado no trabalho, em geral, é bem sucedido e prestigiado pela sociedade. No fim da vida, após muito trabalho, consegue acumular uma quantidade de bens materiais superior a aquela que ele realmente precisa: 20 E acabei por desenganar-me de todo o trabalho com que me afadiguei debaixo do sol, 21 porque um homem que trabalhou com conhecimento, perícia e bom êxito, vê-se depois obrigado a deixar tudo em herança a outrem que em nada colaborou. Também isso é ilusão e grande desgraça. 22 Em verdade, o que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o afadigam debaixo do sol? (Ecl.2,20-23). Quando o homem conseguiu acumular uma quantidade de bens materiais e dinheiro que lhe permite levar uma vida tranquila, a vitalidade do corpo diminuiu muito e já não pode fazer muitas coisas que sonhava fazer quando era jovem e a saúde não lhe permite nem mesmo comer todos tipos de alimento que gosta: possui muito dinheiro, mas não tem condições de usufruir dele, além de estar já perto da morte.

Jesus nunca assumiu algum cargo no governo ou na igreja da época que lhe desse autoridade para resolver questões familiares ou financeiras. Apesar disso, Jesus tinha muito prestígio entre o povo e alguém quis usar o prestígio dele para resolver um problema familiar: 13 Disse-lhe então alguém da multidão: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lc.12,13). Jesus lhe respondeu que não tinha vindo ao mundo para resolver problemas materiais: 14 Jesus lhe respondeu: “Moço, quem me colocou como juiz ou partidor entre vós?” (Lc.12,14). Com a parábola do homem que acumulou muitos bens materiais e, antes de começar a usufruir deles, morreu, deixando tudo para os outros, Jesus ensinou ao indivíduo que lhe tinha proposto de intervir na partilha dos bens da família e aos demais que o corpo morre, tornando inútil tudo o que foi acumulado durante a vida: 20 Deus, porém, lhe disse: ‘Insensato! Ainda nesta mesma noite tirarão a tua vida, e para quem ficará tudo que acumulaste?’ 21 É o que acontece com quem ajunta tesouros para si e não é rico diante de Deus” (Lc.12,20-21).

O personagem da parábola não errou por ter trabalhado com inteligência e esforço para produzir bens materiais. Ele errou por ter canalizado todo o tempo e as energias para produzir bens que serviam somente para o corpo, chegando no fim da vida com o corpo rico e a alma pobre. Se ele tivesse usado a inteligência, o esforço e parte do seu tempo para enriquecer espiritualmente, a sua alma estaria pronta para se apresentar ao juízo de Deus e, com um testamento, teria podido usar os próprios bens materiais que sobraram para fazer caridade e enriquecer ainda mais a alma. Como ele se preocupou somente com o corpo, a alma chegou perante Deus na miséria enquanto o corpo apodreceu na riqueza.

O pecado cometido por Adão e Eva provocou de imediato a perda do sopro que Deus tinha infundido em Adão logo após criá-lo que Jesus chama de “vida eterna” (Cf.Jo.6,54) e submeteu o primeiro casal e todos os seus descendentes à morte física. Para nos salvar, precisamos primeiro recuperar o sopro de Deus durante esta vida, isto é, passar pela primeira ressurreição: 4 Vi tronos e pessoas sentadas e foi-lhes dado o poder de julgar, e vi as almas dos que tinham sido degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e todos os que não haviam adorado a besta, nem sua imagem e não tinham recebido a marca na fronte ou na mão. Receberam a vida e reinaram com Cristo mil anos. 5 Os outros mortos não voltaram a viver antes de terminarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. 6 Felizes e santos os que tiverem parte na primeira ressurreição. Sobre eles não terá força a segunda morte. Serão sacerdotes de Deus e de Cristo e com ele reinarão por mil anos (Ap.20,4-5).

São Paulo diz que os colossenses já tinham ressuscitado: 1 Se fostes, pois, ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto onde Cristo está sentado à direita de Deus (Cl..3,1). Pelo batismo, os colossenses se tornaram filhos adotivos de Deus e pela Eucaristia recuperaram a vida eterna, o sopro que Deus infundira em Adão e que ele e Eva perderam ao cometer o primeiro pecado. Esta é a primeira ressurreição. A primeira ressurreição é mais importante do que a ressurreição da carne que acontecerá para todos, condenados e salvos, no último dia, com a diferença que os salvos recuperarão o corpo para o céu e os condenados recuperarão o corpo para ir para o inferno: 25 Na verdade eu vos digo: vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. 26 Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter a vida em si mesmo. 27 E deu-lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,25-29).

Como Adão e Eva perderam o sopro de Deus pelo pecado, também aquele que recuperou o sopro de Deus pelos sacramentos pode perder a graça de Deus pelo pecado mortal. Por isto, quem está vivo em Cristo deve observar tudo aquilo que Ele ensinou para permanecer com ele: 2 Pensai nas coisas do alto e não nas coisas da terra. 3 Estais mortos e vossa vida está oculta com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo, vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória (Cl.3,2-4). Quem não submete o próprio corpo à disciplina e se entrega aos prazeres mundanos perde o fruto da primeira ressurreição e deixa de ser filho adotivo de Deus: 5 Mortificai vossos membros terrenos: a prostituição, a impureza, a paixão, a má concupiscência e a cobiça de possuir, que é uma espécie de idolatria (Cl.3,5).

Código : domin850

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 31/07/2013
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