25º COMUM ANO C “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”
25º COMUM ANO C
“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”
Palavra da Liturgia – Lc 16, 1-13.
Meditemos nesta liturgia a confiança em Deus e a honestidade que precisamos ter.
A palavra é um pouco complicada e de certa forma assustadora num primeiro momento. Parece que existe um elogio à maneira brasileira de arrumar um “jeitinho” pra tudo. A lei da vantagem, dos mais espertos é algo aceitável?
A palavra fala do administrador infiel que roubava seu patrão, que por isso seria despedido e para tanto este administrador infiel vai logo ao encontro dos devedores de seu patrão e espertamente abate as dívidas dos devedores, com isso tenta ganhar a confiança deles para quando ficar desempregado e passar fome tenha quem o acolha em sua casa. O patrão fica admirado com a esperteza do administrador e diz:
“Os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes”.
Então emitamos os filhos do mundo, certo? Errado! Cuidado com a interpretação que às vezes fazemos da palavra para justificar certas atitudes imorais que cometemos.
Primeiro ninguém contrataria em sã consciência, um ladrão para estar perto dele a não ser que seja tanto quanto. Segundo a atitude do administrador infiel foi admirado não com louvor pelo patrão, mas com surpresa. Tanto é certo que o patrão não quis manter em seu quadro de funcionários um empregado desonesto. Nem Deus quer que os filhos da luz imitem os “espertos” que usam da má fé para prejudicar o outro.
Temos que ter em mente que “o fim não justifica os meios”. Posso até conquistar uma obra maravilhosa, uma estrutura de admirar cujo fim é até bom, mas se usei um meio ilícito estou pecando e prejudicando com certeza muita gente com esta atitude. Por exemplo, dinheiro público desviado e usado para “fazer agrado” ou para uma obra boa, pode deixar muita gente sem moradia, sem educação, sem o que comer, ou seja, sem os direitos básicos que todo cidadão tem direito. Não é justo e honesto usar dinheiro desviado para benefício próprio ou para qualquer obra que seja.
Por isso Jesus disse: “Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes”.
Terminando Jesus cita a frase central deste evangelho: “Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Jesus se refere a ganância em torno do dinheiro. Ganância que leva as pessoas se distanciarem das coisas pequenas e cotidianas da vida como o carinho e atenção aos filhos, o partilhar com os que não tem nada, o amor à família que não se conquista com luxo e sim com o carinho e atenção, o respeito pelo sagrado, o tempo para diversão e descanso, etc. Principalmente o tempo para Deus. Quem não tem tempo para Deus é alguém que com certeza vive perdendo seu tempo.
Tudo isso foi legado ao segundo plano por uma sociedade consumista onde o “Capetalismo” é um sistema onde predomina a ganância e o egoísmo. O Comunismo um sistema ateísta e que só funciona para poucos. O cristianismo nos ensina que devemos partilhar; Cristo se deu a todos morrendo numa cruz solidarizando com nossas dores nos dando um grande exemplo de que a melhor maneira de servir e administrar os bens é agir pelo bem comum.
Portanto ser Cristão não é acumular bens e estruturas. Não é confiar no dinheiro como valor absoluto. Ser cristão é seguir os exemplos de Cristo que amou e morreu pelo bem comum. Somos chamados por Deus para viver a totalidade da vida cristã ajudando a construir uma sociedade justa e fraterna. A nossa felicidade depende mais do que temos na nossa alma, do que em nossos bolsos. O dinheiro é uma felicidade humana subjetiva; por isso aquele que já não é capaz de apreciar de forma objetiva a verdadeira felicidade humana, dedica-se completamente a ele.
Pedimos a Deus neste dia que nos livre das amarras de ouro para viver livremente a riqueza do amor.
Gilberto Ângelo Begiato
http://gilbertobegiato.blogspot.com.br/