27º COMUM ANO C “Aumenta-nos a fé”

27º COMUM ANO C

“Aumenta-nos a fé”

Palavra da Liturgia – Lc 17, 5-10.

Estamos diante de uma palavra desafiadora e ao mesmo tempo questionadora; principalmente porque temos visto muita gente reduzir a ousadia e a fé pelas quantidades de obras e estruturas que o rodeiam.

Nunca se falou tanto em prosperidade como temos ouvido falar ultimamente, e pobremente se tem medido o tamanho da fé pelo tamanho da obra. Muitas obras de Deus têm passado despercebidas em nosso meio pelo simples fato de que estas obras optaram pela santidade e não pelas aparências. Por isso foi tão difícil entender São Francisco de Assis.

Os apóstolos se aproximam de Jesus e com a mentalidade humana, pediram inspirados numa sociedade do ter, que Deus aumentasse sua fé.

Não sou teólogo, mas acredito que a fé não tem medida. Mas se existe uma medida, penso que é o amor. O crescimento está na maturidade cristã, e não na fé. Tendo a fé, teremos todas as características de maturidade.

Nesta sociedade do ter e das aparências temos sofrido constantemente a tentação de querer mostrar o poder de Deus pela quantidade de bens que possuímos. Pobre de nós que não entendemos que o Reino de Deus é como um grão de mostarda, uma semente pequenina que por sua vez cresce como uma árvore grande chegando a medir três metros de altura. A mostarda na Palestina crescia às vezes no meio do mato por pura gratuidade de Deus. Portanto não falta nada no dom da fé e sim em quanto eu estou disposto a comprometer-se com o que realmente significa ser cristão.

Não conseguimos enxergar os grãos de mostardas derramados por Deus em nosso meio. Temos focado nossa “fé” em coisas que não são de Deus e por isso temos mais escandalizado do que convencido.

Nas comunidades e grupos que andei percebi que aquelas pessoas mais santas e humildes não se destacam, pois fazem a caridade e o acolhimento dos irmãos que chegam com um abraço e um sorriso descomprometido com estruturas e dinheiros. Para sustentar obras faraônica e totalmente desproporcionais à vida que Jesus Cristo teve aqui na terra, temos perdido o foco da real importância da Fé.

Quase sempre as maneiras simples são vistas como indício de pouco valor. A grandeza não está em quem realiza como servo as obras, mas no Senhor das obras.

Quanto maior é a obra física maior é o comprometimento em mantê-la de pé. Quanto maior é comprometimento em mantê-la de pé, menor a liberdade para ser puramente de Deus.

O Reino de Deus não é feito de aparências, mas de atitudes de santidade e amor verdadeiro em especial aos que mais precisam deste amor. Nenhuma obra está acima da vida. O óbvio está diante de nossos olhos e só será visto se for manifesto de forma simples. A felicidade é um sentimento simples e pode passar despercebido se não notarmos sua simplicidade.

Na ceia deste final de semana celebremos a humildade em sermos servos como qualquer outro que cumpre com seu dever. Não somos profissionais da fé, apenas servimos na nossa miséria. Não somos donos da obra! É difícil entender isso?

Senhor então transforme nossa fé no tamanho de um grão de mostarda! Pois a simplicidade é o primeiro e último degrau da fé!

Gilberto Ângelo Begiato

http://gilbertobegiato.blogspot.com.br/

Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 30/09/2013
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