Homilia Pe. Ângelo Busnardo XXVII Dom. Comum (A Maldade humana e o profeta Habacuc)

XXVII DOMINGO COMUM

06 / 10 / 2013

Hab.1,2-3;2,2-4 / 2Tm.1,6-8.13-14 / Lc.17,5-10

Constatamos muita maldade no mundo e nenhuma reação punitiva por parte de Deus. O profeta Habacuc reclamou com Deus ao constatar que os maus levavam vantagem sobre os bons: 2Até quando, Senhor, pedirei socorro e não ouvirás, gritarei para ti: “Violência”, e não salvarás? 3 Por que me fazes ver a iniquidade e contemplar a desgraça? Opressão e violência estão na minha frente, há disputa, levantam-se contendas! (Hab.1,2-3). Deus respondeu que a justiça será feita. Cedo ou tarde, a maldade do homem será castigada por Deus: 2Então o Senhor respondeu-me e disse: “Escreve a visão, grava-a, claramente, sobre tabuletas para que se possa ler frequentemente. 3 Pois é ainda uma visão para um tempo fixado: aspira por seu termo e não engana; se tardar, espera por ela, porque certamente virá sem tardar! 4 Eis que sucumbe aquele cuja alma não é reta, mas o justo viverá por sua fidelidade” (Hab.2,2-4).

Deus usa seu poder infinito também para castigar. Ao castigar um pecador não arrependido durante esta vida, Deus é forçado a manter-se nos limites da natureza humana: durante a vida na terra, Deus não pode submeter um pecador não arrependido a dez mil graus de temperatura, porque o corpo humano não consegue suportar uma temperatura tão alta; Deus não pode também aplicar um castigo de trezentos anos de duração, porque ninguém vive durante trezentos anos. Após a morte, os limites da natureza humana desaparecem e Deus pode usar seu poder infinito para aplicar castigos proporcionais às atrocidades cometidas na terra.

Deus criou o inferno e o purgatório para castigar aqueles que são perversos durante esta vida. O sofrimento de Jesus do momento em que foi preso até à morte na cruz foi muito grande. Mas o sofrimento de uma alma no inferno ou de uma alma que está se purificando no purgatório é muito maior do que o próprio sofrimento pelo qual Jesus passou. Ele mesmo confirmou isto ao dizer às mulheres que o acompanhavam no caminho do Calvário chorando: 27 Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam. 28 Voltando-se para elas, Jesus disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos. 29 Pois dias virão em que se dirá: Felizes as mulheres estéreis, os ventres que não geraram filhos e os seios que não amamentaram. 30Então começarão a pedir aos montes: caí sobre nós, e às colinas: cobri-nos! 31 Pois se isso fazem com a árvore verde, o que não acontecerá com a seca?” (Lc.23,27-31). As mulheres choravam ao ver Jesus sofrendo e foram avisadas por Ele que, após a morte, elas mesmas e os filhos delas sofreriam muito mais.

Nem sempre as pessoas chamadas por Deus a anunciar o Evangelho mantêm o ardor inicial na pregação. Após ter conseguido bons resultados e ter atraído um considerável número de pessoas, alguns se acomodam e perdem o zelo inicial. São Paulo admoesta Timóteo para que conserve o ardor inicial até o fim da vida: 6 Por este motivo eu te exorto reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. 7 Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade (Tm.1.6-7). O anjo da Igreja de Éfeso foi advertido por ter abandonado o ardor inicial: 4 Mas tenho contra ti que deixaste o primeiro amor. 5 Considera de onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras. Se não te arrependeres, virei a ti e removerei de seu lugar o teu candelabro Ap.2,4-5).

Quem anuncia o Evangelho deve também ser fiel à doutrina ensinada por Jesus Cristo: 13 Mantém o modelo das palavras salutares que de mim recebeste, inspiradas na fé e na caridade em Cristo Jesus. 14 Guarda o depósito precioso pela virtude do Espírito Santo, que habita em nós (2Tm.1,13-14). Para não desagradar parte dos seguidores ou com medo de perder adeptos muitos evitam falar sobre alguns pontos do Evangelho e até distorcem a verdade revelada por Jesus e assim permitem que entrem abusos na comunidade. Hoje, entre os eclesiásticos, nota-se uma perversa tendência de não falar da justiça divina, não falar do inferno e ignorar o demônio. Assim os demônios podem exercer suas funções maléficas sem serem incomodados.

Devemos distinguir a fé teologal da fé carismática. A Fé, a Esperança e a Caridade são virtudes teologais. Estas três virtudes não podem ser diminuídas ou aumentadas. A fé carismática é uma convicção confiante em Deus que leva a pessoa a crer firmemente que Deus atenderá aquilo que está sendo pedido. Esta fé confiante pode ser fraca ou forte. Foi a fé carismática que os apóstolos pediram que Jesus lhes aumentasse: 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta-nos a fé”. 6 E o Senhor respondeu: “Se tivésseis uma fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria (Lc.17,5-6). Deus trata a todos com amor infinito. Não depende dele aumentar a fé carismáticas das pessoas. Depende de cada um de nós aumentar nossa convicção que Deus agirá em nosso favor. Por isto Jesus não lhes disse “se Eu der a vocês uma fé do tamanho de um grão de mostarda”, mas “se tivésseis uma fé do tamanho de um grão de mostarda”.

As relações entre empregados e patrões mudaram. Hoje o patrão não pode dizer ao empregado que já cumpriu seu horário de trabalho continue me servindo. Mas a nossa relação com Deus não mudou. Nós dependemos de Deus até para respirar. Aquilo que recebemos de Deus é muito mais do que aquilo que podemos dar a Deus. Após ter cumprido todas as nossas obrigações para com Deus, ainda continuamos devedores. Por isto, apesar de ter feito todo o esforço para servir a Deus não devemos nos considerar merecedores de recompensa: 10 Assim, também vós, quando tiverdes feito tudo que vos foi mandado, dizei: ‘Somos escravos inúteis. Fizemos apenas o que tínhamos de fazer’” (Lc.17,10). Deus nos recompensará por todas as obras boas que tivermos feito, porque nos ama e não por ter alguma obrigação para conosco: 27 Porque o Filho do homem há de vir na glória do Pai, com os anjos, e então dará a cada um conforme as suas obras (Mt.16,27).

Código : domin859

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 03/10/2013
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