28° COMUM ANO C “Levanta-te e vai tua fé te salvou”

28° COMUM ANO C

“Levanta-te e vai tua fé te salvou”

Palavra da Liturgia – Lc 17, 11-19.

Celebremos a gratidão que significa reconhecer a graça de Deus em nossa vida.

Esta leitura nos fala do encontro entre Deus e os marginalizados. Entre Aquele que acolhe e o que é acolhido. O encontro da necessidade com a graça. O encontro do acolhimento que não marginaliza, mas que liberta, ama e cura.

Jesus entra em uma aldeia, local onde ficavam os leprosos da época, separado da sociedade, às margens da dignidade e do amor. Só Jesus para ir ao encontro deles. Quantos marginalizados hoje esperam o encontro de Jesus e não o viram porque nós não mostramos?

Os leprosos ficaram ao longe, pois se acreditava na época que a lepra poderia ser adquirida apenas pelo contato com o doente.

Pediram a misericórdia de Deus, pediram compaixão ao Mestre. Só os miseráveis reconhecem a necessidade da misericórdia de Deus em suas vidas.

Eram ao todo dez leprosos. Dez na bíblia significa totalidade. Deus quer curar e libertar a todos. Deus que não faz distinção de pessoas.

Hoje a lepra é conhecida pelo nome de hanseníase: A Hanseníase é uma doença muito antiga, com uma terrível imagem na história e na memória da humanidade. Desde a antiguidade tem sido considerada uma doença contagiosa, mutilante e incurável, provocando atitudes de rejeição e discriminação dos doentes e sua exclusão da sociedade.

Durante muito tempo, os portadores da hanseníase foram confinados em colônias, afastados de suas famílias e impedidos de participar do convívio social. Este isolamento compulsório, abolido no país há mais de 40 anos, originou um forte preconceito e um estigma social que até hoje se reflete na vida dos indivíduos acometidos por esta doença.

Existem ainda mais de 600.000 doentes em tratamento espalhados por todos os continentes, dos quais mais de 50.000 são brasileiros. O Brasil é hoje o segundo país do mundo em nº. de casos de Hanseníase, perdendo somente para a Índia.

O tratamento da Hanseníase é realizado em postos de saúde, gratuitamente e sem necessidade de internação. Os pacientes em tratamento podem conviver normalmente com sua família, seus colegas de trabalho e amigos, enfim permanecerem na sociedade sem nenhuma restrição.

O tratamento da hanseníase é 100% eficiente se for levado a sério do começo ao fim. Todos os medicamentos devem ser distribuídos pela rede pública de saúde. Portanto a totalidade da cura acontece pelos caminhos da saúde, do tratamento.

Um sinal de cura em um momento de oração traz uma euforia e uma alegria muito grande, porém a totalidade da cura do preconceito e libertação do marginalizado passa pela solidariedade e defesa dos injustiçados. Neste aspecto a alegria e a euforia devem ser muito maiores, pois nem todas as pessoas são curadas em nossos eventos e muitas pessoas por não ter tido acolhimento necessário voltam para seus lares e encontram a mesma história que deixaram quando foram à igreja.

É importante valorizar a cura pela oração, porém é preciso principalmente conscientizar e colaborar para que aja atendimento à saúde digno a todas as pessoas. É no campo da justiça que a cura acontece na totalidade.

Diz a palavra ainda, que Jesus os curou, mandando-os apresentar ao sacerdote, cumprindo um preceito da época, que para poder integrar-se novamente à sociedade o sacerdote deveria reconhecer a cura. Eles não duvidaram e correram ao encontro do sacerdote. Enquanto andavam foram curados; a cura acontece na caminhada.

Porém um apenas voltou para agradecer a Deus. A cura não é fundamento maior para se acreditar em Deus e sim a conversão. Jesus pergunta onde estão os outros nove? Lembra-se: dez significa totalidade, onde estão todos os filhos e filhas de Deus que constantemente recebem a graça e a gratuidade do amor de Deus? São todos os que reconhecem e são gratos a Deus? Lembro que a gratidão a Deus passa pelo reconhecimento da graça recebida e a ação de gratidão pela solidariedade a quem precisa. Uma vez recebido a graça saia do louvor convencional e vá ao encontro de quem sofre.

O marginalizado dos marginalizados, o samaritano leproso, odiado pelo povo da bíblia é que voltou. Nem sempre os que são curados é que realmente entende a gratuidade e o amor de Deus.

O samaritano nos deixa uma grande lição: Dar glória a Deus! Isso significa reconhecer o dom e agradecer a Deus!

A maior forma de oração é o louvor que reconhece que Deus é Deus, e o homem não é Deus! Cabe, portanto ao homem acolher o dom de Deus e louvá-lo, com gratidão que é ao contrário do espírito do mérito! O mais importante não é a cura e nem o curador, mas o autor da cura que é Jesus.

Que nossas reuniões não sejam apenas reuniões de cura. Que nossas pregações não sejam apenas um aglomerado de testemunhos de curas que fizemos. Que a palavra para ser aceita não seja apenas aquela que vem acompanhada de sinais visíveis. Mas que principalmente levemos às pessoas a conversão sincera e verdadeira baseada na fé e não em sinais visíveis. Uma igreja curada, liberta leva as pessoas até Jesus e não a si mesma. Este Jesus esteve com fome e doente e precisa ser visitado.

Pois foi a conversão e a fé autêntica e concreta do samaritano que o levou aos pés de Jesus, o autor da cura, para agradecer e por isso ouviu algo mais importante do que o anúncio da cura:

“Levanta-te e vai, tua fé te salvou”. Quando encontramos com Deus, encontramos com aquilo que realmente somos e só aquilo que somos realmente, tem o poder de curar-nos totalmente.

Importante: aquele que não fazia parte dos “escolhidos” encontrou a cura e a salvação, enquanto os “escolhidos” encontraram apenas a cura. Há religiosos que não conhece Jesus! Um exemplo claro é que os escolhidos “sadios” abandonaram os escolhidos “doentes”. Hoje que religião vivemos? Uma religião excludente não pode ser ao mesmo tempo católica.

Gilberto Ângelo Begiato

http://gilbertobegiato.blogspot.com.br/

Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 07/10/2013
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