O Caminho do Não Conflitarás
 
No vasto campo das tradições espiritualistas, vemos os que são considerados sábios ou iluminados, atingirem o que os orientais chamam de ¨nirvana¨ ou iluminação e a tradição cristã poderia aclamar como ¨santidade¨ aterem-se, cada um conforme a sua personalidade, a determinados elementos, digamos: libertadores.
Jesus apontou-nos o caminho do ¨Amor¨ para se alcançar o que intitulava ¨Reino de Deus¨. Sidhartha Gautama, o primeiro Buda, mostrou como se deve sempre buscar o ¨caminho do meio¨. Chico Xavier, aclamando a ¨voz dos espíritos¨, vivenciava que ¨fora da caridade não há salvação¨. São Franciso de Assis, a seu turno, abdicou das riquezas materiais procurando a paz através da ¨vida simples¨. Ghandi calou as metralhadoras inglesas e apanhou bastante ao defender com intransigência a libertação da Índia pela via improvável da ¨não-violência¨.
Observemos que os grandes exemplos, apesar de notavelmente mudarem a história, através da consequência dos seus atos, são pouco seguidos pela turba. Muito mais fácil é comandar uma multidão para ¨quebrar e destruir¨, do que para reformar o seu interior e edificar o equilíbrio, a harmonia e a paz. As verdadeiras conquistas, que nos pesam para sempre, repousam em elementos intangíveis e imateriais, por isso a ¨massa¨ os ignora evitando impressionar-se com os mesmos a ponto de modificar sua conduta íntima de modo significativo.
            Em uma sociedade que parece ter nascido para viver em conflito, notamos que abdicar a este seria um caminho redentor que rapidamente nos traria resultados práticos à vida moderna. Seria possível viver eternamente em paz junto à multidão, em sociedades vorazes, dentro de sistemas políticos que aniquilaram o elemento ¨alma¨?
            Provavelmente não coseguiremos, desde que dentro da sociedade, sanar todos os conflitos da mesma, mas alcançaremos uma notável paz ao voltarmos os olhos para dentro e calarmos os nossos inúmeros ¨conflitos¨ interiores. É na sabedoria do ¨busca conhecer a ti mesmo¨ e na prática integral de ações que silenciem nossas tempestades interiores que alcançaremos a ¨paz celestial¨, mesmo que sua profissão na Terra exija batalhas diuturnas diante da insensatez coletiva.
            Jesus declarou que ¨Eu e o Pai Somos Um!¨, ou seja, que não havia conflitos em seu interior e nem em relação ao seu relacionamento com a Suprema Força que a Tudo Orienta. A partir disso, vemos o impacto que causou no mundo. A busca da Paz Interior simplesmente não é alcançada por que não é procurada como primazia pelo ser humano. Resta perguntar: quando terás tempo para silenciar teus conflitos íntimos e se libertar?

(Jurandir Araguaia é escritor goiano, ex-fiscal-ambiental/Goiânia, auditor-fiscal/Go, formado em Adm. de Empresas e Ed Física e palestrante motivacional espiritualista.)