SERIA MESMO A PALAVRA DE DEUS?

SERIA MESMO A PALAVRA DE DEUS?

“Os pensamentos se tornam fortes pela repetição. Cada vez que se faz um, em sequência a outro da mesma natureza, há um acréscimo de intensidade tendente à realização. Se você repetir que não prejudica a ninguém, tem plena atividade, é capaz de se sair bem nas provas, não teme trabalhar, quer servir a coletividade e se entende com qualquer um estas afirmativas se concretizarão...”. (Lourival Lopes).

Duas palavras interessantes e importantes estão em voga nos dias atuais. São elas: Religiosidade e religião. Qual significado teriam as duas para o ser humano? Na expressão mais simples, mais sublime, a religiosidade é a qualidade de religioso, o sentimento de escrúpulos religiosos e a disposição ou tendência religiosa. Já a religião tem um sentido mais amplo, visto que é um serviço ou culto a Deus, ou mesmo a uma divindade qualquer, expresso por meio de ritos, preces e observância do que se considera mandamento divino. Vai mais além, pois representa o sentimento consciente de dependência ou submissão que liga a criatura humana ao Criador.

É também a crença ou doutrina religiosa, sistema dogmático e moral, alicerçadas pela veneração as coisas sagradas, crença, devoção, fé e piedade. Além do mais, tudo que é considerado obrigação moral ou dever sagrado e indeclinável está ligado à religião ordem ou congregação religiosa. Já na filosofia é o reconhecimento prático de nossa dependência a Deus. Que é Deus? Inteligência Suprema Causa Primeira de Todas as Coisas. A expressão máxima da religião é seu respeito a Deus. A expressão máxima da religiosidade é o amor, que transcende a religião. Por essa afirmativa existe uma diferenciação entre as duas palavras, onde a religião é a espiritualidade da religiosidade.

Convém salientar que os dogmas, credos e práticas foram sistematizados por seres humanos elevados, que captaram a importância dos ritos para concretizar a espiritualização. No cristianismo a maioria desses ensinamentos está inserida no livro que se nominou de Bíblia. É bom frisar que perante nossa vida social, todas as religiões são iguais, e seus valores particulares e guias espirituais devem ser respeitados, no entanto, s saúde social não aceita conflitos, sejam eles benéficos, sejam religiosos. Não admite que uns matem os outros em nome de seus deuses.

Para a saúde social, todos os humanos são irmãos de espécie e têm de ser respeitados e preservar o planeta Terra e seus habitantes. (Içam Tiba). Citamos aqui a palavra Bíblia, mas qual o seu real significado? Na mais simples definição, Bíblia é o conjunto de livros sagrados do Antigo e Novo Testamento. A palavra Bíblia deriva do grego e quer dizer “rolo” ou “livro”, o seu plural é bíblion. É o texto religioso de valor sagrado para o cristianismo, em que a interpretação religiosa do motivo da existência do homem na Terra sob a perspectiva judaica é narrada por humanos.

É considerada pela Igreja como divinamente inspirada, sendo que se trata de um documento doutrinário originalmente compilado pela Igreja católica para orientação de suas doutrinas. Segundo a tradição, aceita pela maioria dos cristãos, a Bíblia foi escrita por 40 autores, entre 1445 e 450 a.C.,( livros do Antigo Testamento) e 45 a 90 D.C., (livros do Novo Testamento), totalizando um período de quase 1.600 anos. A maioria dos historiadores acredita que a data dos primeiros escritos considerados sagrados é bem mais recente.

Enquanto a tradição cristã coloca Moisés como autor dos primeiros cinco livros da Bíblia que recebeu o nome de Pentateuco, muitos estudiosos aceitam que foram compilados pela primeira vez apenas o exílio babilônico, a partir de outros textos datados entre o décimo e o quarto século antes de Cristo. Muitos estudiosos também afirmam que ela foi escrita por dezenas de pessoas oriundas de diversas nações e regiões. Uma história meio complicada e cheia de nuanças que nos deixa perplexos diante dos estudos feitos até hoje.

Mas, o sentido maior desse estudo é saber realmente se a Bíblia é a palavra de Deus, como as religiões cristãs afirmam. Não queremos manchar nenhuma crença, mas sabe-se que a história de Deus foi escrita pelos homens, mas quem teria sido o autor dessa façanha, o autor do livro mais influente de todos os tempos? As respostas são surpreendentes – e vão mudar sua maneira de ver as escrituras. Segundo uma interpretação literal do Gênesis (primeiro livro da Bíblia), o homem foi criado por Deus a partir do pó, após os céus e a terra, há oito mil anos, e ganhou a vida após Deus soprar o fôlego da vida em suas narinas.

Convém salientar que em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro, uma planta importado do Egito, e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os mil anos seguintes, outras pessoas continuaram reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior Best-seller de todos os tempos, a Bíblia.

Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci - e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Quero afirmar aos leitores que essa história que se encontra na revista “Superinteressante” e foram responsáveis pela matéria José Francisco Botelho e Bruno Garattoni, jornalistas da mídia em epígrafe.

Vem à indagação: mas afinal quem escreveu o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem era e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você conhece , segundo a tradição judaico-cristã,, o autor da Bíblia é o próprio Todo Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso. A própria igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas.

A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. E acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus, mas existiam outros povos, os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por lá. Eles foram influenciados pelos cananeus, que viviam ali desde o ano 5.000 antes de Cristo. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.

As raízes da árvore bíblica remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no terceiro milênio antes de Cristo, escreveram a Epopeia de Gilgamesh. Um semideus que menciona uma enchente que devasta o mundo e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco. Semelhança com a história de Noé e sua arca. O fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Foi entre os séculos 10 e 9 antes de Cristo que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel, acontecendo no reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta de 1.000 a.C., À primeira versão das escrituras foi redigida nessa época e corresponde a maior parte que hoje são Gênesis e Êxodo. O assunto principal desses livros era a relação passional e conflitosa entre Deus e os homens. Só que, no início da Bíblia, já existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda.

Isso porque o personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes. Em alguns trechos é chamado pelo nome próprio de Yahweh – traduzido para o português como Javé ou Jeová. Um tratamento puramente informal como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante, que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”. Moisés escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente por que quis. Ele não é o único autor, pois um dos livros narra a sua própria morte. Os que falam de Javé sejam os escritos mais antigos numa época em que a religiosidade era menos formal.

“Yahveh não derramava chuva sobre a Terra, e nem havia homem para lavrar o solo”. Essa frase indica que, o homem não era apenas mais uma criação de Deus. Ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. “Nesse relato, o homem é cocriador do mundo”, diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de estudos Bíblicos, no Rio Grande do Sul. Existiam os Javistas e os Eloístas. Seguem aqueles ritos que todos nós conhecemos. Em 550 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios e grande parte da população foi levada para onde hoje é o Iraque. Os hebreus foram libertados por Ciro senhor do Império Persa, um conquistador “esclarecido” que tinha tolerância religiosa. A versão final do Pentateuco surgiu opor volta de 389 a.C., nessa época um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo a começar pelas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros: Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os Dez Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo sem sombra de dúvidas (“Amarás a Deus acima de todas as coisas é o primeiro mandamento”), a reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre hebreus e não hebreus.

São leis que se assemelham a ética moderna dos Direitos Humanos. “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de vós”. Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor: belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras mulheres e crianças incluídas. Por volta de 2.000 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) já se alastrava pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do A.T é dessa época. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu II em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Dizem qua a tradução do hebraico para o grego foi realizada por 72 sábios judeus, por isso levou o nome de septuaginta. Existem versos do A.T no aramaico, língua franca do Oriente Médio.

Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando ela era a mais lida na Judeia, na Samaria e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após a sua morte. O cristianismo já surgiu perseguido, por recusarem os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século I a.C., foi nesse medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné, um dialeto grego falado pelos mais pobres.

É bom frisar que os primeiros seguidores de Jesus não eram chamados de cristãos e sim seguidores do caminho, o nome cristão só veio após a conversão de Paulo de Tarso. O evangelho foi criado pelos cristãos que vem do grego evangelion. (“Boa Nova”). Na “boa nova” eram citados os milagres e os ensinamentos de Jesus, bem como a sua vida. Eles foram escritos nos séculos 1 e 2 e desapareceram sem deixar vestígios, e eram um amontoados de papiros avulsos enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Alguns foram copiados e recopiados a mão, por membros da igreja, até que pelo século IV tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de coro encadernados, ancestral do livro moderno.

Muitas alterações foram feitas de gerações em gerações de copiadores que haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido ou de propósito mesmo. Muitos erros compõem a Bíblia que mudavam o sentido do texto. Aquela famosa cena, em que Jesus salva uma adultera prestes a ser apedrejada? De acordo com exegetas, esse trecho foi inserido no evangelho de João por algum escriba por volta do século três, isso porque o cristianismo estava se separando do judaísmo. Isso para passar a ideia de que os ensinamentos de Jesus haviam superado a Torá, e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.

O último livro da Bíblia, o Apocalipse que descreve o fim do mundo, o receio de tais narrativas “editadas” era comum entre os autores do NT No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas desse livro, Deus o castigará com pragas descritas aqui”. Isso reflete o clima dos primeiros séculos do cristianismo, uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo ideias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas acreditava que Jesus não tece corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam –literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionitas acreditavam que Jesus não nascera filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. E Maria de Magdala ou Madalena nunca foi prostituta, como está inserido na Bíblia.

A primeira tentativa de organizar esse caos das escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião. Depois falaremos sobre esse polêmico assunto. Por conseguinte a Bíblia não é a palavra de Deus, pois esse caos formado mostra que Deus nunca esteve presente na formação do livro mais vendido de todos os tempos com mais de seis bilhões de cópias em todo o mundo, uma quantidade sete vezes maior que o número de cópias do segundo colocado da lista dos 21 livros mais vendidos do mundo, O livro vermelho. Nos Estados Unidos, o único presidente que não fez o juramento de posse com a mão numa Bíblia foi Theodore Roosevelt, de acordo com os registros oficiais do Architect of the capitol.

Joan Quincy Adams, em sua posse, de acordo com cartas escritas pelo mesmo, colocou a mão em um volume de direito constitucional ao invés da Bíblia para indicar a quem pertencia sua lealdade. Não há registros para presidentes anteriores a John Tyler. São Jerônimo teria sido um dos autores da septuaginta que é a tradução da Bíblia para o latim. Já o pastor evangélico João Ferreira de Almeida quando da tradução da Bíblia do latim para o português cometeu 2.000 erros. Ele é réu confesso. Jesus veio ao mundo com uma missão sublime mostrar através de suas belas explanações que Deus existe, no entanto, como nós sabemos somente o Pai Nosso foi à prece que ele nos premiou para nos aproximarmos do Pai Maior. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA ALOMERCE E DA AOUVIRCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 06/03/2014
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