Homilia de Pe. Ângelo Busnardo IV Dom. da Quaresma.

IV DOMINGO DA QUARESMA

30 / 03 / 2014

1Sm.16,1b.6-7.10-13ª / Ef.5,8-14 / Jo. 9,1-41

Deus enviou Samuel para Belém para ungir um dos filhos de Jessé para reinar no lugar de Saul. O ser humano é tocado pela aparência, mas Deus enxerga além das aparências. Ao ver Eliab, Samuel supôs que ele seria o escolhido, mas estava enganado: 6Quando eles vinham vindo, seus olhos caíram em Eliab e ele pensou: “Certamente está diante do Senhor o seu ungido”. 7O Senhor, porém, disse a Samuel: “Não repares para a aparência e para a alta estatura, pois eu o rejeitei. Com efeito, Deus não olha para o que olha o homem: este olha para as aparências mas o Senhor olha para o coração” (1Sm.16,6-7). Jessé, ao apresentar os filhos a Samuel, excluiu o filho mais novo achando que Davi não seria o escolhido, mas também estava enganado. Deus escolhera exatamente o excluído: 10Jessé fez desfilar diante de Samuel os sete filhos, mas Samuel disse a Jessé: “O Senhor não escolheu nenhum deles”. 11Samuel então perguntou a Jessé: “Ainda tens outros filhos?” Ele respondeu: “Resta ainda o caçula, que está guardando o rebanho”. Então Samuel disse a Jessé: “Manda buscá-lo, porque não nos poremos à mesa antes que ele venha para cá!” 12Então ele o mandou vir e lhe apresentou; ele era ruivo, tinha belos olhos e aspecto vistoso. O Senhor então ordenou: “Levanta-te e dá-lhe a unção, pois é este!” 13Samuel tomou o chifre com o óleo e lhe deu a unção no meio dos irmãos. Em consequência o espírito do Senhor tomou conta de Davi desde este dia e também em seguida. A seguir Samuel se pôs a caminho e voltou para Rama (1Sm.16,10-13).

Aquele que parecia fraco, posteriormente demonstrou ser o mais forte por contar com o apoio divino. Isto foi constatado quando Davi matou o gigante Golias: 50Desta maneira Davi venceu o filisteu com funda e pedra, acertando-o e matando-o, sem ter espada na mão. 51Então Davi correu e, de pé sobre o filisteu, tomou da sua espada, tirou-a da bainha e acabou de o matar, cortando-lhe a cabeça. Quando os filisteus viram que o seu melhor lutador estava morto, puseram-se em fuga (1Sm.17,50-51).

Não temos capacidade de ver além da matéria. Nossa alma está dentro de nós e é ela que nos mantém vivos. Apesar de ser o elemento que nos mantém vivos, não conseguimos ver nossa alma e constatar que ela está em pecado ou livre de pecados. Portanto, estamos mergulhados nas trevas. Jesus nos libertou das trevas porque, através da doutrina por Ele ensinada, podemos analisar nossos atos e saber se com eles agradamos ou ofendemos a Deus. Jesus revelou e instituiu os sacramentos com os quais podemos limpar a nossa alma e sair das trevas: 8 Outrora éreis trevas mas agora sois luz no Senhor. Andai, pois, como filhos da luz (Ef.5,8). Para manter-se na luz é necessário agir de acordo com a doutrina ensinada por Jesus e evitar ações contrárias aos ensinamentos dele: 9 O fruto da luz manifesta-se em toda bondade, justiça e verdade. 10 Procurai o que é agradável ao Senhor 11 e não sejais cúmplices nas obras estéreis das trevas. Pelo contrário, condenai-as abertamente (Ef.5,9-11).

Jesus planejou a cura do cego de nascença de maneira que o cego recuperou a visão longe dele: 6 Ao falar isso, Jesus cuspiu no chão, fez um pouco de lama com a saliva, passou nos olhos do cego e 7 disse: “Vai lavar-te na piscina de Siloé”– que quer dizer Enviado. O cego foi, lavou-se e voltou vendo (Jo.9,6-7). O cego sabia que tinha sido curado por Jesus, mas não tinha condições de reconhecê-lo pois ainda não o tinha visto.

O milagre suscitou reações distintas nas pessoas que conheceram o cego antes da cura. Antes de se encontrar novamente com Jesus, o cego foi confrontado com os fariseus que combatiam Jesus: 13 Levaram então o cego curado à presença dos fariseus. 14 Ora, o dia em que Jesus fez a lama e abriu os olhos do cego era um sábado. 15 Os fariseus perguntaram novamente ao cego como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Ele me pôs lama nos olhos, eu me lavei e estou vendo”. 16 Então alguns dos fariseus comentaram: “Este homem não pode vir de Deus, pois não guarda o sábado”. Outros diziam: “Mas como pode um homem pecador fazer tão grandes sinais?” E eles ficaram divididos (Jo.9,13-16). Os fariseus eram espiritualmente cegos e incapazes de ver que Jesus não era um homem comum. Em vez de procurar Jesus e dar glórias a Deus pelo milagre que não podiam negar, expulsaram aquele que tinha sido cego da sinagoga: 30 O cego respondeu: “É espantoso que não saibais donde ele vem, apesar de me ter aberto os olhos. 31 Sabemos que Deus não atende a pecadores mas escuta a quem é piedoso e faz a sua vontade. 32 Jamais se ouviu dizer que alguém tivesse aberto os olhos a um cego de nascença. 33 Se este homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada”. 34 Eles disseram: “Tu nasceste em pecado e nos queres ensinar?” E o expulsaram (Jo.9,30-34).

O cego de nascença recuperou a visão física e os fariseus perderam a oportunidade de recuperar a visão espiritual. Se tivessem acreditado em Jesus teriam podido libertar-se das trevas do pecado e salvar-se, mas preferiram permanecer na cegueira espiritual: 39 E Jesus disse: “Eu vim a este mundo para fazer uma separação: a fim de que os cegos vejam, e os que veem se tornem cegos” (Jo.9,39). A maioria das pessoas que hoje conhecem Jesus através da Bíblia permanece cega como os fariseus, porque, em vez de usar os sacramentos instituídos por Ele e confiados exclusivamente para a Igreja Católica, para se libertar dos pecados, o ignoram e assim permanece nas trevas.

Código : domin881

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 26/03/2014
Código do texto: T4744840
Classificação de conteúdo: seguro