O Ecumenismo Pentecostal: a questão da adoração ecumênica sob a “espiritualidade pentecostal”: Uma nova proposta de Cristianismo ou um retorno deliberado a Roma?

O Ecumenismo Pentecostal: a questão da adoração ecumênica sob a “espiritualidade pentecostal”: Uma nova proposta de Cristianismo ou um retorno deliberado a Roma?

(Pr.Luciano Costa.)

Antes de iniciarmos a análise de alguns trechos do livro “O Século do Espírito Santo” do autor Vinson Synan, publicado aqui no Brasil pela Editora Vida (não sei se alguma outra editora também o publica), quero enfatizar a necessidade de um olhar crítico-histórico-doutrinário sobre o conteúdo do mesmo.

Quero citar uma frase que fiz há alguns dias aqui atrás:

Eu temo que o protestantismo brasileiro se torne apenas uma religião folclórica, com muita liturgia, e pouco conteúdo, com muita variedade na "adoração", mas pouco temor a Deus; com muitos líderes carismáticos, com seus discípulos, e com poucos e verdadeiros discípulos de Cristo; com muito mover no "sobrenatural" e bastante distanciado da Palavra de Deus; que o mesmo perca a sua essência e por fim acabe ecumenicamente em Roma! (Pr.Luciano Costa)

Quando escrevi a mesma ainda não havia lido o livro em sua totalidade. E também não foi feita por causa dele, contudo, agora percebo o quanto ela faz sentido. Após ler algumas passagens sobre o “avivamento pentecostal e carismático”, descobri a realização de muitas conferencias entre pastores e padres nos EUA, por sinal até mesmo de pastor das Assembleias de Deus de lá, veja a citação:

“Na reunião anual de Glencoe, em 1974, Vinson Synnan e outros sugeriram que era hora de todos esses grupos se unirem para uma “conferência das conferências” que reunisse todos os elementos da renovação ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Um artigo da revista New Covernant, escrito pro Ralph Martin, identificou três correntes da renovação que precisavam manter diálogo: os pentecostais, os protestantes históricos e os católicos carismáticos.* A ideia de uma conferência ecumênica geral logo se espalhou pelo continente. Em pouco tempo, os católicos carismáticos em South Bend ofereceram-se para organizar a conferência, com a ajuda do Serviços Renovação Carismática, que fornecia capital inicial e liderança. (...)

A cidade escolhida para sediar a primeira Conferência Geral sobre Renovação Carismática foi Kansas City, às margens do rio Missouri. (...) Foi grande a animação dos 50 mil pentecostais e carismáticos de várias vertentes reunidos no estádio para um “acampamento carismático” à moda antiga. Durante quatro noites, os pregadores falaram à multidão sobre as ações do Espírito que pareciam explodir em todos os lugares. Línguas, curas e profecias ocorriam numa “unidade com dom da palavra”, sob a cuidadosa orientação dos poucos participantes que tinham acesso ao microfone. O louvor inspirava dezenas de milhares de cristãos cheios do Espírito, que cantavam novos cânticos, dançavam perante o Senhor e gritavam de alegria. (...)

Um grupo incomum ocupava a plataforma: o reverendo Thomas Zimmerman, superintendente geral das Assembleias de Deus Americanas;* Cardeal Léon-Joseph Suenes, primaz católico romano da Bélgica; o bispo J.O. Patterson, presidente da predominantemente negra Igreja de Deus em Cristo; e o arcebispo anglicano Bill Burnett, da África do Sul.”

(Vinson Synan. O Século do Espírito Santo - 100 anos do avivamento Pentecostal e Carismático- Editora Vida.pág.481-483. São Paulo. 2009.) *grifo meu.

Este relato deixa bem claro o propósito que motivou a “conferência das conferências”, seria a promoção do ecumenismo sob a bandeira pentecostal. Aliás, uma bandeira que no momento estava tendo ampla aceitação por protestantes históricos e por católicos, não haveria maneira melhor para promover a tão sonhada aproximação dos católicos com as igrejas evangélicas, visto que a “combustão” para que essa locomotiva começasse a andar era a “adoração no Espírito Santo”. O interessante é que um “reverendo” das Assembleias de Deus Americanas estava lá respaldando o ecumenismo que estava se solidificando. É sabido que em nosso Brasil temos pastores e teólogos que promovem o ecumenismo, por exemplo: Os ecumênicos Nilson Fanini (pastor Batista) e Denton Lotz que estiveram com João Paulo II no Vaticano em 1996. Talvez muitos não saibam o que os católicos pensam sobre o ecumenismo, mas veja: “O cardeal católico Ernesto Ruffini, durante o concílio Vaticano II, em 18/11/1963, assim definiu o ecumenismo: "Um apostolado especial para a obtenção da unidade sob a autoridade do papa".”

Não sei o que se passa na cabeça de pastores e teólogos que se dizem evangélicos que promovem o ecumenismo em seus seminários, em suas igrejas e em suas publicações. O autor do referido livro que estou comentando sobre, é um desses, que defendem a ideia do ecumenismo sob a bandeira do pentecostalismo, dai a preocupação, “pertenço” a uma igreja pentecostal, centenária por sinal. Aliás, o maior movimento pentecostal do Brasil e da América: A Assembleia de Deus, que iniciou com a vinda dos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingre.

Os resultados da primeira e grande conferência foram animadores e proporcionaram o desejo da realização de novas conferências. “Em 1984, havia crescente pressão para a realização de uma nova conferência como a de Kansas City, a fim de manter a chama do ecumenismo carismático*”, Vinson: 2009. (grifo meu) Logo foi programada uma nova conferência, na qual pregaram: Paul Yonggi Cho, Oral Roberts, David du Pleiss, Demos Shakarian e o padre Tom Forrest*. (grifo meu)

Segundo relato de Vinson: “Cerca de 40 mil participantes ouviram (padre) Tom Forrest chamar 1990 de a” Década da Evangelização Mundial”, com o objetivo de ganhar mais da metade da população do mundo para Cristo”. Será que esta declaração não teria “inspirado” as Assembleias de Deus no Brasil a criar o projeto “Década da Colheita” no mesmo período? Pode ser que não tenha nenhuma ligação, contudo vale registrar a grande “coincidência”.

Gostaria de citar esta citação que peguei em um site:

“Representantes católicos e da igreja PENTECOSTAL chegaram a um novo entendimento sobre o papel de Maria no Cristianismo... Este novo entendimento foi alcançado numa reunião ecumênica entre católicos romanos e pentecostais em Viena... Os católicos descobriram que Maria entra efetivamente na pregação e devoção pentecostais. Estes por sua vez, veêm que a intercessão de Maria no ensinamento da Igreja Católica Romana não prejudica a mediação única ensinada na Bíblia” (A Tarde, 27-10-81)

Diante de informações como esta, que causa no mínimo perplexidade, o que esperar? Já vimos que no passado de alguma forma as Assembleias de Deus Americanas estiveram (ou ainda estão?) envolvidas na promoção do “ecumenismo pentecostal”, também já temos notícias de pastores e de igrejas aqui no Brasil que entraram “ nessa onda”, como por exemplo a igreja Luterana; daí a minha preocupação talvez ser pertinente, quando digo que temo pelo nosso protestantismo brasileiro.

Para concluir, quero encerrar com um recorte do livro que estamos analisando, “O Século do Espírito Santo”:

“Ainda mais impressionante foram os casos de pastores, padres e congregações carismáticas que voltaram às fileiras da ortodoxia. Em, 1993, o pastor Charles Bell levou sua Comunidade Videira Cristã, de San Jose, Califórnia, para a Missão Ortodoxa Evangelical Antioquena. Como igreja ortodoxa, a congregação mudou de nome para Igreja Ortodoxa de Santo Estevão, enquanto seu pastor passou a ser “padre Seraphim Bell”. Em pouco tempo, “a música rock, a profecia pública e as línguas deram lugar a leitura litúrgica, velas acessas e retratos beijados da Virgem Maria”*. Bell foi influenciado por Franky Shaeffer e Peter Gillquist, que implantou um movimento de evangelicais e carismáticos em direção à ortodoxia.”

(Vinson Synan. O Século do Espírito Santo - 100 anos do avivamento Pentecostal e Carismático- Editora Vida. pág.496. São Paulo. 2009.) *grifo meu.

Será esse o resultado do ecumenismo? O que aconteceu com esse suposto “pastor Seraphim Bell”? Que Deus nos dê o discernimento para não fazermos alianças com o culto a estranhos à doutrina cristã, que não venhamos a negociar princípios bíblicos em nome de qualquer crescimento que seja. Que sejamos cristãos com convicção daquilo que somos daquilo que cremos e daquilo que podemos fazer em nome de Cristo. Amém!