A INFLUÊNCIA JUDAICO-CRISTÃ SOBRE A TEOLOGIA MUÇULMANA

O Ocidente cristão se assusta diante das notícias sobre o islã. Desde os ataques às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, o mundo ocidental começou a prestar mais atenção sobre essa religião que, segundo seus integrantes, é de paz. Muitos se perguntam: se o islã é de paz, por que então sabemos que:

Tem crescido os ataques terroristas no mundo; mulheres acusadas de adultério são presas, chicoteadas e em alguns lugares, mortas em praça pública; moças solteiras são mortas porque perderam a virgindade; meninas entre quatro a doze anos sofrem a terrível castração genital, que consiste na retirada do clitóris e às vezes dos lábios vaginais, para que elas não venham a sentir prazer e não se tornarem prostitutas (como são chamadas as mulheres que têm relação sexual antes de casar); mulheres que se negam a cobrir os cabelos com o véu são estupradas, ou sofrem violência dos próprios maridos e parentes.

Tudo isso com o aval dos líderes religiosos e segundo acreditam, de Deus. Li o Corão na íntegra e posso dizer que todos esses crimes descritos aí em cima não são autorizados pelo Corão. Então, por que muitos muçulmanos dizem que Deus permite que sejam realizados?

Primeiro, é preciso que se saiba que o islamismo, de modo análogo a outras religiões, tem duas partes distintas: no início, uma religiosa, caridosa e humanista, como se observa aqui: “Não há utilidade alguma na maioria dos seus colóquios, salvo nos que recomendam a caridade, a benevolência e a concórdia entre os homens.” (sura 4,114). E aqui: “Tratai com benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho [estrangeiro]” (sura 4, 36).

A outra parte, militar e política, prima por dar destaque maior à repressão violenta, aos castigos, e à opressão da mulher. Para entendermos isso melhor, temos que ir até o nascimento do judaísmo. A teologia judaica é formada principalmente a partir da crença em um deus cruel, sexista e bélico das religiões sumérias, cananeias e babilônicas. Depois vem o cristianismo, que a princípio promovia a paz e a tolerância. Os judeus, na época das conquistas de terras, eram incentivados por Javé (Jeová) a matar todos os pagãos e a tratar a mulher como mero objeto do homem. De forma análoga, o cristianismo ao ser adotado como religião do império romano começará uma campanha de perseguição e morte a milhões de não- cristãos por um longo período, continuando com as Cruzadas e a Santa Inquisição, até que a religião seja separada do estado, no século dezoito. É essa visão de Deus – machista e guerreira - que os líderes muçulmanos extremistas irão adotar para suprir seus próprios interesses.

1. Assassinatos em nome de Deus.

O Corão proíbe que um muçulmano cometa homicídio a não ser em legítima defesa. Proíbe que mate alguém de outra religião (sura 4,94). E diz que a fé não pode ser imposta à força (sura 2,256). Ou seja, o Corão não obriga ninguém a se converter ao islã. Porém, na Bíblia, Javé manda matar quem seguir outros deuses (Deuteronômio 17,2). Os extremistas muçulmanos, que são minoria, seguem esse modelo e usam Deus para justificar seus assassinatos.

2. O Corão não manda matar a adúltera. No máximo, pede que ela e seu cúmplice sejam chicoteados.

“Quanto à adúltera e ao adúltero, vergastai-os com cem vergastadas, cada um” (sura 24,2). Já a sura 4,16 diz que os adúlteros não devem ser punidos, caso se arrependam: “E àqueles, dentre vós, que o cometerem (homens e mulheres), puni-os; porém, caso se arrependam e se corrijam, deixai-os tranquilos”. Ou seja, basta se arrepender, e pronto, ninguém será chicoteado. Porém, os clérigos conservadores estipulam a pena de morte, porque seguem um costume antigo, que foi preservado pela Bíblia (Levítico 20,10).

3. O Corão não afirma que uma mulher que mantém relação sexual antes do casamento deve morrer. Existe apenas a indicação de que um muçulmano case com mulher virgem. Então, por que há tantos casos de pais, irmãos e maridos que matam filhas, irmãs e noivas?

Novamente a Bíblia vem dar uma mãozinha. Em Deuteronômio 22,13, Javé manda matar mulheres que não chegam virgens ao dia do casamento. Os muçulmanos tomaram para eles esse costume, sobretudo em regiões rurais e entre classes menos instruídas.

4. Nem a Bíblia nem o Corão autorizam a mutilação genital feminina. Esse terrível costume vem de tempos antigos e egípcios a praticavam por questão de higiene e a fim de evitar doenças provocadas pela areia do deserto. Então por que os muçulmanos a adotaram?

Os que defendem a castração de meninas, citam alguns hadits – ditos atribuído a Maomé – que a autorizam. Porém, segundo eruditos muçulmanos, esses hadits são falsos e Maomé era contra a mutilação, pois sabia que ela fazia mal à saúde sexual da mulher.

Como disse no item anterior, Javé condena à pena de morte as mulheres que perdem a virgindade antes de casar. Alguns religiosos muçulmanos viram no costume da castração um bom recurso para controlar o desejo das meninas, de modo que não sentissem prazer, garantindo a virgindade para os futuros maridos. No livro “A face oculta de Eva”, a médica egípcia Nawal El Saadawi questiona:

“Se a religião tem origem em Deus, como se pode, em nome dela, amputar um órgão por Ele criado, desde que este órgão não esteja danificado ou deformado? (...) Não é possível que Ele tenha criado o clitóris no corpo da mulher com a única finalidade de ser removido em um estágio inicial de sua vida. (...) Se Deus criou o clitóris, como um órgão de sensibilidade sexual, cuja única função parece ser a obtenção de prazer, conclui-se que também Ele considera esse prazer normal e legítimo, fazendo, portanto, parte da saúde mental.”

4. A recomendação no Corão para as mulheres usarem o véu existe e era para protegê-las de estupros por parte de tribos vizinhas (sura 33,61). No entanto, o Corão também diz que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens (sura 4,1). Hoje, no mundo moderno, muitos muçulmanos acreditam que não é mais necessário o uso de tanta roupa para suas mulheres nem cobrir os cabelos, já que os tempos não são mais de guerra. O uso do véu era comum em culturas antigas. O apóstolo Paulo pede que elas usem o véu como sinal de submissão (I Coríntios, 11,10).

Como vimos, aqueles que usam o nome de Deus para trazer dor e sofrimento a inocentes não agem de acordo com o Corão. O islã, semelhante ao judaísmo e cristianismo, contém ensinamentos que tanto podem trazer paz às pessoas e ao mundo, bem como infelicidade e injustiças. Vai depender do que o devoto acreditar que foi recomendado por Deus e o que foi recomendado pelos homens.