O que significa blasfêmia contra o Espírito Santo, o pecado imperdoável?

Cristiano Batista dos Santos. Th.B*

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Não são poucas as pessoas que já se perguntaram –com medo– se não teriam blasfemado contra o Espírito Santo em algum momento. Já recebi perguntas de pessoas desesperadas, achando que pecaram contra o Espírito e não serão perdoadas e salvas por Deus, o Eterno, tendo assim como destino o aniquilamento no Juízo final. Consigo entender seu desespero, pois a Bíblia Sagrada diz que esse pecado é imperdoável. “Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada”. Evangelho Segundo São Mateus 12.31.

Para compreender bem essa difícil passagem precisamos entender seu contexto. Tudo ocorreu quando Jesus, o Cristo fez a cura de um endemoninhado cego e mudo. Mateus 12.22. Essa cura provocou admiração na multidão, que buscava encontrar respostas ao que presenciaram, vv. 23 e uma reação negativa por parte dos fariseus, que acusaram Jesus de estar a serviço do Diabo, vv. 24. Jesus é duro com eles e, nesse contexto, declara que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada nem nesse mundo nem no porvir, vv. 32.

Mas como entender o que é essa blasfêmia mencionada por Jesus? Tem-se entendido que essa expressão está ligada a um “pecado eterno” e não a um “juízo eterno”. Isso significa que a pessoa que blasfema contra o Espírito Santo não é aquela que de alguma forma fez algo contra Deus, mas tem seu coração arrependido, mas é aquela que, por causa de seu coração duro –à semelhança dos fariseus– não se arrepende de sua atitude contumaz contra o Espírito de Deus. Nesse sentido elas permanecem em um estado de incredulidade tal que não se arrependem e, por isso, não são perdoadas. Assim, não é um único pecado que traz a elas o juízo de condenação de Deus, mas o fato de se manterem nesse estado de “pecado eterno” sem arrependimento.

Algumas pessoas têm dificuldades de entender isso na prática. Será que eu já blasfemei contra o Espírito Santo e não sou salvo? Será que estou debaixo desse pecado imperdoável por tudo que fiz no passado? Será que já cometi esse ato e não terei mais oportunidade de ser agradável aos olhos de Deus, de gozar a salvação e participar da nova terra, o lar dos remidos?

De forma prática, muito mais fácil do que entender com exatidão o que Jesus quis dizer nessa passagem, é entender que se alguém tem sinais de arrependimento de seus pecados em seu coração, crê em Jesus Cristo como o Salvador, crê no poder de Deus, etc., essa pessoa não pode ter cometido o pecado imperdoável. Sinais de arrependimento, esses são sinais claros de que a pessoa não cometeu esse pecado.

D. L. Moody diz que “A essência do “pecado eterno” é a atitude do coração que sustenta o ato.”. Isso quer dizer que o coração daquele que está embrenhado nesse pecado, sempre sustentará esse pecado com uma atitude de incredulidade para com Deus, sem nenhum arrependimento dele. Ou seja, quando alguém tem uma atitude de credulidade evidente, não pode estar debaixo desse pecado. Assim, não há motivo para se desesperar achando que você pecou contra o Espírito Santo e não será mais perdoado. O próprio desespero em não ser perdoado é uma mostra do quão grande desejo se tem de ser perdoado por Deus e ter a paz do Espírito. Aquele que permanece no pecado imperdoável nunca sentirá isso em seu coração impenitente e duro, nunca se preocupará se cometeu ou não esse pecado.

Pois bem, as pessoas do Deus Triúno vivem numa sublime e eterna relação de inter dependência e de cooperação. Ao mesmo tempo em que se sabe a individualidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, também se sabe que um não é sem o outro. Assim, os três são um. Lendo Atos 5.3-4 e João 14.16-17, poderemos perceber que, além de o Espirito Santo ser uma pessoa, ele é da mesma essência de Jesus Cristo, ou seja é Deus – Conferem com Hebreus 9.14; Jó 33.4; Isaias 11.2; I Coríntios 2.10; Romanos 15.19; Salmos 139.7 e II Pedro 1.21.

O próprio Jesus em Mateus 28.19 ordena: ... em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. De igual modo, a benção apostólica diz: A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espirito Santo sejam com todos vós – II Coríntios 13.13. A formula triunitariana, é a mais bela e rica benção de todo o Novo Testamento. Em outros textos, tais como: João 14.26; Atos 2.32-33; I Coríntios 12.4-6; Efésio 4.4-6 e Judas 20-21, temos visivelmente constatada a distinção entre as três pessoas que a compõem. Deus não é um ser monopessoal. Em Gênesis 1.26a diz-nos: façamos..., ali o verbo "fazer" aparece no plural, quando o Criador se refere a si mesmo.

*Cristiano Batista dos Santos. Teólogo. Pós-Graduando em Psicanálise Clínica, pela Faculdade Teológica Nacional. Doutorando em Teologia, -com doutoramento em “Os dogmas essenciais do cristão saudável”- pelo Seminário Teológico Evangélico Bíblico. Bacharel em Teologia, pela Faculdade Teológica Sola Scriptura.

Secularmente é: Consultor Controller. Jornalista. Técnico Contábil, formado pela ETECBRAS – Escola Técnica do Brasil. Bacharelando em Direito, pela Estácio FASE. Conselheiro titular do CEER/SE - Conselho Estadual de Emprego e Renda de Sergipe. Diretor nacional da UST – União Sindical dos Trabalhadores. Colunista do Portal Recanto das Letras. Já desempenhou funções e cargos de relevância nos poderes Executivos de Laranjeiras/SE e Barra dos Coqueiros/SE e no Legislativo de São Cristóvão/SE. Ex-Conselheiro titular no CDCA - Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente de Laranjeiras/SE.

Cristiano Batista dos Santos
Enviado por Cristiano Batista dos Santos em 06/02/2015
Reeditado em 10/09/2015
Código do texto: T5128123
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