O foco e a claridade

O foco e a claridade

Fenômeno que não se viu ainda é o da claridade fulgurante sem um foco a irradiar-lhe a luminescência.

O dia que em seu esplendor nos permite o gozo da visão nítida nada seria sem o sol que lhe serve por combustível.

A visão noturna do automóvel só se torna possível ante os faróis que lhe alimentam ininterruptamente.

Assim também o é no plano da espiritualidade.

Nenhum bem se sustenta sem as mãos que o propagam.

E nenhum progresso na seara do Cristo se constrói sem o alicerce da intenção calcada no amor ao próximo.

O amor universal, o bem, a paz, a solidariedade, a luz, o perdão, a tolerância são valores que se apresentam tais quais os reflexos de um grande foco luminoso.

Podemos, às vezes, ficar inseguros quanto à existência de um Poder Superior, uma Inteligência Magna e Infinita porque ainda não podemos visualizá-la diretamente.

Mas não podemos negar a evidência que de Algo Maior impulsiona o mundo e lança o dia clareando sobre a noite da ignorância nos conduzindo ao progresso.

Nada é feito nos estertores da pressa e do afobamento e aos poucos, passo por passo, lição por lição vamos aprendendo a arte de viver e ser felizes.

Diz o filósofo Kardec que “só se é feliz na exata medida em que já se sofreu nesta terra” porque a felicidade é um estado do ser que amadurece e ama.

O bojo das provas pelas quais todos passarão se assemelha a fúria da natureza contida numa tormenta.

Por mais abalos e danos que possa provocar e por mais tempo que possa durar, terá que se curvar ante a soberana realidade de um novo dia.

Sua fúria não calará para sempre o canto dos passarinhos e nem extinguirá a brisa que suavemente nos refrescará a pele.

Se pudermos ancorar a esperança nas coisas que não se vêm, mas que pela certeza de que acontecerão, nos arrebatam do abismo do pessimismo, tudo se torna uma questão de tempo e de paciência.

Basta fechar os olhos e prestar a atenção à canção de nosso coração, aquela composta pela nossa pulsação, pelo fôlego que nos anima, pela gratidão que sentimos pelo bem que nos sucede, pela paz que momentaneamente desfrutamos, pela companhia de quem amamos e pela certeza das infinitas possibilidades que nos são concedidas a cada instante.

Assim vamos fazendo a travessia da vida no rio do tempo que temos.

Pedro Rocha