Homilia Pe. Ângelo Busnardo- Pentecostes (Espírito Santo)

PENTECOSTES

24 / 05 /2015

At.2,1-11 / Gl.5,16-25 (ou 1Cor.12,3b-.12-13) / Jo.15,26-27;16,12-15 (ou Jo.20,19-23).

A Trindade é constituída de Três Pessoas Divinas distintas e indivisas que formam um único Deus. As Três Pessoas foram anunciadas no Antigo Testamento, no momento da criação, mas reveladas somente no Novo Testamento. Enquanto o Pai criava o universo, o Filho e o Espírito Santo estavam presentes sob a forma do Verbo (Jesus) e de um vento impetuoso (o Espírito Santo): 1 No princípio Deus (Pai) criou o céu e a terra. 2 A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o Oceano e um vento impetuoso (Espírito Santo) soprava sobre as águas. 3 Deus disse: “Faça-se a luz” (Verbo = Jesus)! E a luz se fez (Gn.1,1-3). Apesar de as Três Pessoas da Santíssima Trindade ser inseparáveis, a ação da Trindade é exercida por uma das Pessoas. Na criação é o Pai quem age, na redenção é Jesus quem age e na santificação é o Espírito Santo quem age. O Pai e Jesus já completaram sua ação específica em favor da humanidade. A partir de Pentecostes entramos no tempo de Espírito Santo. A função do Espírito Santo consiste em mover os seres humanos a se apoderar da salvação que foi colocada à disposição de todos através da encarnação, morte e ressurreição de Jesus.

O Espírito Santo move o indivíduo a crer em Jesus, a pôr em prática a doutrina ensinada por Jesus e a procurar os sacramentos instituídos por Jesus e confiados exclusivamente à Igreja Católica fundada por Ele. Todos os seres humanos são criaturas de Deus. Com seus méritos divinos, Jesus colocou à disposição de todos os seres humanos a possibilidade de se tornar filhos adotivos de Deus: 11 Veio para o que era seu, mas os seus não a receberam. 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,11-13).

O Espírito Santo move os serves humanos sem impor. A ação do Espírito Santo deixa a pessoa livre para aceitar ou rejeitar a proposta de salvação. O Espírito Santo age sobre todos, mas de forma diferente de acordo com a situação espiritual de cada indivíduo. Aquele que foi batizado pela Igreja Católica e está em estado de graça é templo da Trindade: 22 Judas, não o Iscariotes, perguntou-lhe: “Senhor, por que razão te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23 Jesus lhe respondeu: “Se alguém me ama, guarda minha palavra; meu Pai o amará, (Nós, a Trindade) viremos a ele e nele faremos morada (Jo.14,22-23). Naquele que é templo da Trindade o Espírito Santo age por dentro, procurando induzi-lo a procurar a perfeição. Aquele que não recebeu um batismo válido ou, apesar de ter recebido o batismo, vive em pecado mortal o Espírito Santo age por fora tentando induzi-lo a procurar os sacramentos para tornar-se filho adotivo de Deus: 15 Se me amais, guardareis meus mandamentos. 16 Eu pedirei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito , que estará convosco para sempre. 17 Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis porque permanece convosco e está em vós (Jo.14,15-17).

Na infusão do Espírito Santo em Pentecostes, as duas distintas ações do Espírito Santo podem ser constatadas. O Espírito Santo se manifestou como um vento impetuoso que atingiu Jerusalém e arredores: 1 Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que estavam sentados (At.2,1-2). A ventania forte que, apesar de intensa não provocou nenhum estrago, se concentrou sobre o cenáculo. Movidos pelo fenômeno, as pessoas que estavam em Jerusalém foram até o cenáculo. Como ninguém, exceto os apóstolos, tinha recebido o batismo, o Espírito Santo não pôde agir por dentro, mas induziu o povo a procurar os apóstolos que podiam conferir-lhe os sacramentos. Os apóstolos já tinham recebido os sacramentos. Neles o Espírito Santo entrou e os tornou aptos a anunciar o Evangelho à multidão que se reuniu na frente do cenáculo.

Os dons carismáticos são instrumentos de trabalho que o Espírito Santo infunde em membros da comunidade por Ele escolhidos que decidem servir a comunidade. São Paulo divide os dons carismáticos em três grupos: dons propriamente ditos atribuídos ao Espírito Santo, ministérios atribuídos a Jesus e operações atribuídas ao Pai: 4 Há diversidade de dons mas um mesmo é o Espírito (Espírito Santo). 5 Há diversidade de ministérios mas um mesmo é o Senhor (Jesus). 6 Há diferentes atividades mas um mesmo é Deus (Pai) que realiza todas as coisas em todos (1Cor.12,4-6).

A tendência da carne é incompatível com o desejo do Espírito, pois a carne tende para o pecado e o espírito busca a santidade: 16 Digo-vos, pois: Andai em espírito, e não satisfareis a concupiscência da carne. 17 Porque a carne tem tendências contrárias aos desejos do espírito e o espírito possui desejos contrários às tendências da carne. Ambos são contrários um ao outro a ponto de não fazerdes o que quereis (Gl.5,16-17). Aquele que é dominado pelos desejos da carne serve a satanás e aquele que é induzido pelos desejos do Espírito serve a Deus.

Os frutos da carne são: prostituição, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçarias, ódios, discórdias, ciúmes, iras, rixas, dissensões, divisões, invejas, bebedeiras, orgias. As obras da carne levam para o inferno: 19 Ora, as obras da carne são manisfestas, a saber: prostituição, impureza, libertinagem, 20 idolatria, feitiçarias, ódios, discórdias, ciúmes, iras, rixas, dissensões, divisões,21 invejas, bebedeiras, orgias e outras como estas, das quais vos previno como fiz antes, pois quem praticar tais coisas não será herdeiro do reino de Deus (Gl.5,19-21). Aquele que se deixa levar pelos desejos da carne é arrogante, prepotente e mentiroso.

Os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, longanimidade, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, continência. Os frutos do Espírito levam para a santidade: 22 Os frutos do espírito são: caridade, alegria, paz, longanimidade, afabilidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, continência. Contra estes não há Lei (Gl.5,22). Aquele que se deixa levar pelos desejos do Espírito é humilde, caridoso, prestativo, fiel, confiável e sincero.

Jesus se encarnou e morreu na cruz para obter de Deus Pai o perdão para os pecadores. Por isto, na primeira visita que fez aos apóstolos reunidos no dia da ressurreição infundiu-lhes o Espírito Santo com o objetivo de conferir-lhes o poder de perdoar os pecados: 21 Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. 22 Após essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados não serão perdoados” (Jo.20,21-13). Jesus condicionou o perdão dos pecados à absolvição dada pelos membros ordenados da comunidade e estabeleceu isto de forma categórica de modo que, em condições normais, aquele que não procura a absolvição dada por um padre ou bispo não recebe o perdão de Deus. Se Jesus tivesse dito apenas “a quem perdoardes os pecados serão perdoados” poderíamos que este é um meio para obter o perdão, mas pode haver outros meios. Dizendo “a quem não os perdoardes não serão perdoados” Jesus exclui que se possa obter o perdão dos pecados sem recorrer ao sacramento da penitência. Obviamente, o perdão está condicionado também ao arrependimento sincero e a um propósito firme de evitar o pecado.

Em casos extremos, quando uma pessoa e surpreendida por um fator inesperado, como um acidente ou um enfarte fulminante, que a impede de recorrer a um padre ou bispo, o perdão dos pecados pode ser obtido por um arrependimento sincero.

Código : domin935

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Angelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 22/05/2015
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