Sacrossanto Maná dos Altares

SACROSSANTO MANÁ DOS ALTARES

Antônio Mesquita Galvão

É inegável o fato de que Deus sempre tem um projeto para que a pes-soa seja feliz, assim como a constatação de que Jesus está sempre de braços abertos, pronto para conduzir, aqueles que desejarem, à casa do Pai. Jesus afirma, em mais de uma passagem de seu evangelho que, aquele que o ama será amado pelo Pai, e os dois virão (sob as luzes do Espírito) e farão morada no coração de quem demonstra essa fidelidade e esse amor ao Deus Uno e Trino.

Anualmente, os católicos do mundo inteiro comemoram, sempre numa quinta-feira, data da instituição da Eucaristia, a Festa do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, antes romanicamente chamada de Corpus Christi. Em ado-ração a Jesus, presença no Santíssimo Sacramento do Altar, a Igreja celebra, desde o século XIII essa festa, como participação popular no mistério daquilo que os santos, os Pais da Igreja e os teólogos chamaram de “sol dos sacramentos”. No ano de 1246, Santa Juliana, de Cornillon-Mont, França, iniciou em sua comunidade de religiosas, em Liége, uma celebração em homenagem ao Corpo de Deus, presença viva e real no sacramento da Eucaristia, que mais tarde se estenderia ao mundo todo.

Ao cristão que ama a Deus, que nunca rejeita sua presença nem usa indevidamente seu Santo Nome, aquele que lê os evangelhos e se apressa a colocar seus ensinamentos em prática, através de uma caridade discernida e efetiva, esse nunca será decepcionado. Igualmente, aquele que reconhece e adora a presença de Jesus no mistério do Sacramento da Eucaristia, esse nunca terá sua esperança defraudada. São inúmeros, no decorrer da histó-ria do cristianismo, os exemplos e sinais realizados pela graça de Deus em favor de quem tem fé.

Depois do Concílio Vaticano II (1965), a Igreja celebra Corpus Christi como festa do “Corpo e sangue de Cristo”, numa clara alusão ao inestimável dom da Eucaristia. Conforme tradições germânicas do século XV, a procissão do Corpo de Deus ao passar pelas ruas da cidade devia fazer uma parada em quatro altares estrategicamente montados, ornamentados pelo povo, onde eram cantados hinos eucarísticos e o ostensório, onde era levado o Santíssimo Sacramento, era incensado. Em cada um desses locais era dada uma bênção. Eu disse estrategicamente, pois os quatro altares aludidos, co-locados em esquinas ao longo do caminho, eram instalados voltados para os quatro pontos cardeais, simbolizando a universalidade da Igreja e sua mis-são de testemunhar Cristo “até os confins da terra”.

A Eucaristia é o Sacramento do amor. Deus nunca nega seu amor, sua graça e sua comunhão àqueles que crêem. Ninguém que tenha fé fica excluí-do da graça.

“Sacrossanto maná dos altares, corpo e sangue do meu Redentor...

Reverente minha alma te adora, e eu te adoro Mistério de Amor”.

O autor é Filósofo e Moralista (Doutor em Teologia Moral)