FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA DA COMUNIDADE FILHOS DO CÉU

Todas as atividades realizada na Comunidade Filhos do Céu, bem como a terapia ocupacional e orações comunitárias, estão embasadas em uma visão integral do ser humano. Nossa espiritualidade bíblica e teológica surge a partir de uma reflexão acerca da Sagrada Família, a família de Jesus, encontradas nos textos bíblicos de Lucas 1,26-35 anunciação do nascimento de Jesus e Mateus 1,18-25 nascimento de Jesus.

a) Anunciação do Nascimento de Jesus ( Lc 1,26-35 )

Olhamos para a figura de Maria, que é plenamente a Virgem do Advento. Ela é a nova mulher, a serva do Senhor, a Cheia de graça, a filha de Sião que representa o novo e antigo Israel. O seu sim se transforma em sim da nova aliança. Nela se resume as esperanças do seu povo, Maria coopera no mistério da redenção, aceitando ser a mãe do Filho de Deus.

Olhando para Maria, podemos contemplar a sua grandeza, ela è a “cheia de graça” a “Mãe do Redentor”, a “arca da Aliança”. Ela é a mulher central da história da salvação. Em Maria, a nova Eva, a maternidade, livre do pecado e da morte, abre-se para uma vida nova.

A Igreja nos convida hoje a acolher com fé o mistério da salvação realizado em Maria modelo de esperança para todos.

“26. No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,

- O Anjo se apresenta a Maria só no sexto mês do anuncio a Zacarias. o texto diz “apareceu” a Maria, “Foi mandado”. É importante também sublinhar que enquanto o Anjo aparece a Zacarias no centro espiritual do judaísmo, no lugar sagrado do Templo de Jerusalém num momento em que oficiava a liturgia, agora foi enviado a uma jovem menina humilde, numa escura cidadezinha de Nazaré.

27. a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.

- Maria era uma virgem, vem repetido duas vezes neste versículo para evidenciar a concepção virginal de Jesus. Lucas como Mateus, indicam que Maria não tinha ainda celebrado o casamento (Mt 1,18),que era o início de uma vida matrimonial juridicamente.

28. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.

- Disse-lhe “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Ou melhor “Ave”. O Anjo apela à alegria messiânica, eco do convite dos profetas à Filha de Sião, pela vinda de Deus em meio ao seu povo. Maria representa a nova Jerusalém no qual Deus fixa no seu ventre a sua morada. Cheia de graça Deus dá um nome novo a Maria, que significa Favorita, Privilegiada, Amada. Assim Maria recebe a graça de acolher na fé as outras mensagens do Anjo como revelação de Deus .

29. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.

- Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação Maria não se perturbou. A surpresa de Maria dá ao Anjo a oportunidade de explicar tal anuncio.

30. O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.

- Depois do anuncio, comunica a mensagem que é o anúncio do nascimento e missão do Messias. O anúncio é idêntico aquele de Zacarias (1,13.15-16), a Maria porém vem acrescentado o texto de Isaias: O Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a jovem concebeu e dará à luz um filho e pôr lhe á o nome de Emanuel.

31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.

- Maria recebe a incumbência de dar o nome a Jesus, como também Zacarias a João (1,13), em Mateus é José que deve colocar o nome assegurando, assim, a paternidade salvídica de Jesus (Mt 1,21).

32. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,

- O Anjo a Zacarias disse que João seria “grande diante do Senhor...” (1,15), de Jesus diz que ele “será grande, será chamado Filho do Altíssimo”. A grandeza do Messias se revela na sua pequenez, no seu modo de servir aos pobres e humildes (Lc 9,48; 22,26-27; Jo 13,14-17; Heb 4,14-16; 13,20; Tt 2,13).

33. e o seu reino não terá fim.

- O reino será eterno.

34. Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?

- Maria se assusta e pede explicações dialogando com o Anjo “como acontecerá isso”, não no sentido de que ficou perturbada, ela é disponível para acolher o Verbo, mas pergunta em que modo acontece pois é uma jovem esposa. Ao contrário de Eva Maria é reflexiva, conversa com o Anjo, e ele da explicação mais certa.

35. Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.

- “Maria é a nova Tenda, e aceita com fé a proposta divina declarando-se a serva do Senhor, modelo do discípulo cristão e mãe da humanidade. No momento da anunciação Deus se empossasse verdadeiramente do seio de Maria por isso também “àquele que nascerá será santo e chamado Filho do Altíssimo”

b) Nascimento de Jesus ( Mt 1,18-25 )

"Ora, Jesus Cristo foi gerado deste modo:

Maria, sua mãe, estava compromissada com José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo.

José seu marido, era justo e, não querendo denunciar Maria, teve vontade de desligar-se dela discretamente. Estava pensando nisso, quando o anjo do Senhor lhe apareceu, em sonho, e lhe disse:

"José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria como tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar seu povo dos seus pecados".

Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo Profeta: "Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome Emanuel, que significa: Deus-conosco".

Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa. Não teve relações com ela, até que ela deu à luz o filho. E ele lhe deu o nome de Jesus."

“18. Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.

- Tendo excluído a paternidade humana na geração de Jesus, a genealogia deixou sem explicação a participação de José no nascimento do Messias. Para superar esta lacuna, José é apresentado como um discípulo fiel que se deixou guiar por Deus e, assim, mesmo sem ter evidências, aceitou colaborar na obra da salvação.

19. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.

- Maria, noiva de José, encontra-se grávida por obra do Espírito Santo. Enquanto José pensa em abandoná-la secretamente, o Anjo revela-lhe em sonhos o projeto de Deus: Maria dará à luz o Salvador esperado. José, homem justo cf. v. 19), acolhe com fé e simplicidade o projeto de Deus, recebe Maria como esposa, e reconhece legalmente o filho que está para nascer, transmitindo-lhe todos os direitos próprios de um descendente de David. Ao dar-lhe o nome de Jesus, que qualifica a sua missão, cumpre a vontade de Deus. Mesmo fora dos laços de sangue, Jesus é da linhagem de David, como demonstra Mateus ao citar Is 7, 14: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus conosco»(v. 23).

20. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.

- O esposo de Maria foi definido como sendo um homem justo. Em suas dúvidas a respeito da noiva que se apresentara grávida, soube ouvir a voz de Deus e submeter-se a ela. O pedido de Deus era claro: José deveria acolher Maria como esposa e assumir, como filho, o que nela fora gerado por obra do Espírito Santo.

21. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.

- A função de José no plano da salvação seria a de garantir a identidade social do menino Jesus. Doravante, este seria reconhecido como filho de José, embora fosse Deus seu verdadeiro Pai. Em seu papel de pai adotivo, competia-lhe dar, ao menino, o nome - Jesus - e, com isso, evidenciar sua missão de salvador da humanidade.

22. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:

- Ao mesmo tempo, verificamos que o cumprimento desta promessa, tão longamente preparado, não se realiza sem um drama pessoal e muito doloroso. José pensava ter de renunciar a Maria, ter de renunciar a casar com Ela. Os grandes dons de Deus são geralmente precedidos de grandes sofrimentos. Deus quer alargar-nos o coração, demasiado pequeno para receber os seus dons. Uma vocação não se realiza sem drama e sofrimento: seja a vocação matrimonial, sejam as diversas vocações de consagração e de serviço na Igreja. Não ter em conta, ou esquecer essa realidade explica provavelmente muitos fracassos na fidelidade à própria vocação.

23. Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel

(Is 7, 14), que significa: Deus conosco.

- Deus, para realizar o seu desígnio de amor e de salvação, serviu-se dos homens que veneram a sua vontade, muitas vezes misteriosa. José é um deles. Vivendo na fé e escondido, colaborou com Deus na história da salvação. No filho de Maria e de José, que está para nascer, Deus revela-se Emanuel, «Deus conosco».

24. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.

- A obediência de José possibilitou o cumprimento do projeto salvífico divino, pois Jesus tornar-se-ia o Emanuel, a presença de Deus na vida da humanidade. Em Jesus, começaria uma nova etapa da História, sendo ele o acesso definitivo a Deus. Seria Deus conosco, caminhando com a humanidade pecadora em busca de salvação. Em tudo isto, foi grande o mérito do humilde José.

25. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus.

- O evangelho de hoje mostra-nos a realização da profecia de Jeremias: «farei brotar de David um rebento justo - diz o Senhor - ». José, filho de David recebe o anúncio desse nascimento próximo, também anunciado por Isaías: «Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho». O homem justo não é aquele que teoriza, mas aquele que lê os acontecimentos da vida à luz da Palavra de Deus. Estar disposto a obedecer a Deus, é uma condição prévia para entrar em diálogo com Ele e "entrar" nos seus projetos em favor dos homens. Maria e José, verdadeiros pobres, tinham essa disposição. Por isso, puderem ser chamados a colaborar e colaboraram efetivamente no grandioso projeto da nossa salvação realizado em Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado.

Painho
Enviado por Painho em 19/06/2017
Reeditado em 19/06/2017
Código do texto: T6031377
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