Quem foi Roustaing

Jean Baptiste Roustaing, contemporâneo de Kardec, foi um espírita da primeira geração e chegou a trocar algumas correspondências com o Mestre de Lion no tempo em que Allan Kardec estava preparando a codificação.

Nascido em 1805 uma família católica de Bordeaux na França e mesmo tendo abraçado o espiritismo e se tornado um estudioso e divulgador da doutrina, jamais negou ou abandonou a religião em que fora batizado. Essa sua crença e a sua permanente ligação com a teologia católica viria a influenciar toda a sua obra de forma que ele se tornou um católico espírita.

Concluiu seus estudos iniciais em Bordeaux e seguiu para Toulouse fazer o curso de direito. Esgotados os recursos da família, tornou-se professor de literatura, ciências, filosofia e matemática, conseguindo desse modo o seu diploma de direito.

Estagiou em Paris, e em 1830 de volta para a sua terra natal, ingressa na advocacia, é eleito secretário e mais tarde também bastonário do Conselho da ordem dos advogados.

Por volta de 1860, casa-se com sua prima a viúva Elisabeth Roustaing e na mesma época trava conhecimento com os fenômenos das mesas girantes e com as comunicações com os espíritos, que já eram estudados por Alan Kardec, mas mostra-se cético quanto algumas informações e experiências.

Mesmo meio descrente, começa a ler o livro dos espíritos e a consultar livros de filosofia profana e religiosa, inclusive o Velho e o Novo Testamento e a buscar na literatura e na história, desde a antiguidade, como os povos encaravam essa relação entre o mundo real e o mundo espiritual.

Apesar da sua incredulidade, em junho de 1861 aproxima-se da família espírita de Émile A. Sabó freqüenta algumas sessões e seis meses mais tarde conhece o casal Charles Collignon, cuja esposa Emilie viria a ser a sua principal médium e a psicografar as suas obras.

Até o seu falecimento em 1879, com ajuda da médium Collignon, Roustaing publica vários artigos de cunho espiritualista, mas sua principal obra é, sem duvida, os quatro livros que foram condensados e ficaram conhecidos com o “Os quatro Evangelhos de J.B. Roustaing” que o próprio autor, afirma haverem sidos ditados por Moisés e os Apóstolos e denominados por ele como a Revelação da Revelação.

Segundo os espíritas mais ortodoxos, esse livro se caracteriza por graves contradições doutrinarias em relação ao Espiritismo, por apresentarem uma posição favorável à existência das almas e outras diferenças mais físicas como a localização da memória no perispírito, o que contraria a teoria básica.

Outros alegam que O livro comete um erro primário quando diz que não recomenda a ninguém que se façam invocações de espíritos, e que seria mais seguro esperar que as manifestações ocorressem espontaneamente. Já o codificador, Alan Kardec, diz exatamente o contrário, que as espontaneidades é que são as mais perigosas.

Controvérsias e antagonismos com a codificação kardequiana sempre houve tanto no Velho como no Novo Mundo, principalmente tendo como foco a fé e a fraternidade entre espíritas e católicos.

Apesar disso, como o conteúdo desse livro compreende comentários dos espíritos é, portanto, considerado, um livro mediúnico que inclusive serve de base para grandes palestrantes espíritas atuais, mas que, quase sempre, são obrigados a esconder essa fonte.

Na Federação Espírita Brasileira, existe uma velha polêmica porque ela teria sido fundada por seguidores de Roustaing, mas a verdade é que hoje Roustaing é anatematizado pela FEB sob a alegação de que os seus quatro Evangelhos deturpam e confundem a obra de Kardec.

Para contrapor esse antagonismo histórico achamos por bem informar aqui, que o Sr. Osvaldo Polidoro, fundador da seita espírita Divinismo, foi realmente um dos fundadores da FEB, e exatamente por seguir a orientação roustainguiana, se indispôs com seus confrades kardecistas, se desligou da federação e criou sua própria crença.

Por outro lado, não podemos negar que o espiritismo roustainguiano foi o mesmo seguido por Pietro Ubaldi, Gabriel Delanne e Bezerra de Menezes que, como os demais católicos espíritas, usava como referência as obras de Roustaing.

Assim como Kardec teve por missão codificar obras básicas Roustaing, incontestavelmente, deu também a sua contribuição ao espiritismo tentando unir, numa mesma doutrina, tanto a teologia católica quanto a crença na reencarnação e na comunicação com os espíritos visto que o livro os quatro evangelhos enfoca o lado religioso do espiritismo.

Para Roustaing, quem estraga o espiritismo são exatamente os espíritas que para contrabalançar a teoria católica de que fora da igreja não há salvação, dizem que fora da caridade não há salvação, o que nos levaria a crer que para se salvar devemos estar dentro de uma ordem, doutrina ou religião.

Jhon Macker
Enviado por Jhon Macker em 17/11/2017
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