A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NA CLÍNICA PASTORAL (PARTE III)

Gay (2012)(*) informa que Sigmund Freud, que nasceu em seis de maio de 1856, cresceu entre charadas e confusões suficientes para despertar o interesse de um psicanalista, incluindo o que ele chama de desconcertante trama de relações familiares. Vivenciou verdadeiros mistérios em sua infância e esses deixaram sedimentos em seu inconsciente, os quais Freud somente os reprimiu ao longo de vários anos, por meio de sonhos e de uma trabalhosa autoanálise, no final da década de 1890.

Além dos problemas familiares, Freud enfrentou dificuldades econômicas em seus primeiros anos em Viena. Talvez essa seja uma das razões por que ele fazia alusão à cidade como prisão. Não obstante essa referência, foi lá que Freud desenvolveu as teorias que deram origem à Psicanálise.

Mesmo havendo sido gestada em Viena, Freud não via a Psicanálise como propriedade ou exclusividade do lugar. Aos críticos, aqueles que consideravam a Psicanálise um fenômeno especificamente vienense, Freud rebatia veementemente. De fato, como registra Gay (2012, p. 27)(*), “Freud poderia ter desenvolvido suas idéias em qualquer cidade que contasse com uma faculdade de medicina de primeira ordem, e um público culto suficientemente rico e numeroso que lhe trouxesse pacientes”.

Com a Psicanálise, pode-se dizer que Freud trouxe à tona uma nova área do conhecimento, uma nova forma de ver e pensar o mundo. Isso lhe exigiu um preço. Segundo Gay (2012)(*), ao desenvolver a teoria da Psicanálise, Freud passou a ter mais inimigos e menos amigos do que gostaria. Entre esses poucos amigos, destaca-se Fliess, um otorrinolaringologista de Berlim que, ao chegar a Viena para aprofundar seus estudos, tornou-se um amigo íntimo de que Freud precisava para ser seu “ouvinte, confidente, incentivador, o primeiro a aplaudir, companheiro de especulações que não se chocava com nada” (GAY, 2012, p. 72)(*).

Um outro personagem de destaque na origem desse novo saber foi Breuer, um médico e fisiologista austríaco, de Viena, cujas obras, como se costuma dizer, lançaram as bases da Psicanálise. Pesquisas revelam que Breuer publicou ao todo cerca de 20 trabalhos em fisiologia nervosa num período de 40 anos, que fizeram dele um dos mais eminentes fisiologistas do século XIX (COBRA, 2003)(**). O caso mais famoso chama-se “Anna O.”. Trata-se de Bertha Pappenheim, uma paciente de quem Breuer conseguiu aliviar, por meio de hipnose e terapia de conversa, os sintomas de depressão e hipocondria (histeria), depois de induzi-la a recordar experiências traumatizantes sofridas por ela na infância. Gay (2012)(*) anota que o primeiro caso discutido no livro Estudos sobre a histeria, de Freud, publicado em 1895, remonta a 1880 – o histórico encontro de Breuer e Anna O. – e figura como o caso fundador da Psicanálise.

_________________

(*)GAY, Peter. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

(**)COBRA, R. Q. (2003). Resumos biográficos: Breuer, Josef. Disponível em: http://www.cobra.pages.nom.br/ec-breuer.html. Acesso em: 07.11.2015.

José Graciano Dias
Enviado por José Graciano Dias em 30/11/2017
Código do texto: T6186531
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.