VERONICA E TALITA, A HISTÓRIA DA IGREJA

E não deixou ninguém segui-lo, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.

Quando chegaram à casa do dirigente da sinagoga, Jesus viu um alvoroço, com gente chorando e se lamentando em alta voz.

Então entrou e lhes disse: "Por que todo este alvoroço e lamento? A criança não está morta, mas dorme".

Mas todos começaram a rir de Jesus. Ele, porém, ordenou que eles saíssem, tomou consigo o pai e a mãe da criança e os discípulos que estavam com ele, e entrou onde se encontrava a criança.

Tomou-a pela mão e lhe disse: "Talita cumi! ", que significa: "Menina, eu lhe ordeno, levante-se! ".

Imediatamente a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se e começou a andar. Isso os deixou atônitos.

Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém e mandou que dessem a ela alguma coisa para comer.

Marcos 5:21-43

PRIMEIRA PARTE

JAIRO

1 - Nós temos defronte a nós uma história muito conhecida da Igreja descrita em Marcos 5. Nessa passagem nós temos três tipos de pessoas, ou três situações: temos uma multidão que seguia a Jesus, um pai, onde sua filha estava morrendo e morreu, e uma mulher com um problema sério de hemorragia.

2- Mas essa história nós mostra mais do que só essas situações de cura, onde a mulher foi curada do seu fluxo de sangue continuo e a criança foi ressuscitada. As duas situações de cura tem um significado maior e profético para Israel e para a Igreja. Na maioria do tempo nós não enxergamos esse significado porque temos o costume de separar as situações, mesmo que a Bíblia nos mostre os milagres coligados.

3- Jesus estava ministrando a uma multidão e foi interrompido por um homem, Jairo, um dos líderes da Sinagoga. A origem das nossas Igrejas é a sinagoga, onde temos um púlpito, os escritos da Palavra e o publico que vai ali congregar para aprender, ou lhe ser revelado algo. Jairo era então um pregador, um líder, um religioso, sendo uma sinagoga, então ele era um judeu legítimo, seguidor das Leis de Moisés.

4- Sendo Jairo um líder de uma sinagoga, então ele estar ali, buscando Jesus, para que Jesus curasse a sua filha que estava morrendo de alguma enfermidade, era por si só uma sinalização enorme para a sua congregação. Se o líder da sinagoga estava buscando Jesus, o que dizer dos seus seguidores. Jairo sabia que não deveria estar ali. Com certeza ele veio com duvidas morais, interiores, e contra seus pares, que o acusavam de desviar-se da Lei de Moisés, para buscar esse Rabi: Jesus.

5- Para Jairo estar ali, buscando Jesus, publicamente, durante o dia, frente a uma multidão, era muita coisa. Jairo era um líder, uma autoridade e pedir que Jesus fosse na sua casa e colocasse sua mão na menina, para ela ficar curada, era algo muito grande, para ele e para seus familiares e amigos. Jairo estava derrubando barreiras enormes ao ir ali.

6- Entretanto nota-se que Jairo era um homem religioso, seguidor da Lei de Moisés e estar ali não era fortuito, de qualquer jeito. Jairo foi com um enunciado. Um enunciado é um discurso, uma fala, de algo já elaborado, pensado e definido previamente. Jairo chegou a Jesus com um enunciado, uma regra, uma lei, onde Jesus iria até a sua casa, imporia as mãos sobre a sua filha e ela seria salva e curada.

7- Algumas Bíblias conseguem captar esse final melhor do que outras, pois o sentido que Jairo falou não foi curada e viva, mas salva e curada. A ideia de salvação vem do Antigo Testamento. Jairo não veio desmunido perante Jesus, ele veio preparado. Ele pensou no que pedir e como pedir. Jairo chega com um regra, impõe as mãos e salve a minha filha. Isso é a teologia de um religioso e não exatamente o pedido de um pai. Com certeza Jairo soube por outros que Jesus ao tocar alguém, ele, ou ela era curada. Jesus entendeu que Jairo era um religioso, e ainda assim foi com ele para satisfazer o seu pedido, como ele pedira, mas no caminho Jesus começou a tratar com Jairo, que demonstrava ter a regra, a Lei de Moisés, mas não tinha ainda fé em Jesus.

8- E assim como foi com Jairo, é conosco. Ao começarmos a andar com Jesus, Deus, o Espírito Santo, começa a trabalhar a regeneração em nós, até chegarmos a sermos novas criaturas, e parecidos com Jesus. Essa obra não para nunca, s não ser que alguém tenha a coragem maligna de se desviar da Igreja. Não aguentar ser tratado por Deus é desejar viver na carne, na velha natureza pecadora e em sã consciência ninguém assim o faria.

9- Precisamos observar que o enunciado teológico de Jairo, ir até Jesus com regras para Jesus fazer para ele, do jeito dele (isso nos lembra tantas orações não é?), demonstra algo muito maior e pior. Para o enuncidado de Jairo, ele não precisa de Jesus, sua filha não precisa e Jesus, mas de um profeta, qualquer profeta, qualquer um. Jesus, naquele momento onde Jairo profere uma regra religiosa elaborada por ele, é só mais um em Israel, como tantos outros. Para Jairo, qualquer profeta com poder de Deus poderia impor as suas mãos sobre sua filha e ela seria salva e curada. Jesus, nesse momento é só mais um usado por Deus. Poderia muito bem ser qualquer um. Mas Jesus não é qualquer um.

10- Jesus estava ministrando a uma multidão e ocorreu uma interrupção, apareceu um pai, Jairo, pedindo que Jesus fosse até a sua casa e colocasse a sua mão sobre a menina e ela seria curada. Mas ai ocorreu outra interrupção - a interrupção da interrupção - e uma mulher com fluxo de sangue foi curada.

VERONICA – A MULHER COM FLUXO DE SANGUE

11- A multidão agora vem então movida para ver o que Jesus faria na casa de Jairo. De alguma maneira Jairo ainda era o líder da sinagoga, onde um multidão era acompanhada por Jesus e ele, Jairo, que dava o tom, levando todos à sua casa. Até aqui Jairo está ainda dono da situação, mas isso não durou muito, uma mulher parou a comitiva de forma inusitada. A tradição histórica diz que o nome dessa mulher era Veronica.

12- Veronica em algum momento da sua vida ficou doente com uma hemorragia que não parava nunca. As regras a menstruação, o sangramento veio para ela e não parava mais. Não sabemos como ela ficou doente, mas sabemos quando foi, há doze anos.

13- Ela e a família tentaram de todas as maneiras a cura, gastando todos os seus recursos com os médicos e nada resolvera até então. Ela sofreu muito, com vários tratamentos e gastou tudo o que tinha, mas ao invés de melhorar, ela piorava.

14- Quero te fazer entender um dado aqui que passa batido na maioria das nossas pregações. Os médicos fizeram com que o sofrimento de Veronica ficasse pior do que já era. Veronica sofreu muito nas mãos de vários médicos e nada resolveu. Isso nos fala que existe o jeito de Deus fazer as coisas e o nosso jeito de fazer. Será que não estamos fazendo do nosso jeito e a coisa não está piorando? E se começássemos a fazer do jeito de Deus, será que teríamos vitória? O que você acha?

15- Existe ao mínimo uma diferença gritante entre Jairo e Veronica. Jairo precisava de um profeta, qualquer um com autoridade de Deus, para fazer do seu jeito, o que ele queria. Essa mulher com fluxo de sangue, Veronica, entretanto, ouviu falar de Jesus e o observou com fé. Jairo o olhou pela ótica do líder religioso de uma sinagoga. Alguém falou com Veronica e ela adquiriu fé, implantada pelo Espírito Santo. Para essa mulher, Jesus se apresentava como o único no mundo, capaz de a curar, pois ninguém conseguira isso. Para Veronica Jesus não era mais um, era o único. Veronica estava a beira da morte a doze anos. Ela poderia ter morrido de sua enfermidade na primeira semana de sua doença, mas aguentou doze anos. Com certeza ela era cadavérica, anêmica, sem força alguma.

16- Além do agravamento de sua doença, existia outra coisa que enfraquecia muito Veronica. Pela Lei de Moisés, uma mulher com fluxo de sangue não poderia conviver com outros, pois iria transmitir impureza aos outros e sabemos pela Palavra que o ritual de purificação era demorado e complicado. Veronica a doze anos não poderia tocar seu marido ou filhos ou familiares. A sua vida era triste e solitária. Muitos leprosos viviam fora da cidade, proibidos de estarem com seus familiares. Não sabemos com exatidão como foi a vida de Veronica, após ela ficar doente, mas sabemos com certeza, que boa não foi. Veronica era triste, solitária e deprimida. Para ir até Jesus ela teve que passar pela sua depressão, sua tristeza e sua fraqueza física.

17- Ouvindo que Jesus passaria pela cidade Veronica então deu um jeito de ir até onde Jesus estava. Por haver uma multidão seguindo Jesus, comprimindo-o, ela pensou numa estratégia, ir por baixo, se arrastando e tocar na sua roupa ao menos, onde o Espírito lhe garantia, que ela seria curada. Ela assim o fez e imediatamente ao tocar nas roupas de Jesus, fora curada. Ela soube na hora que o mal acabara. O sangramento, impuro, feio, sujo, estranho, dolorido, mortal, acabara.

18- Jesus sabendo que saira de si poder, parou a multidão e perguntou alto, talvez aos gritos: Quem me tocou, quem me tocou. Isso era de um estranhamento enorme, como assim, quem te tocou, a multidão o apertava, comprimia-o e ainda assim não o tocava? Jesus sabia que alguém o tocara, pois sentira poder sair dele. Alguém com fé e com um enorme problema fora curada, salva, ajudada pelo Espírito Santo.

19- Temos uma visão errada, na maioria do tempo, a respeito de Jesus. Jesus é Deus, o Filho de Deus, que veio à Terra como um homem. Jesus é 100% Deus, mas veio na Terra como 100% homem. Isso se chama na teologia de A União Hipostática. Eu gosto das definições do pastor teólogo Paul Cheung, na sua Teologia Sistemática, com origens Reformadas que nos explica o assunto. Jesus iniciou o seu ministério no Batismo nas àguas e foi batizado, ou cheio do Espírito Santo, visitado pelo Espírito Santo no seu Batismo. Mas Jesus não era cheio desde o seu nascimento, pra que encher de novo no seu batismo nas águas? Jesus era cheio, ou salvo, desde o seu nascimento, mas a capacitação para fazer a obra iniciou no seu Batismo. Até ali Jesus não tinha as revelações necessárias ao seu ministério, porque ele não estava exercendo o ministério. Conforme ele andava, o tempo passava e ele orava e jejuava, ia ficando firme em seu coração uma enorme revelação para ele Jesus, que ele teve que descobrir em oração e jejum: Ele era filho legitimo de Deus, o único o primeiro e o ultimo. Nós somos filhos adotados.

20- Conforme Jesus caminhava o Espírito ia revelando as situações para ele. Alguém o tocara e ele não sabia quem era. Jesus teve que perguntar quem o tocara. No Antigo Testamento o impuro quando tocava o puro, contaminava o puro. No Novo Testamento, porém, em Jesus, o puro purificava o impuro. Nós cristãos não devemos ter medo de tocar em ninguém. A impureza, ou o pecado do pecador, não vai pegar em nós, se estivermos em Jesus e cheios do Espírito Santo.

21- Em 2017 eu preguei numa Igreja Pentecostal que nós devemos colocar óleo na testa das pessoas doentes (não aconselho a colocar em outro lugar, não é necessário, pra que fazer diferente? A pergunta é: precisa? Precisa colocar a sua mão na ferida, ou no ventre ou na perna da mulher ou do homem, onde a Bíblia ensina isso?). Eu disse claramente que devemos impor as mãos sobre as pessoas e orar por elas, o que causou escândalo, onde alguns se revoltaram com essa Palavra, vindo falar comigo e discutirem, após o culto e rendendo conversa para alguns cultos e pregações. Quando Paulo falou a Timóteo não impor precipitadamente as mãos sobre as pessoas, para não ser participante de seus pecados, se referia a não ungir obreiros sem o devido tempo ou aprovação do Espírito Santo. Em outro tempo Paulo mandou ungir as pessoas e orar por elas. São coisas e situações diferentes. Ainda falando sobre orar pelo doente, em nosso tempo se criou uma fala religiosa não cristã, não bíblica, que devemos orar, sem fé. A fala é assim: Vamos orar, mas a cura vai ser se Deus quiser. Mas Deus quer. A Bíblia manda orar por todos os homens e mulheres e por todas as situações. De onde será que vem essas teologias sem fé? De Deus não é. Tem gente que tem medo de orar pelo endemoniado, com medo de ficar endemoniado. Eu já disse que estava num culto num lar e uma mulher ficou endemoniada, possessa, gritando, dando trabalho e o Espírito Santo me mandou abraçar a mulher. Eu falei: Como é que é Senhor? Abrace a mulher. Eu fui chegando perto dela, enquanto ela dava trabalho e ia gritando e fui abraçando ela na frente de todo mundo e a mulher parou de gritar e começou a chorar. Eu nem mandei o demônio embora e a mulher foi livre. Eu não estou mandando você abraçar endemoniado, mas comigo, naquela única vez, deu certo. Faça sempre do jeito de Deus.

22- Jesus soube que alguém o tocou com fé. A mulher com medo de ser apedrejada, pois era um impura, até tocar em Jesus, confessou que era ela. Nós muitas vezes não entendemos que os motivos de Jesus são outros. Quer ver? Qual é o real motivo da oração? Nós devemos orar pelo quê? Todo mundo vai opinar alguma coisa, não é? Mas teologicamente, biblicamente, qual é o real motivo que deve mover nossas orações. O real motivo é orar para que Deus mude a história humana. A nossa oração deveria ser sempre para Deus realizar a sua vontade na Terra. Ou melhor, a nossa oração deveria para saber o que Deus está fazendo na história. O exemplo maior disso é Daniel orando. Ele lendo os livros e fazendo contas matemáticas, teve a revelação de que era o tempo de Israel voltar de Babilônia. Daniel nos ensina que a nossa oração é para saber o que Deus está fazendo. Jesus mandou claramente não orarmos pedindo roupas ou comida, pois Deus sabe que precisamos disso. Mas do que são feitas a maioria das nossas orações, não são pedidos pessoais? E segundo a Bíblia não está errado? O foco das nossas orações deveriam ser o Reino de Deus e não as nossas vontades e necessidades.

23- Eu já falei tantas vezes e de tantas maneiras sobre a Igreja que me torno chato e cansativo. Para que uma Igreja é plantada num lugar? Não é para ganhar essa mesma comunidade? E porque ficamos tão envolvidos com nossos problemas intestinais, internos e não focamos na comunidade onde Deus nos colocou? O povo está lá, necessitado que façamos uma obra evangelística e ficamos só envolvidos conosco, Igreja. E o povo lá, os vizinhos ali e não somos relevantes aos nossos vizinhos da Igreja. Eu considero um verdadeiro fracasso, uma Igreja ficar muitos anos num lugar e não ter evangelizado nem os vizinhos da Igreja.

24- Descoberta a mulher Jesus proferiu uma importante palavra para ela: Filha a tua fé te salvou. Veronica, a mulher com fluxo de sangue, convivia com a sua enfermidade ha doze anos. Em doze anos ela aprendeu de todas as formas como ser excluída da sociedade. A sua restauração necessitava não só de ser realizada no corpo, mas na sociedade também. Jesus a chamando de filha, a restituía ao status de família. Com essa cura Jesus dizia que ela poderia ser mãe, esposa, filha, uma pessoa, novamente. Jesus a considerava apta a voltar à sociedade e à sua família. Imagine dizer uma palavra de carinho a uma pessoa que sofre discriminação a doze anos. Filha era mais do que um abraço, era uma manifestação clara de carinho, a alguém que esperava a morte a longo prazo e a morte instantânea, por apedrejamento, pois ela tocara o profeta, que a poderia repreender gravemente e até a mandar matar. Mas quando a gente pensa que Jesus vai nos condenar de vez, ele vem e nos perdoa. O se amor nos constrange. No primeiro julgamento na terra, com Adão e Eva, Deus poderia ter destruído a humanidade e feita outra, mas ele não o fez, dando-lhes chance de seguirem adiante. Vai e não peques mais.

25- Um dos personagens dessa narrativa é a multidão. Jesus estava ministrando a uma multidão, quando Jairo o interrompeu. A multidão acompanhou Jesus, enquanto esse ia à casa de Jairo. E por fim a multidão foi dispersa de ir até onde estava a menina que morrera. O que aprendemos com isso?

26- Segundo o Evangelho de João, Jesus ministrou durante três anos, pois vemos três ceias em João. Concluímos que as Ceias foram uma atrás da outra, sem maiores espaços. Sendo assim o ministério de Jesus durou uns três aos e pouco. No primeiro ano Jesus ministrou a menos pessoas, no segundo ano as multidões o acompanhavam. No terceiro ano vimos a diminuída dessa mesma multidão. Sendo assim a época de maior concentração das multidões foi durante o seu segundo ano.

27- Em muitos momentos Jesus denegriu as multidões. Um dos motivos é que as multidões aprenderam a tocar em Jesus, pois o tocando sai a dele poder. Só que eles queriam tocá-lo, mas não queriam mais ouvi-lo. Numa emblemática passagem, Jesus estava à beira da praia e as multidões o apertavam, mas não o ouviam, e ele pediu um barco emprestado e ficou pregando de longe, do mar. Jesus não confiava e nem gostava dos crentes da multidão, pois não encontrava neles compromisso e nem seriedade. O crente da multidão não tem compromisso, vai o dia e a hora que quiser buscar Jesus, e se desejar não ir, não vai. Nós conhecemos crentes assim, que chegam no culto só na hora da mensagem e saem antes do amém final, para não entrarem em contato com outras pessoas. Aos discípulos, aos seguidores, Jesus falava claro, mas aos da multidão falava em parábolas. ‘Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.’ Marcos 4:12

28- Nós pensamos em Igreja em níveis de muitas pessoas e devemos mesmo pensar isso. O que faremos com os agrupamentos, com as multidões, vamos mandá-los embora? Não, jamais. Imagino que precisamos de alguma forma inseri-los num ritmo de trabalho, dividindo-os em agrupamentos menores, onde todos terão que prestar contas de seus atos e seu tempo, até mesmo os pastores. Pra isso é necessário orar e ter o direcionamento do Espírito Santo. Não podemos imaginar que o Evangelho é só para grupos de cinqüenta em cinqüenta. Mas devemos tomar muito cuidado em termos multidões nos ouvindo, que são só gente que não podemos confiar. Jesus não confiava nas multidões do seu tempo, que eram somente interesseiras. Eles o acompanhavam porque comeram do pão. Isso é: tiveram seus desejos realizados.

29- Um pastor de multidões poderá estar realizando uma obra de total fracasso e um pastor de poucos membros, numa Igreja pobre, pode estar sendo mais vitorioso aos olhos de Deus do que o outro. A questão é o nível de conversão sendo gerado. O pastor está conseguindo gerar cristãos verdadeiros no meio de uma multidão? E o outro pastor está conseguindo gerar cristãos no meio dessa pouca gente? De repente nem o pastor de multidões e nem o pastor de poucos está gerando nada e isso precisa mudar. Qual é o nível de conversão de seus membros?

O TRATAMENTO DE JAIRO

25- A interrupção da interrupção, ou seja, a parada para curar a mulher com fluxo de sangue, quando Jesus estava indo na casa de Jairo, é uma parte do inicio do tratamento desse homem. A principio pareceria até que Jairo estava no controle da situação, mas ai vem a mulher com fluxo de sangue e Jesus para ao atendê-la. Jairo era um líder, um homem de autoridade e o que esperava-se é que ao ir na casa de Jairo, Jesus deixasse qualquer outra coisa para depois. Muito menos ir atender uma mulher, e só vai piorando, pois era uma mulher impura com uma hemorragia. Jairo era um homem de autoridade, reconhecido em sua comunidade, talvez dono de algumas posses, um judeu fiel e Jesus pára para ouvir uma mulher impura. Será que Jesus não notava o que estava fazendo? No caso de Jairo havia toda uma teologia envolvida, que não admitia muitas interrupções para dar certo.

26- A cada minuto que passava, a teologia de Jairo ia caindo por terra, pois as chances de sua filha melhorar iam indo embora. A menina estava morrendo e Jesus tinha que ir logo e impor as suas mãos e resolver o quanto antes o negócio. Depois de a menina estar fora de perigo ririam um pouco do acontecido, com certeza.

27- Mas enquanto Jesus cuida de Verônica, que fora curada de sua hemorragia, alguns que conheciam Jairo, e também demonstrando uma outra teologia, vieram lhe trazer a desagradável contestação que a sua filha morreu. Diante da morte não ficava mais de pé o enunciado de Jairo. A sua teologia acabou aqui. Mas não a dos seus amigos e talvez companheiros de púlpito e discussões teológicas. ‘Porque incomodas o “Mestre” – com certeza isso foi dito em tom de zombaria -, a sua filha morreu.’

28- A impressão clara que temos aqui é que eles já tinham falado mau desse novo Rabi (mestre) Jesus. Esses amigos de Jairo tinham uma teologia também, um enunciado, que dizia que esse moço Jesus não iria resolver o seu caso e não resolveu. A menina morreu. E essa era a prova que eles queriam para condenar a ida de Jairo até Jesus. Diante disso: o seu enunciado ter caído por terra, e diante da comprovação da teologia dos seus amigos, que não valeria a pena ir buscar Jesus, Jairo ficou sem mais o que falar. Não havia o que responder a Jesus, que até aqui ele o olhava como apenas mais um profeta, que poderia ser usado por Deus, ou poderia não ser usado. E no caso não foi usado e a sua filha morreu. Acabou-se todo enunciado diante da morte. Acabou-se toda teologia diante da morte. Acabou-se toda esperança diante da morte. Não há o que se dizer. E Jairo não disse nada.

29- No exato momento em que a teologia de Jairo vai por terra de vez, Jesus fala com ele. Jesus estava atento aos ‘amigos’ de Jairo que vieram lhe trazer más noticias. No pior momento de Jairo, Jesus vira-se para ele e diz o seguinte: "Não tenha medo; tão-somente creia". No momento em que a teologia, o enunciado, a religiosidade de Jairo cai por terra, só lhe resta a fé. Jairo poderia ter ido embora agora e até dito ‘umas verdades’ para Jesus. Mas ele resolveu crer. Acabava aqui o líder religioso e começava a existir mais um cristão. Tão somente creia. Não importa o problema, só creia. Tão somente... creia. Em Jesus.

TALITA

30- Dispersando a multidão, Jesus só o deixou seguir até a casa de Jairo Pedro, Tiago e João. O que significa Pedro, Tiago e João, na Bíblia? A Bíblia é um livro muito peculiar, onde todos os seus personagens, alguns existindo de verdade, servem de exemplo, ou alegoria para o eu Deus quer falar com a humanidade. Lemos nos Evangelhos o relato de eu existiam as multidões, mas de entre as multidões Jesus separou um grupo de setenta pessoas e dentre esse grupo um outro de apenas doze homens, mas até mesmo dentro desse grupo ele separou três: Pedro, Tiago e João. Eu li uma explicação que achei importante. Pedro, Tiago e João eram dentre os doze, homens de uma personalidade muito forte. Mas se fosse só isso, e o que dizer de Tomé e de Judas, esses também eram homens geniosos.

31- O que significa Jesus separar para algumas obras Pedro, Tiago e João. Se observarmos a própria Bíblia, vamos notar que a Bíblia fala alguma coisa a respeito desses mesmos homens. Pedro representa o amor. Lembra de Jesus tratando de Pedro: ‘Pedro, tu me amas?’ Tiago representa a fé, leia a sua epístola. E João representa a revelação. O Evangelho de João é uma inteira e única revelação, apesar de ser o mais teológico. Tai uma coisa que as pessoas que combatem a teologia deveriam observar: A teologia fala de forma aprofundada de coisas que a pregação comum não o faz. Enfim: Pedro – amor. Tiago – a fé. João – a revelação. Em alguns momentos especiais Jesus separou para a sua obra o amor, a fé e a revelação.

32- Quando Jesus chegou na cãs de Jairo haviam muitas pessoas chorando e se lamentando em alta voz, ai Jesus fala: ‘Porque esse alvoroço e lamentação?’ É interessante como Jesus conseguiu captar com exatidão o que estava acontecendo. Havia um alvoroço e alvoroço não é chorar. A menina estava morta e havia uma gritaria, uma confusão, o que Jesus chamou de alvoroço. Mesma situação aconteceu na casa de marta e de Maria, seu irmão Lazaro havia morrido e Jesus foi ali ressuscitá-lo. Marta e Maria choravam e outros amigos choravam, compungindo até mesmo a Jesus que chorou também. Marta e Maria estavam diante da impossibilidade de saber o que fazer do futuro, pois seu irmão era a base, a coluna, da família. Diante de um futuro triste e nebuloso, Marta e Maria choravam a perca e a vida.

33-Aqui a situação é outra, como logo se vê. Quando Jesus disse que a menina não estava morta, mas estava dormindo, todos começaram a rir, sem compreender que aqui foi inserido um novo problema: Jesus disse que eles não sabiam discernir entre um morto e alguém que dorme. Aqui, na casa de Jairo o que ocorre é incredulidade. Porque foram confiar nesse profeta que Jairo foi buscar e que até aqui não fez nada, deixando a menina morrer, pos no caminho pra cá, com a menina moribunda, à beira da morte, Jesus parou para cuidar de uma mulher. Olhando de longe, até parece um pranto, mas é um alvoroço, uma revolta. E pranto e alvoroço não combinam. O pranto derruba o espírito e dobra os joelhos. O alvoroço é falta de fé. Alvoroço é insensibilidade, falta de respeito. O alvorço não tem solidariedade com quem perdeu.

33- O pastor Ariovaldo Ramos nos conta que chegou a um velório numa Igreja e uma mulher chorava muito alto. Ele perguntou ao pastor da Igreja o que estava acontecendo. O pastor da Igreja disse que a menina que estavam velando de treze anos morreu e aquela chorando alto e perturbando a todos era a mãe. Mas ele acrescentou que não era choro, era alvoroço. O choro é dolorido, o alvoroço não. Aquela mãe, ele disse, não via a filha que morrera a seis anos. Choro, ele explicou, era da irmã que estava chorando baixinho no canto, de dezesseis anos, que era chamada pela irmã menor de treze de mãe. A mãe verdadeira era a irmã e essa a irmã estava chorando, um choro de ar dó, pela irmã pequena perdida.

34- Descoberta a incredulidade dos que ali estavam, Jesus ordenou que todos saíssem, chamou apenas o pai, a mãe da menina, Pedro, Tiago e João e entrou no quarto onde estava a menina. Aqui temos outra lição importante do texto. Para que o milagre seja realizado, os que não tem fé precisam sair. Ou, não podemos andar com gente que não tem fé, se queremos que o milagre aconteça.

35- Pegando a menina morta pela mão ele disse ‘Talithá cumi’ que significa ‘Menina, eu lhe ordeno, levante-se.’ Por um erro até meio bobo, a menina que não tem nome adquiriu o nome de Talita, que é uma palavra que significa menina, que junto com a outra palavra ‘cumi’, é uma ordem: Menina, fique de pé. A ordem de Jesus virou um nome: Talita. A mesma ordem Jesus já tinha proferido antes com o filho da viúva de Naim.

36- A menina ressuscitou e começou a andar, o que os deixou atônitos com o poder de Deus. Jesus andou dar a ela comida e disse uma ordem, no mínimo constrangedora. Não digam nada ninguém do que aconteceu. Jesus parece ter uma veia cômica muito grande. Eu me divirto lendo algumas situações da Bíblia. Em certa ocasião Jesus foi ao Tanque de Betesda e perguntou a um homem paralitico a 38 anos se ele queria ser curado. Em outra ocasião ele perguntou a um cego o que ele queria. Aqui, com a comunidade da sinagoga toda à porta, os familiares e amigos ali, ele diz: Não digam nada a ninguém. É brincadeira isso?

37- Ou a ordem de guardar segredo não era para os pais da garota, mas para os discípulos? E isso me fala de propaganda na Igreja. É interessante como a Igreja gosta de apregoar algumas coisas, como: Venham ao culto, pois haverá milagres hoje. Algumas pessoas vão e nada acontece. Venham, pois pessoas serão salvas. Ai você vai e ninguém aceita Jesus. Outros dizem: Hoje haverão conversões. A palavra conversão em si já demonstra um processo longo e demorado de transformação e é praticamente impossível haver uma transformação total, radical, em apenas um culto. Mas não é impossível, pois foi radical o que aconteceu com aquele endemoniado que estava nu, cabeludo e sujo, gritando num cemitério. Depois de ministrado ele estava vestido e sentado aos pés do mestre, ouvindo a palavra. Algumas coisas já aconteceram comigo e através de mim, no meu ministério, mas eu também recebi a ordem de ficar quieto. A Igreja deveria aprender isso. Quem deve falar de nós, não somos nós, mas os de fora. Quando Jesus foi embora e a comunidade, parentes e amigos entraram na casa, todos viram que a menina estava viva. Era inegável o milagre. Então, frente a um milagre, não fale a ninguém, não faça propaganda. Quem deve fazer propaganda sobre nossa pregação, não somos nós, mas quem as ouve, ou lê. Quem deve fazer propaganda sobre o nosso ministério é quem o recebe, não nós.

Fim da Primeira Parte.

Até aqui nós falamos a respeito do acontecido, mas não há uma explicação sobre esses relatos. O que significa a mulher com fluxo de sangue e a menina que morreu com doze anos. A mulher significa Israel e seus sacrifícios de sangue, a menina significa a Igreja, que apesar de jovem está doente com o pecado e precisa morrer, quando a mulher for curada de seus sacrifícios. Israel apesar de não estar hoje praticando sacrifícios de sangue, ainda tem esse desejo e sabemos pelas profecias que na Tribulação, na Inauguração do novo Templo em Israel, que hoje não existe, sacrifícios serão oferecidos. A menina que morre é a Igreja arrebatada a Tribulação, na inauguração do Templo. Enfim, leia a segunda parte desse assunto.

Amém.

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 03/01/2018
Código do texto: T6215687
Classificação de conteúdo: seguro