A castidade é uma restrição da sexualidade?
Por  Padre  Angelo Bellon, o.p. Jan  18 2013.

 
A castidade é uma virtude para todos, porque todos têm necessidade de amar de maneira verdadeira. Já o celibato, como estilo de vida, é pedido apenas aos candidatos ao sacerdócio: é uma forma particular de castidade que favorece uma união mais profunda ao Senhor e uma doação universal.
 
Existe uma diferença muito grande entre castidade e celibato. A castidade é a virtude que protege o amor do egoísmo e o ajuda a ser puro. Sendo assim, todos têm necessidade da castidade, pois a tentação de voltar-se para si mesmo é contínua. Para a Igreja, a castidade é sinônimo de pureza no amor.
 
Se a castidade é isso, então podemos compreender por que todos nós precisamos ser castos. Todas as pessoas sentem a necessidade de amar de maneira pura, evitando que seus atos e comportamentos sejam uma falsificação do amor verdadeiro, do amor que é doado de forma gratuita.
 
Até as crianças precisam da castidade. Embora seja prematuro conversar com elas sobre a sexualidade, ensiná-las a partilhar com os outros é uma primeira forma implícita de educar no amor de maneira verdadeira.
 
Também os adolescentes e jovens precisam da castidade, por meio de uma educação no amor que se torna dom, com o objetivo de enriquecer a pessoa amada. Não podemos nos esquecer da nossa tendência a considerar o outro como objeto de prazer. Em outras palavras, a nossa capacidade de amar é ameaçada por aquela realidade que São João chama de "concupiscência da carne" (2 Jo 2, 16). A castidade é aquela liberdade interior que permite que um jovem, livre da escravidão da concupiscência, se torne dom de maneira pura.
 
Tudo isso comporta uma luta: a recusa de certos pensamentos, a superação da tentação de deixar-se levar pela pornografia, que sempre causa devastação interior, dependência, escravidão. A castidade envolve também a remoção de ações que profanam o corpo humano e levam a desordens no mais profundo da pessoa. O Catecismo da Igreja Católica ensina: "A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana" (CIC 2339). Logo depois, afirma claramente: "A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz" (CIC 2339), referindo-se a Eclesiástico 1, 28: "A violência de sua paixão causará sua ruína".
 
Inclusive as pessoas casadas, de outra maneira, são chamadas a viver a pureza do amor, para defendê-lo das suas possíveis imitações. Neste sentido, a Igreja afirma que certas práticas dentro do matrimônio não são atos de amor, e sim perigosas para o próprio amor.
 
Quando a Igreja fala de celibato, refere-se ao celibato sacerdotal. Isso significa manter o próprio coração indiviso para estar unido ao Senhor sem distrações (cf. 1 Cor 7, 32) e para amar a todos com total dedicação (cf. 1 Cor 9, 22). O sacerdote é, por excelência, o homem de Deus: sua tarefa é estar unido a Deus para levar Deus aos homens e os homens a Deus. Além disso, ele é ministro da Igreja, dentro da qual gasta todas as suas energias para gerar almas para Cristo.

Dessa maneira, o celibato permite que o sacerdote exerça uma mais ampla paternidade em Cristo, para tornar-se espiritualmente fecundo, pai e mãe de muitos. Não somente pai, mas também mãe: porque São Paulo fala de si mesmo como de uma mãe: “Filhinhos meus, por quem de novo sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em vós…” (Gal 4,19).
 
Em conclusão: a castidade é uma virtude que diz respeito a todos, porque todos têm necessidade de amar de maneira autêntica. Já o celibato é uma forma particular de ser casto; é uma espécie de virgindade permanente, porque a pessoa se abstém do casamento e do exercício da sexualidade por motivos mais altos: para estar unida ao Senhor sem distrações e por uma maternidade e paternidade mais amplas e espirituais.