ADVERSIDADES E SOFRIMENTO NA VIDA CRISTÃ

As escrituras falam fartamente de sofrimento; de Cristo, dos apóstolos e dos discípulos, no qual estamos incluídos. Quando Paulo em II Co 11 faz uma defesa e testemunho de seu ministério, vemos ele mais identificado com a lista de Hebreus a partir de 11:36 do que com os personagens anteriores, isto pode causar frustração para alguns que tem uma expectativa diferente por estarem “olhando” para os modelos errados. Em uma minúscula carta, Pedro falou aproximadamente 16 vezes sobre sofrimento, entre suas afirmações está: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado.” I Pe 4:1. Este é o tema central de sua epístola, é uma carta encorajadora para tempos difíceis.

Por que é pregado que cristão não deve sofrer? De fato Jesus sofreu no madeiro para que nós tivéssemos acesso a Deus e não para nos livrar de sofrer segundo a Sua vontade. O sofrimento tem um papel de relevada importância no propósito eterno de Deus. Jesus é o primeiro a falar disto: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” Lc 9:23. Ora, não existe cruz sem sofrimento e morte e Jesus nos chama para tomar a nossa e não a dele!

Isto não significa que devemos buscar o sofrimento achando que isto é cruz e agrada a Deus. O sofrimento vem de três formas basicamente e temos que entender o que cada uma delas significa: Colheita, Provação ou Tentação.

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome. Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador? Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.” I Pe 4:12-19

A Colheita

Pedro diz em sua primeira epístola 2:20 que não existe glória em suportar com paciência as consequências do nosso próprio pecado. Não há mérito diante de Deus nisto, não se trata de “cruz” e sim “colheita”.

“Mas vocês plantaram a impiedade, colheram o mal e comeram o fruto do engano. Visto que vocês têm confiado na sua própria força e nos seus muitos guerreiros” Os 10:13.

“Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gl 6:7-8.

Muitos cristãos passam por sofrimentos decorrentes de pecados cometidos, de suas próprias escolhas. Por vezes até mesmo buscam a Deus para livrá-los destas consequências e não entendem o silêncio de Deus. Para o sofrimento que passamos decorrente de pecado existe apenas uma solução: o arrependimento.

“confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” Tg 5:16

A Tentação

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” Tg 1:13-14

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” I Co 10:13

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” Mt 4:1

“Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” Mt 4:3

“Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor”. I Tes 3:5

“Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” Hb 2:18

“perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação.” Lc 11:4

O agente da tentação é o diabo. Seu objetivo desde o princípio, como lemos no capítulo 3 de Gênesis, é produzir no homem dúvida, incredulidade e por fim a desobediência. Estes elementos estão sempre presentes na tentação, foi assim no Éden, foi assim com Jesus no deserto e é assim conosco. O Senhor não promete nos livrar das tentações, mas prometeu nos fortalecer para passarmos por elas como fez com Pedro quando disse que oraria por ele, pois satanás havia pedido sua alma para cirandar. Quando Paulo fala de seu “espinho na carne, mensageiro de satanás”, pediu a Deus para livrá-lo por três vezes, mas Deus não o livrou. Podemos ficar lutando contra Deus se não aprendemos a ouvir a sua voz e saber o que Ele pretende com as situações pelas quais passamos. Paulo aprendeu que o poder se aperfeiçoa na fraqueza e podemos inferir lendo suas outras cartas que este “espinho” o acompanhou por toda sua vida.

O que está ao nosso alcance para não sermos pegos nas ciladas do inimigo é nos revestirmos de toda a armadura de Deus da qual Paulo fala em Efésios 6 para podermos “resistir”. O Diabo está sempre pelejando, sempre cercando, sempre buscando alguém para devorar, fazer cair de sua fé: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” I Pe 5:8, por isto a importância de estarmos com as armas celestiais que o Senhor dos deixou e esperarmos que, como Cristo passou pelas tentações nos socorra quando somos tentados, como fala em Hebreus.

A Provação

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.” Tg 1:2-3

“Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.” Dt 8:2

“Portanto, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que eu os acrisolarei e os provarei; porque de que outra maneira procederia eu com a filha do meu povo? “ Jr 9:7

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;” I Pe 4:12

O agente da provação é Deus. Tal qual fez com Israel que utilizou o deserto para provar a fé deles, hoje Deus usa as adversidades pelas quais passamos para provar nossa fé. Pedro usa uma linguagem parecida com a de Jeremias ao falar do “fogo ardente que surge no nosso meio destinado a provar-nos”. Deus compara a purificação de Israel com o trabalho do ourives que derrete os metais em alta temperatura para separar o ouro e a prata das impurezas. O objetivo da provação é purificar e não levar a decair da fé como no caso da tentação. Depois de passar pelo fogo resta o que de melhor nós temos, por este motivo Tiago fala em ficarmos alegres.

Para muitos é sutil a diferença entre tentação e provação, já que ambas são de agentes externos e ambas produzem sofrimento. Como provação e tentação muitas vezes são traduzidas da mesma palavra no original (grego=pirazo), temos que diferenciar pelo contexto, já que os objetivos de Deus e do diabo são completamente antagônicos.

Na tentação, satanás envia seus dardos inflamados primeiramente com o objetivo de produzir dúvida, junto com a dúvida uma alternativa a algo que Deus determinou anteriormente. Por exemplo: Israel tinha uma aliança com Deus e conhecia os seus mandamentos, mas no primeiro momento de distanciamento de Moises satanás colocou no coração deles dúvida e sugeriu a criação de um ídolo para ser adorado no lugar de Deus. A tentação se estabeleceu neste caso com a rebelião do povo. Jesus também foi tentado desta forma, o diabo viu sua debilidade e sugeriu que ele transformasse pedras em pães, usando inclusive a própria palavra de Deus com a finalidade de fazer Jesus se desviar do propósito de Deus. A resposta de Jesus contrariou esta sugestão e apresentou para o diabo a postura correta diante da fome, sem desobedecer a Deus.

Como o diabo é o pai da mentira, ele terá mais sucesso na medida em que encontrar pessoas vulneráveis, que não estão cheias da palavra de Deus.

“Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.” Sl 119:11

“A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples.” Sl 119:130

“Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.” I Jo 2:14

Resumindo, para cada uma destas situações o Senhor espera:

- Para a colheita> arrependimento

- Para a tentação> estarmos cheios da palavra e vigilantes

- Para a provação> nos alegrarmos

Por isto a importância de sabermos com clareza pelo que estamos passando, já que em apenas uma delas devemos nos alegrar e ver qual fruto o Senhor espera que seja produzido em nossas vidas.

O Senhor nos ilumine e guarde do engano.

CARLOS A S SILVA
Enviado por CARLOS A S SILVA em 08/11/2018
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