TOMANDO DECISÕES CORRETAS

Pedro diz em sua Primeira Epístola que o sangue precioso de Jesus nos resgatou da vã maneira de viver que nossos pais nos legaram. Podemos erroneamente presumir que após decidirmos por Jesus não somos mais afetados por este “legado”. Por mais que saibamos que não devemos tomar decisões de forma independente de Deus podemos muitas vezes ser surpreendidos com decisões erradas baseadas na árvore do conhecimento do bem e do mal, pois o tal “legado” é difícil de ser abandonado. Alimentamo-nos da árvore do conhecimento do bem e do mal por muitos anos e não perdemos com a conversão da noite para o dia a influência dela, é preciso um processo, que chamamos de santificação. O Espírito Santo vai nos purificando dia-a-dia.

“Ele, porém, respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada”. Mt 15:13.

Tomar decisões corretas é resultado de aprender a viver segundo os princípios de Deus e segundo a orientação do seu Espírito. Os “princípios” se aprendem nas escrituras e pela oração e paciência aprendemos a ouvir o Espírito. Jeremias nos alertou o quanto o nosso coração é enganoso e corrupto (Jr 17:9) e sabendo disto devemos considerar que a pressa na tomada de decisão é a forma mais fácil de agirmos segundo os interesses mais profundos do nosso coração e não segundo a vontade de Deus. Para aprendermos a diferenciar estas situações temos os exemplos da história de Israel, a vida do Senhor, dos apóstolos e profetas à nossa disposição. Vejamos várias atitudes erradas e corretas para aprendermos a viver segundo os princípios do Senhor e de fato termos paz do alto quando tomarmos decisões:

ATITUDES ERRADAS:

“Então, respondestes e me dissestes: Pecamos contra o SENHOR; nós subiremos e pelejaremos, segundo tudo o que nos ordenou o SENHOR, nosso Deus. Vós vos armastes, cada um dos seus instrumentos de guerra, e vos mostrastes temerários em subindo à região montanhosa. Disse-me o SENHOR: Dize-lhes: Não subais, nem pelejeis, pois não estou no meio de vós, para que não sejais derrotados diante dos vossos inimigos. Assim vos falei, e não escutastes; antes, fostes rebeldes às ordens do SENHOR e, presunçosos, subistes às montanhas. Os amorreus que habitavam naquela região montanhosa vos saíram ao encontro; e vos perseguiram como fazem as abelhas e vos derrotaram desde Seir até Horma. Tornastes-vos, pois, e chorastes perante o SENHOR, porém o SENHOR não vos ouviu, não inclinou os ouvidos a vós outros. Assim, permanecestes muitos dias em Cades” Dt 1:41-46

Israel havia recebido uma ordem de Deus para entrar em Canaã e lutar contra os habitantes da terra, depois que os espias retornaram muitos ficaram atemorizados e esfriaram o coração de seus irmãos. Esta incredulidade fez Deus mudar de decisão e mandar retornarem para o deserto, a ordem não era mais de entrar, mas sim de retornar para o deserto. Com medo de retornar para o deserto Israel resolveu se armar e guerrear, mas fizeram isto de forma presunçosa. Presumir o que Deus deseja é a maior armadilha que podemos cair quando estamos para tomar uma decisão. Claramente Deus havia mudado a ordem e não podemos desconsiderar isto achando que ele irá nos abençoar apenas porque resolvemos obedecer a uma ordem antiga sua. O que prendemos com esta experiência de Israel? Que ordens de Deus devem ser obedecidas imediatamente sem hesitação.

“Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui. Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por caminho, que não é bom, após os seus pensamentos; Povo que de contínuo me irrita diante da minha face, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre altares de tijolos; Que habita entre as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; come carne de porco e tem caldo de coisas abomináveis nos seus vasos; Que dizem: Fica onde estás, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo o dia.” Is 65:1-5

Isaías fala aqui de uma atitude de todo o povo que mantinha toda uma aparência de religiosidade, mas que na verdade questionava a Deus se colocando acima dEle. Parece exagerado que isto possa acontecer conosco, mas quando confiamos mais em nossa experiência e costumes nós sutilmente afastamos a Deus e nos declaramos mais santos que Ele, ficamos apenas com a aparência de religiosidade, podemos até mesmo orar e ler a bíblia, mas de fato quem está no governo de nossas vidas somos nós e não o Senhor.

“E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu. e foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.” Atos 10:10-15

Aqui um claro exemplo de que o que ocorreu com Israel também pode acontecer conosco, visto que aconteceu com Pedro, um dos apóstolos considerados “colunas”. Antiguidade, posição, conhecimento; nada disto garante tomar decisões corretas, por este motivo o Senhor estabeleceu o princípio da pluralidade no cuidado da sua igreja, pois sabia que “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas” (I Co 14:32), o maldito legado vai nos acompanhar durante nossa vida e precisamos ser constantemente confrontados por nossos irmãos e por Deus quando isto acontecer.

“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” Col 2:16-19

O contexto aqui é a imposição de julgamento de uns sobre os outros baseados em uma falsa espiritualidade. A religiosidade demonstrada por um rigor místico sempre encantaram os homens, pessoas assim facilmente formam seguidores, mas neste caso são seguidores de uma atitude religiosa e não do Senhor. Devemos não apenas nos afastar de pessoas que vivem desta maneira como não devemos reproduzir esta prática em nossas vidas. Experiências místicas não podem isoladamente ser determinantes em nossa tomada de decisões, mas em conjunto com as escrituras, principalmente o fundamento dos apóstolos e profetas. Quase a totalidade das decisões tomadas nas escrituras foi fundamentada na palavra do Senhor. Devemos lembrar que até mesmo Paulo demorou muitos dias para perceber que uma publicidade inofensiva era na verdade um espírito de adivinhação que estava acompanhando eles (At 16:16-18). Este é um tema delicado, pois temos que ser espirituais, mas esta espiritualidade deve ser demonstrada em nossas vidas por sermos guiados pelo Espírito e não pela nossa alma.

ATITUDES CORRETAS

“Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por meu intermédio, como disseste, eis que eu porei uma porção de lã na eira; se o orvalho estiver somente nela, e seca a terra ao redor, então, conhecerei que hás de livrar Israel por meu intermédio, como disseste. E assim sucedeu, porque, ao outro dia, se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água. Disse mais Gideão: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã; que só a lã esteja seca, e na terra ao redor haja orvalho. E Deus assim o fez naquela noite, pois só a lã estava seca, e sobre a terra ao redor havia orvalho.” Jz 6:36-40

Depois de sete anos sendo atacado pelos inimigos, Deus diz a Gideão para pelejar contra os Midianitas prometendo vitória. Gideão considerando a tarefa por demais difícil pede uma prova para Deus, não uma, mas duas vezes. Deus atendeu, não considerou o pedido de Gideão exagerado ou uma demonstração de falta de fé. O que aprendemos com Gideão? Na dúvida não fazemos nada! Deus é claro em seus pedidos e nunca incoerente com a sua própria palavra, é misericordioso e reconhece nossas fraquezas.

“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde. Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.” Sl 37:1-7

Se Deus demorar em responder nossa oração, oramos até quando? Se a assunto exigir, até Ele falar. Deus nos coloca muitas vezes em situações que exigirão paciência e digo que esta característica costuma ser rara entre os homens. A prosperidade dos malfeitores incomoda a tal ponto os filhos de Deus que os fazem cometer erros, o pior deles é tentar dar uma ajudinha para Deus quando a promessa parece demorada, foi o que fez Abraão quando teve um filho com a escrava para ajudar a Deus em sua promessa de fazer dele uma grande nação e o resultado foi que este filho é o pai de uma nação de inimigos históricos de Israel.

“E nesta confiança quis primeiro ir ter convosco, para que recebêsseis um segundo benefício; e por vós passar à Macedônia, e da Macedônia voltar a vós, e ser por vosso intermédio encaminhado à Judéia. Ora, deliberando isto, usei porventura de leviandade? ou o que delibero, faço-o segundo a carne, para que haja comigo o sim, sim e o não não? Antes, como Deus é fiel, a nossa palavra a vós não é sim e não...” 2 Co 1:15-18 AA

“Por isso resolvi (decidi) não lhes fazer outra visita que causasse tristeza.” 2 Co 2:1 NVI

Uma breve explicação do motivo de alterar as versões em um texto praticamente sequencial que trata do mesmo assunto. Em 2 Co 1:17 Paulo usa a palavra “bouluomai” enquanto em 2 Co 2:1 usa a palavra “krino”. Em algumas traduções estas duas palavras são traduzidas por “decidir”, o que é um erro e não esclarece exatamente o que Paulo fez. Bouluomai é mais bem traduzido por deliberar, pois significa no original: formar uma opinião depois de separar e considerar os detalhes, enquanto Krino tem seu amplo uso nas escrituras relacionado a julgamento, pois significa: distinguir, selecionar, escolher o bem. Paulo desejava ir estar com os irmãos em Corinto e pesou, avaliou a conveniência desta viagem, inclusive salienta que não fez esta deliberação com leviandade, na carne, mas criteriosa. Depois de avaliar ele decidiu, como vemos em 2 Co 2:1. Esta é a forma de tomar decisões na grande maioria das vezes, mas como não conhecemos sempre todos os detalhes que precisamos para tomar uma decisão, devemos nos apoiar em nossos irmãos, pois na multidão de conselhos existe segurança (Pv 11:14). A decisão final sempre será nossa, este é o único julgamento permitido nas escrituras para o discípulo, julgar a si mesmo, ou como diz esta passagem, julgar por si mesmo.

Por estas passagens conseguimos delinear os princípios que devem nos cercar quando devemos tomar uma decisão:

- Não presumir a vontade de Deus;

- Não confiar na sua experiência;

- Não basear suas decisões em misticismo carnal;

- Consultar a vontade de Deus, pedir provas;

- Ter paciência, saber esperar a resposta em Deus;

- Deliberar com o apoio dos irmãos;

Por fim, executar aquilo que o Espírito Santo confirmou com a ressalva que se algum princípio acima não foi observado e a decisão foi errada, Deus em sua misericórdia poderá nos barrar como fez com Paulo não permitindo que ele chegasse até a Ásia para pregar em certa ocasião (At 16:6).

CARLOS A S SILVA
Enviado por CARLOS A S SILVA em 08/11/2018
Código do texto: T6497813
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