A Filosofia como uma busca constante do saber teológico

A Filosofia grega tornou-se como uma base para a Teologia cristã, ou seja, para o desenvolvimento do pensamento cristão, e vemos claramente a partir dos relatos de São Paulo em suas cartas. Paulo era sábio e entendia as raízes racionais (filosóficas), e ao converter-se ao cristianismo trouxe consigo a apreensão filosófica para concretizar aquilo que com sua fé transmitia. De certo modo, Paulo não concordava totalmente com a sabedoria grega, mas usou-a principalmente para denunciar certas atitudes que via como erro, mas para que as pessoas daquela época pudessem encontrar um sentido naquilo que ele propagava foi necessário usar de meios da sabedoria filosófica, como vemos em 1 Cor. 1: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem um sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos o Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos.”

De fato, os gregos viam a Filosofia como um único meio de felicidade, como Platão relatava que a felicidade está em ser filosofo, pois o filosofo está em constante busca da sabedoria. A Filosofia é uma ação racional desenvolvida pela capacidade humana em buscar a verdade, puramente através da lógica e do raciocínio, de outro modo, os cristãos, principalmente na era primitiva, testemunhavam a Verdade que tinha na pessoa de Jesus Cristo, “Eu sou o caminho, a Verdade e a vida” (Jo 14,6), transmitiam aos povos a característica da fé que está concretizada na revelação (encarnação), morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Na Patrística, viu-se a necessidade de alguns Padres da igreja implantar determinados pensamentos filosóficos para construir uma base sólida da fé cristã, como por exemplo: Justino Mártir, Santo Agostinho (que teve como fundamento a concepção platônica), Santo Tomás de Aquino (que usufruiu do pensamento aristotélico), dentre outros que uniram estas duas dimensões, a Filosofia e a Teologia, que originou a Filosofia Cristã, como um estudo que uni o raciocínio e a fé num propósito em direção a Verdade única do ser humano, Deus.

Estes estudos interpretam de forma coerente o desenvolvimento humano e espiritual da vida, a busca da sabedoria tornou-se para o cristianismo algo original, pois os cristãos já testemunha a Verdade única na pessoa de Jesus e sua vida é formada a partir deste ideal que o impulsionam a viver.

São João Paulo II interpreta essas duas dimensões, a razão e a fé como “ duas asas pelos quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”, Santo Agostinho nos interpela dizendo que “ a fé e a razão caminham juntas, mas a fé vai mais longe”. Algo que destaco na frase de São João Paulo II e Santo Agostinho é que existe uma união entre os dois pensamentos e que o homem que tem fé usa da razão para entender o sentido da vida.

Portanto, a filosofia e a Teologia demonstra a competência, ou melhor, a aptidão humana em conhecer a si mesmo, conhecer o mundo a sua volta e buscar constantemente a Verdade única pela sabedoria da fé, juntamente por meios lógicos que amplia o seu propósito racional e desenvolve um fundamento existencial.