O NASCIMENTO DO CRISTIANISMO E O CONTEXTO ROMANO

As primeiras reuniões dos apóstolos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo por volta do ano 33 d. C. deu início ao Cristianismo enquanto religião. No começo da sua trajetória, a Igreja Cristã sofreu perseguições deflagradas por várias frentes o que não a impediu de se expandir. A sua expansão resultou em ascensão ao privilegiado lugar de religião única (Católica), do Império Romano.

A importância da contextualização, tanto da formação quanto do papel da Igreja Católica desde o seu surgimento dentro do império romano, se dá pelo fato de que pode facilitar a compreensão acerca da atual realidade cristã, principalmente podendo lançar mais luz à compreensão acerca da atual realidade da Igreja Católica Apostólica Romana.

O texto procurou focar suas analises na formação e desenvolvimento da Igreja Cristã primitiva, no catolicismo e em seguida faz uma reflexão sobre o papel que ela exerceu no Império Romano, bem como na Europa, até o advento da Reforma Protestante nos moldes promovidos por Martinho Lutero.

A História da Igreja Cristã no contexto romano merece destaque por ser onde o Cristianismo e a história da Igreja inicialmente se desenvolvem. A Palestina, onde efetivamente surge o Cristianismo, era à época uma possessão do império romano. Assim, é no território romano que a igreja Cristã conhece o seu desenvolvimento e também, experimenta enorme perseguição antes de tornar-se religião oficial do Império. No entanto, ela se sobressai de entre as demais religiões que haviam no império, crescendo entre o paganismo, principalmente em seus primeiros três séculos de existência e, se expandindo rapidamente pelo império romano, como é tratado por Córdova (2012) em seu trabalho.

No entanto, a religião Cristã passou por longo período de perseguição sistemática contra seus seguidores dentro do Império romano. Tanto pelo próprio Império quanto por seguidores de outras religiões. A rejeição ao cristianismo por parte do Império se concretiza principalmente, a partir do posicionamento da religião Cristã com relação ao escravismo. Roma necessitava do trabalho escravo para se desenvolver. Porém, o Cristianismo tinha um claro posicionamento contrário a tal prática. De acordo com Castoldi (2014, p. 28), quando o Cristianismo fazia objeção a esse sistema, estava questionando as bases imperiais romanas.

Outro motivo que pode explicar a rejeição contra os Cristão é que o Cristianismo não era apenas mais uma corrente religiosa dentro do império romano. O Cristianismo foi também uma força sócio econômica e política, tendo um sistema hierárquico próprio e sólido. Assim o Cristianismo como pensa Córdova (2012), “[...] se converte, aos poucos, na medida em que cresce, num fator político”. E não apenas em um fenômeno religioso.

Com o tempo, aos poucos a fé cristã foi entrando na aristocracia romana governante, por várias vias. Principalmente através da educação. Em muitas das vezes, cristãos instruídos feitos escravos ministravam a educação para jovens aristocratas romanos.

A rejeição ao cristianismo na visão de Castoldi, pode ser explicada também pelo choque existente entre o paganismo e a religião Cristã. Este choque acontece em um período em que ocorreu uma grande crise, principalmente de fé, por parte da população, dentro do Estado romano, causando temor entre o povo. Os romanos temiam as invasões bárbaras ao território do império. Invasões essas que já vinham ocorrendo em grande número. Por sua vez, pra fazer frente, o império cada vez mais buscava aumentar o seu contingente militar para a defesa das fronteiras. No entanto, os cristãos sempre se recusaram a lutar a favor dos romanos. O mesmo autor entende que sem as glorias do presente para comemorar, o povo romano se debruçava nas glórias do passado. Porém, a religião cristã confrontava a religião politeísta romana em um momento que Roma em crise buscava alternativas para superar as dificuldades pelas quais passava, ao se recusar lutar em guerras que entendiam os cristãos, não lhe pertencerem.

Importante ponto a ser tratado com relação ao contexto do império romano da época, referente aos povos dominados é quanto à religião judaica. O judaísmo era a única religião no império desobrigada de prestar reverência aos deuses romanos. Principalmente por não se tratar de uma religião que buscasse se expandir. No início do Cristianismo, como é visto também nas observações de Córdova, “[...]a maioria dos primeiros Cristãos eram outrora adeptos do Judaísmo, e que apoiavam sua crença na Torá e nos demais livros do Antigo Testamento”. O que pode ter levado Roma a acreditar que as duas religiões eram iguais.

Com o tempo, o império passou a notar a existência de diferenças importantes entre Cristianismo e Judaísmo, como por exemplo, que o Cristianismo pretendia reunir todos os povos sob uma única fé. No entendimento de Castoldi, o Império romano ao perceber que o judaísmo e o cristianismo não eram a mesma coisa, torna a religião Cristã como ilícita.

No entanto, com o passar do tempo o Cristianismo veio a ser transformado em religião oficial e única do Império romano, por interesses do próprio império, tendo o Cristianismo portanto que, modificar a sua estrutura dogmática ocasionando profundas transformações religiosas em decorrência da oficialização. E isto foi necessário como uma forma de o Catolicismo poder abrigar preceitos e dogmas das inúmeras religiões pagãs existentes dentro do império. Entendia o Império que abrigar todas as religiões existentes sob uma única (católica) fé iria facilitar em muito, o trabalho de governar.

Tais transformações dogmáticas criaram divergências internas no Cristianismo. Essas divergências abalaram as estruturas da religião, levando a um contexto histórico e político desfavorável à Igreja de Roma que, culminaram no século XVI, com a ruptura milenar da unidade Católica. O que veio a dividir o Cristianismo em igreja Católica e em igrejas Protestantes, a partir do cisma provocado por Martinho Lutero.

Para muitos estudiosos, Lutero de fato protestou contra o estado de coisas em que se encontrava envolvida a Igreja de Roma. Para outros tantos, ele apenas se afastou do catolicismo para fundar uma nova religião. Tal tema já é de por si, gerador de nova e ampla discussão.

Pode ser dito, no entanto, que desde as primeiras reuniões dos apóstolos, logo depois da morte e da ressurreição de Jesus Cristo surge a religião cristã. O Cristianismo passa por períodos de perseguições por parte do império romano e de outras religiões existentes no Império. Em seguida, por interesses do próprio império, o Cristianismo é transformado em Igreja Católica (única) e como religião oficial de Roma. Esta transformação levou a igreja a adotar inúmeros dogmas e a modificar outros já existentes no seio do Cristianismo para conseguir se adaptar ao próprio império e, assim poder abrigar muitos dos princípios dogmáticos das religiões pagãs existentes no Estado Romano. Com o passar dos séculos essas mudanças dogmáticas levaram a um cisma religioso cristão, culminando com a reforma protestante protagonizada por Martinho Lutero no século XVI.

REFERÊNCIAS:

CASTOLDI, Ticiano Saulo Scavazza. A Igreja que conquistou um Império: história da ascensão do cristianismo no império romano. 2014. Monografia (Licenciatura em História) – Centro Universitário Univates, Lajeado, 2014. Disponível em:<http://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/625/1/2014TicianoSauloScavazzaCastoldi.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016.

CÓRDOVA, Tiago de. História da igreja evangélica Assembleia de Deus de Ijuí. Universidade Regional do Nordeste do Rio Grande do Sul: Ijuí, 2012.

Disponível em: <http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/2834/tiagotccfinal.pdf?sequence=1>.

Acesso em: 17 out. 2016.