EVANGELHO DE JOAO 4 – A MULHER SAMARITANA

É muito interessante estudar o Evangelho de João, pois até aqui a gente nota que o texto foi elaborado com uma Teologia em mente. No cap. 1 fomos apresentados ao Logo de Deus, depois ao Cordeiro de Deus, ai lemos sobre a transferência de discípulos de João para Jesus. No cap. 2 lemos sobre Deus escolhendo outra noiva. Ele troca Israel pela Igreja. Ainda no cap. 2 Jesus fez a purificação do templo. O cap. 3 nos fala do novo nascimento. No final do cap. aprendemos sobre a Teologia de João Batista a respeito de Jesus, que de certa maneira é a Teologia do Evangelho do João que está escrevendo. Vemos que não é só de João Batista, pois o assunto volta lá na frente, muitos cap. depois. No cap. 4, o encontro com a samaritana direciona sobre o local onde devemos adorar ao Senhor e o segundo sinal.

1. Logo de Deus

2. Cordeiro de Deus

3. A transferência dos discípulos

4. Outra noiva – Primeiro Sinal

5. Purificação do Templo

6. Novo Nascimento

7. Teologia de João Batista a respeito de Jesus

8. Onde devemos adorar o Senhor

9. A cura do filho de um oficial do rei – Segundo Sinal

JOÃO 4.1-3

Jesus ouviu que os fariseus estavam comentando que Jesus estava batizando mais discípulos do que João e saiu da Judéia e foi para a Galiléia. Se os discípulos não notaram o crescimento de uma oposição, Jesus notou. Ele já tinha realizado o primeiro milagre, que expunha que Deus estava rejeitando a antiga noiva (Israel) e escolhendo outra noiva. Logo depois Jesus purificou o templo, o que alertou os fariseus a respeito de Jesus. Eles estavam de olho em Jesus e para não apressar o tempo, Jesus escolheu se dirigir a outro lugar, guiado pelo Espírito Santo.

Há muitos elementos ainda que ligam o relato da Samaritana com o de Nicodemos. Fica meio evidente que João ao falar da Samaritana não se esqueceu ainda da conversa com Nicodemos.

JOÃO 4.6

Quando se diz que era necessário passar pela Samaria, dá a entender duas coisas, primeiro que era a rota mias rápida em direção a Galiléia e segundo que o Espírito Santo tinha uma obra a realizar ali. Samaria não se dava bem com os israelitas.

“Samaria não tinha existência política separada nos tempos de Jesus: ela estava unida com a Judéia sob o procurador romano. Não obstante, para judeus e samaritanos, a área era definida pela história e pela religião. O rei Onri chamou a nova capital do Reino do Norte de ‘Samaria’ (lRs 16.24), nome que, na época, era aplicado ao distrito e algumas vezes a todo o Reino do Norte. Após os assírios conquistarem Samaria em 722-721 a.C., eles deportaram todos os israelitas de posses e povoaram a terra com estrangeiros, que se casaram com os israelitas sobreviventes e aderiram, de alguma forma, à antiga religião deles (2Rs 17-18). Após o exílio, os judeus retornando a sua terra natal, os remanescentes do Reino do Sul, viram os samaritanos não só como filhos de rebeldes políticos, mas como mestiços raciais cuja religião estava manchada por vários elementos inaceitáveis. Por volta de 400 a.C., os samaritanos erigiram um templo rival no monte Gerizim; e esse templo, no final do século II a.C., foi destruído por João Hircano, o governador hasmoneu da Judéia. Essa combinação de eventos estimulou as animosidades religiosas e teológicas. Certamente, no século I, os samaritanos tinham desenvolvido sua própria herança religiosa baseada no Pentateuco (eles não aceitavam os outros livros da Bíblia hebraica como canônicos), continuando a focar sua adoração não em Jerusalém e seu templo, mas no monte Gerizim.” João comentário de D. A .

Era aproximadamente meio-dia. Jesus estava cansado, com fome e com sede. Isso nos mostra a humanidade de Cristo. Os seus discípulos foram até Sicar, comprar alimento. Provavelmente algum alimento seco, que poderia ser mais purificado, pois até a idéia de uma samaritano manipulando o alimento para o israelita era sinal de contaminação. Ma ainda assim estava começando a haver uma abertura espiritual, pois eles foram comprar alimento numa cidade samaritana. Segundo o pastor Mauricio Silva, Sicar significa A Cidade dos Bêbados, dos embriagados.

JOÃO 4.7-8

Quando Jesus parou junto ao poço, uma mulher sozinha aproximou-se. Depois vamos saber por que ela estava só, naquele lugar. Jesus pediu a ela água para beber, ela assustou-se pois percebeu que ele era judeu e os judeus nem falam com samaritanos, muito menos iriam pedir algum favor a eles. Era surpreendente, pois aquele judeu precisava dela. Podemos perceber uma técnica de evangelismo com o que Jesus fez. Se ele esperasse um pouco mais, os discípulos voltariam e pegariam água, pois eles também estavam com sede, mas ele resolveu pedir água.

João 4.9

Temos aqui o encontro de dois corações isolados. Jesus que estava isolado na sua santidade, que o diferenciava de toda a humanidade, que acaba não o compreendendo e a mulher que estava isolada devido ao seu pecado da sua sociedade. De um lado temos alguém plenamente santo e do outro alguém plenamente pecadora.

Quando se diz que os judeus não se davam com os samaritanos, quer dizer que não funcionava a hospitalidade, a amizade, pois o comércio sempre funcionou. No futuro, devido a esse encontro, acusam Jesus de ser samaritano, querendo assim acusá-lo de uma coisa ruim. (João 8.48)

É preciso sempre relembrar que Jesus não é contaminado pelo impuro, mas é ele que santifica. Jesus quebrou tabus com o rico e estudado Nicodemos, o chefe dos advogados e agora faz o mesmo com a pobre camponesa samaritana inculta. O contraste entre o rico Nicodemos e a pobre samaritana é muito grande para deixarmos de notar.

João 4.10

Jesus é o Dom de Deus, o presente de Deus dado aos homens. Só Nele está a salvação da Ira de Deus devido ao pecado. “Se você compreendesse quem fala com você”, denota que a salvação da mulher está tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Jesus precisava quebrar alguns tabus fixos na mente da mulher, para o Evangelho chegar até ela. Jesus pede então água para a mulher. Quem vai negar água a quem está com sede? Mas Jesus continua dizendo que se ela soubesse com quem está falando, era ela que pediria água viva e Jesus lhe teria dado.

Os samaritanos eram o Antigo Reino do Norte, que surgiu logo após a morte de Salomão. Ela conhecia a Bíblia, apesar de que os samaritanos se fiavam basicamente no Pentateuco, tendo assim uma teologia deficiente. O mesmo acontece hoje, quando a Igreja só prega e ensina o Antigo Testamento. O ensino fica deficiente. As falas de Jesus lembram Jeremias 2.13, que tem o significado da “água que satisfaz a alma”. Ainda há referências sobre as águas que fluirão em abundância, em Zc. 14.8; Ez 47.9; Is. 1.16-18 e Ez. 36.25-27.

De uma forma muito simples, falando de água, Jesus acaba falando de algo complicado, que são as fomes e sedes da alma, que podemos resumir no desejo da Eternidade que Deus colocou no homem (Eclesiastes 3.11).

JOÃO 4.11-12

A mulher tinha na mente o patriarca Jacó. Jesus tinha que separar o seu pensamento de Jacó, sem denegrir a sua imagem. O que ao invés de trazer a mulher, acabaria afastando-a. Devemos tomar cuidado ao evangelizar alguém, pois pensando trazê-la para perto de Cristo, poderemos estar afastando-a.

Algumas pessoas levavam uma bolsa de couro para pegar água. Ela notou que ele não tinha como pegar água. O que poderia ser estranho para alguém que anda pelo deserto. Pedindo água ele demonstra que precisava dela. A mulher poderia ter pensado se Jesus não era um preguiçoso acomodado, que pede as coisas para os outros, ou era mesmo maior do que Jacó, ou se por fim era apenas um charlatão. Ela ainda estava em duvida. E se esse era o poço de Jacó, a Bíblia não fala sobre esse poço.

JOÃO 4.13-14

Nós temos sedes e fomes, que não se saciam só com água ou com alimento. Temos sede na alma. Nós temos sede da Eternidade. Tudo o que o mundo e a religião oferecem pertence ao externo. Jesus é a fonte que alimenta e sacia a nossa alma. Essa também é uma alusão clara à obra e Ministério do Espírito Santo. A água que jorra para a vida eterna se dá pelo derramamento do Espírito Santo. No Espírito, Deus faz uma aliança eterna com o homem. Outro fato é que quando começa o processo de restauração da alma, o novo nascimento, ele não para mais. Só o pecado ou o abandono da presença de Deus o interrompe. (Isaías 55.7)

JOÃO 4.15

A mulher passa a ser tocada pela ação do Espírito Santo que a está convertendo pelas palavras de Jesus. Ela então diz: Dá-me dessa água para que não venha tirar mais. No ceticismo dela, essa mulher acaba demonstrando esperança. Jesus então faz uma mudança brusca na conversa e vai direto ao assunto. Chama o teu marido. Ela diz então que não tem marido. Jesus a elogia por não ter mentido. Ai ele profetiza. Você teve cinco maridos e o que está agora não é o seu marido. Da mesma maneira que Jesus conseguiu entender no Espírito qual era o problema real de Nicodemos: “Tem a letra, é advogado, é professor de professores, mas se não nascer de novo não verás a glória de Deus”, ele faz com a mulher, indo direto ao ponto: “Você tem um problema sério no seu emocional. Você deseja ser feliz - a meta de todo mundo – deseja ser amada, ter família, filhos, mas não está fazendo da maneira correta. Ou não está escolhendo as pessoas certas, ou está sendo escolhida por gente errada.”

Jesus trata aqui do maior pecado do individuo, o que causa desespero, culpa, vergonha, medo, necessidade, dependência. Se ele é o Cordeiro (João 1.29) que tira o pecado do mundo, em algum momento Jesus lidará com o pecado daqueles que expressam interesse em conhecê-lo. Jesus não veio para acusar, mas para restaurar.

“Chama o teu marido”. Uma profissão de fé (pregação) que ignore o pecado sendo esse o problema principal do mundo é falho (Mateus 1.21). Jesus ao tabalhar a conversão da mulher, foi direto ao ponto onde precisa ser restaurado. Entenda, todos nós temos muitas falhas, mas existem algumas que superam todas as outras.

JOÃO 4.16

A mulher ainda tentou negar, mas compreendeu que era revelação de Deus e que estava conversando com um profeta. À época, os rabinos proibiam mais de três casamentos. Ela já tivera cinco e agora vivia com alguém sem casar. A Bíblia manda casar. Tenho notado de alguns anos para cá que essa área da sociedade cristã está meio bagunçada. Talvez seja falta de pregarmos mais sobre o assunto, ou talvez seja a falta de compromisso que muitos tem com o evangelho, devido a pregações falhas e Igrejas que não usam seus membros. Pois quando um crente tem alguma coisa para fazer na Igreja ele é mais firme do que o que só é frequentador. A Bíblia manda casar, um homem e uma mulher. Ainda quando entendemos que é proibido sexo antes do casamento, isso engloba até certos beijos e abraços mais calorosos. Outra coisa é que alguém que mora maritalmente com outra, sem casar, toda vez que pratica o sexo acaba pecando. Isso vale para os jovens e para os velhos. Praticou sexo com alguém que não é o marido ou a esposa, isso continua sendo pecado. Outra coisa é que apesar da pratica homossexual não ser novidade no mundo, desde que o mundo é mundo, ainda assim a Bíblia condena. Outra pratica que a Bíblia condena e que acabei vendo um irmão fazer – pois a palavra de Deus é para a Igreja – é casar com mais de uma irmã. Conheci um irmão que casou com três irmãs e deixou filhos.

Ou os maridos da mulher morreram, talvez numa guerra, ou ela se divorciou de todos. A tentativa de negar era a tentativa de uma investigação sobre a sua vida. A mulher, como todos nós, não queremos ser confrontados com os nossos pecados. Mas quando é Deus, é para libertar. A verdadeira pregação do evangelho é confrontação dos nossos pecados, mas precisamos compreender aqui que alguns usam isso para imporem regras farisaicas sobre os outros. Um evangelho castrador errou. A palavra de Deus é para libertar e não impor mais peso sobre nós. Apesar que de na própria Bíblia temos momentos em que o pecado foi cobrado de orma clara, na frente de todo mundo, como na vez em que o profeta acusou o pecado de Davi, na sala do trono, cheio de gente. Em outros casos Deus conversa, fala, em particular com a pessoa. Jesus foi muito educado com essa mulher samaritana.

Outro fato é que o primeiro casamento traz uma aura, um glamour, um respeito. Que num segundo casamento já não é igual. Imagine então no terceiro e no quarto. Mas a mulher casou cinco vezes. Talvez algumas pessoas e talvez até ela mesma, não acreditasse muito em encontrar a felicidade. Agora estava no sexto homem e nem se deu ao trabalho de casar. Com certeza as mulheres da sua cidade e os homens também, a olhavam com desprezo. Ela não era uma mulher que gostaríamos perto de nossas filhas ou maridos, ou conversando com nossas esposas. Com certeza ela era desprezada devido a sua falha moral. Sendo que o desejo dela era só o de ser feliz. Não é o nosso desejo também? Como condenar alguém que só quer ser feliz e formar uma familia? Lógico que havia água e outros poços na sua cidade, mas ela preferia ir longe de casa para não ser importunada por ninguém. Com certeza ela era confundida com uma prostitua, sendo que não era.

É muito peculiar Jesus se encontrar sozinho com essa mulher à beira de um poço. Isso tinha conotações sexuais. O poço era o local de encontro dos namorados. Numa sociedade rigida como o era Israel, os pais não tiravam os olhos das filhas e das mulheres. Talvez o unico lugar onde um homem poderia falar livremente com uma mulher, era á beira de um poço. Jesus encontra-se com a mulher num local onde ela conhecia. O encontro no poço não é num lugar qualquer. “Dá-me água, eu tenho uma água que vai saciar você”, isso dá margem a outras interpretações. Jesus é o Noivo da Igreja e em Apocalipse será o marido. Jesus se encontra com a mulher para ela segui-lo e se tornar Igreja. Automaticamente ela sera a noiva e no futuro sera a esposa.

JOÃO 4.19

E a mulher disse: Vejo que és profeta”. No Antigo Testamento vemos dois ministérios: o de sacerdote e o de profeta. Os dois são importantes. O sacerdote ouve o povo, intercede por ele, recebe os sacrificios e os leva a Deus. O pofeta fala da parte de Deus com os homens. O sacerdote continua de forma rigida, religiosa, costumeira, a doutrina e o culto. O profeta vem da parte de Deus para mudar situações, cobrar quando a Igreja vai ficando muito religiosa, ou em pecado ou com costumes errados e doutrinas estranhas. O sacerdote é o pastor que trabalha para continuar andando de forma costumeira, sem muitos sobressaltos, a Igreja. Ele zela pelas finanças da Igreja, fica de olho nos ministérios, ensina o povo a orar e as doutrinas da Igreja. O profeta quando chega expõe os problemas, gera mudança, cobra por uma melhor pregação, cobra por melhor adoração, consegue enxergar quando a liderança não está indo bem, quando não evangeliza. O profeta é um causador. E portanto será alguém perseguido por natureza do seu oficio. Ser sacerdote é cuidar de um povo, uma Igreja. Ser profeta é cuidar da Igreja como um todo.

É preciso compreender ainda que tem o dom de profecia e o ministério profético. Alguém pode ser usado no dom uma unica vez na vida e alguém pode exercer constantemente o ministério profético. Dom é presente. E todo dom pretence a quem será dirigido. O dom da palavra é para quem ouve, assim como para quem fala. O dom de cura é para quem precisa de cura. Algumas vezes, quando doentes precisamos que outro ore por nós, ou quando precisamos de uma palavra, algumas vezes a palavra está com o outro e não conosco. Deus não permite o monopólio do dom, para que ninguém pense que é mais do que o outro. Qualquer um pode ser usado no dom profetico em alguma vez na vida.

Muitos tem a ideia que a profecia é sempre predição do futuro. Isso rebaixa em muito e a restringe a pouco. Seria melhor compreendermos a profecia como interpretação espiritual da vida. “Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido.” 1 Coríntios 2:15 O profeta compreende as coisas de forma espiritual. Ele tem uma visão diferenciada sobre os fatos. “Não havendo profecia, o povo se corrompe.” Proverbios 29.18

Nós Igreja somos uma nação sacerdotal e profetica. O Espírito do Senhor é Espírito de Revelação e quando oramos (Efésios 1) o suficiente para entrarmos na presença de Deus, temos revelações de Deus. Quando o Espírito revela, a palavra se torna viva para nós.

JOÃO 4.19-24

A mulher reconheceu Jesus como profeta, pois ele não a conhecia, era judeu, estava perdido por aquelas bandas e ainda assim expôs a vida dela e o seu problema.

Alguns comentaristas enxergam que a mulher mudou de assunto ao perguntar onde deveríam adorar, se era em Jerusalém ou em Gerizim. Pois havia dois templos. Os samaritanos quando se separaram de Israel, sendo eles Israel do Norte, acabaram levantando outro templo, porém com outras regras. Assim como eles adoravam a cinco deuses. No passado os samaritanos foram levados para Assíria e lá tiveram contato com outros deuses.

As nações que o rei da Assíria trouxe para Samaria foram: Babilônia; Cuta; Ava; Hamate; Sefarvaim. E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades. – 2 Reis 17:24 E cada uma dessas nações trouxeram seus deuses:

Babilônia – cultuavam uma deusa chamada Sucote-Benote;

Cuta – cultuavam o deus Nergal;

Ava – cultuavam deuses Nibaz e Tartaque;

Hamate – cultuavam a deusa Asima;

Sefarvaim – cultuavam os deuses Adrameleque e Anameleque.

Mais uma vez notamos uma profundidade no que Jesus estava fazendo. A mulher tivera cinco maridos, sendo que a mistura do Reino do Norte (os samaritanos) trouxe cinco povos e seus deuses. Os samaritanos adoravam unicamente a Deus, entenda, mas havia esses deuses na terra. Porém para eles as escrituras eram só o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia.

Nossos pais adoraram nesse monte (Gerizim), disse ela, mas vocês dizem que é em Jerusalém que devemos adorar. E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades. – 2 Reis 17:24

E cada uma dessas nações trouxeram seus deuses, segue

Babilônia – cultuavam uma deusa chamada Sucote-Benote;

Cuta – cultuavam o deus Nergal;

Ava – cultuavam deuses Nibaz e Tartaque;

Hamate – cultuavam a deusa Asima;

Sefarvaim – cultuavam os deuses Adrameleque e Anameleque.

Tanto judeus quanto samaritanos reconheciam que Deus ordenou a seus

antepassados que procurassem “o local que o S e n h o r , o seu Deus, escolher dentre

todas as tribos para ali pôr o seu Nome e sua habitação” (Dt 12.5), mas eles

tiraram conclusões conflitantes dessa autorização. Como aceitavam o restante do

cânon hebraico, e não só o Pentateuco, os judeus concluíram que Jerusalém era o

lugar: lá Davi decidiu construir um templo para Deus, e Deus, solenemente,

autorizou seu filho Salomão a construí-lo. Lá, o sacrifício era divinamente

sancionado, e o local do templo, quando Zorobabel o reconstruiu após ele ter

sido destruído, e ainda mais tarde quando Herodes o embelezou, ainda retinha

seu significado. Da parte deles, os samaritanos não reconheciam nada disso. Além

disso, suas próprias tradições textuais de Deuteronômio 12.5 liam: “procurarão o

local que o S e n h o r , o seu Deus, escolher’. Portanto, isso os levava a olhar para o

próprio Pentateuco para descobrir o lugar. Eles notaram que Siquém, quando

visto de cima, do monte Gerizim, foi o primeiro lugar onde Abraão construiu um

altar quando entrou na terra prometida (Gn 12.6,7). Era sobre o monte Gerizim

que as bênçãos deviam ser gritadas para a comunidade da aliança, uma vez que era

por ali que tinham entrado na terra prometida

A resposta de Jesus à mulher (w. 21-24) é dada em três partes. No início,

ele anuncia a obsolescência iminente tanto do templo de Jerusalém quanto do

monte Gerizim como lugares definitivos de adoração (v. 21). Não obstante, ele

insiste, a salvação vem dos judeus, não dos samaritanos (v. 22). E, finalmente, ele

explica de forma mais positiva a natureza da adoração que torna para sempre

obsoleta as reivindicações conflitantes de Jerusalém e Gerizim (w. 23,24). (D. A. Carson)

A afirmação que a salvação vem dos judeus, não significa que todos os judeus serão salvos, mas que Jesus é essa salvação que veio dos judeus. (Gn 49.10) Carson ainda aponta que os judeus são o veículo dessa salvação. A autoridade última para ambos judeus e

samaritanos encontra-se em suas respectivas Bíblias. Esse versículo também dá forte evidência de que o quarto evangelho não é

anti-semita ou mesmo antijudaico, como alguns afirmam.

Tão fortemente como Jesus insiste que os judeus foram apontados

por Deus para o privilégio e responsabilidade exclusivos à medida que transmitiam

os oráculos de Deus (Rm 3.2), ele insiste, de forma não menos veemente, que

a posição privilegiada deles está em processo de dissolução quando raia a era

escatológica, aquela era para a qual suas próprias Escrituras apontam. (D. A. Carson – Comentário de João) Os judeus tiveram um papel no plano da salvação, mas vindo a Igreja, a sua obra acabou. Ficou obsoleta.

Ainda assim, alguém pode pensar que isso não é totalmente correto, por causa da Tribulação que vem ao mundo, onde Satanas ataca diretamente Israel. É praticamente o mundo guerreando contra Israel. Qual é o papel deles ali? Não podemos jamais nos esquecer da obra da Cruz que conseguiu o nosso perdão e da ressurreição, que aponta para o novo nascimento. Quer dizer, Israel tem que aceitar a Cristo como todo mundo. Há uma teologia corrente e errada, que diferencia os judeus do restodo mundo. Como se não fosse necessário o judeu apocaliptioco aceitara Cristo. Isso anula a Cruz de Cristo e o Ministério do Espírito Santo, que muda a nossa natureza, colocando no lugar a natureza de Deus. Quando o Anticristo pedir adoração no novo Templo que ainda existirá em Israel, nos tempos escatológicos, Israel terá seus olhos abertos e aceitarão a Cristo. Quem vai esta no porvir com Deus é a Igreja. Todos os povos tem que virar Igreja.

Há um avanço desde o versículo 21: Mas vem a hora e já chegou. Em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Isso será possível pela natureza de Deus em nós, através do Espírito Santo. Mas há o esforço do cristão que precisa ler e interpretar a Bíblia, orar e santificar.

Os verdadeiros adoradores, que fazem uma distinção entre os falsos adoradores, são aqueles que terão a benção do novo nascimento. A natureza de Deus que vem a nós pelo Espírito Santo que usa os meios da Graça: oração, a palavra, o culto, a adoração, para nos salvar e modificar.

Era muito incomum chamar Deus de Pai (Malaquias 3.17), sendo unicamente essa leitura apenas a partir de reconhecer Jesus como seu Filho. “São estes que o Pai busca para seus adoradores’. Deus está buscando ativamente a humanidade perdida (cf. Isaías 55; Ezequiel 18.23,32; Lucas 19.10; João 1.12; 3.16).

O termo Messias, em grego, só aparece duas vezes no Novo Testamento. (João 1.41; 4.25) “Quando ele vier...” indica que os samaritanos esperavam o Messias. Ai Jesus se declara para a mulher: “Eu o sou, o que fala contigo.” Seria muito perigoso ele se anunciar como o Messias entre os judeus, mas aqui ele se sentia protegido.

Essa conversa com Jesus mostra que a mulher foi aprendendo sobre Jesus. Partiu de um homem, diferente de si mulher, um desconhecido, talvez um charlatão mentiroso, um judeu, portanto inimigo, um mestre, um profeta, o Messias.

JOÃO 4.27-30

Os díscipulos chegaram na hora em uqe a gente chama na Igreja de apelo. No momento exato de oferecermos o Evangelho para a pessoa e ela aceitar a Jesus como seu salvador. Particularmente não gosto de fazer o apelo. Descobri com o tempo, que a Congregação Cristã no Brasil não faz apelo, pois eles partem da ideia que se está conosco é um dos nossos. Poderemos entretanto fazermos sermões estruturados de tal forma que durante o sermão a pessoa entenda que há um chamado para ela e que ela deve obedecê-lo. Um sermão evangelístico não é o sermão que o pregador fica meia hora tentando convencer seus ouvintes, depois da pregação. Outro exagero e que acho extremamente chato e constrangedor, é fazer o apelo, que é quase um novo sermão, e deixar as pessoas que querem aceitar a Jesus de pé, lá na frente, durante uns dez ou quinze minutos. Já que fez o apelo, ora logo e dispensa logo as pessoas. Acredito ue alguns até não aceitam a Jesus por que se sentem constrangidos e envergonhados de ficar de pé na frente da Igreja, enquanto, muitas vezes o pregador, sem noção, fica falando que ele é um pecador , ou pecadora, e que o pecador errou e o pecador pra lá e pecador pra cá. A palavra pecador para quem está aceitando a Jesus, nessa hora soa como quase um palavrão evangélico. Não faça um apelo depois do culto, não precisa, se as pessoas estão conosco são dos nossos. Se quer fazer apelo, faça durante o seu sermão e não depois.

Mas os díscipulos chegaram na hora errada e com uma reprimenda. Ninguém perguntou> O que fala com essa mulher e samaritana. Primeiro era estranho para eles Jesus falar com uma mulher. Para um rabino o fato que o vissem falando em público com uma mulher significava o fim de sua reputação. O que nos mostra que haviam ainda barreiras que precisavam cair dos díscipulos. Mulher também precisa aceitar a Jesus como salvador, todos precisam, até os filhos de crente, nascidos na Igreja. João aponta uma frase estranha: O que procura? Que podemos entender que sendo dirigido a mulher: O que você quer? Ou se fosse dirigido a Jesus seria mais grave: O que o senhor procura, ou quer, com essa mulher? João diz que eles não falaram isso, mas estava estampado em seus rostos as tantas indagações.

Desimpedida do seu cântaro, a mulher retirou-se a toda pressa para a cidade, como prova do seu propósito de retornar, pois estava determinada a obter a água viva daquele momento em diante. Ela fez mais do que Jesus pediu, e não foi ter com um só homem, mas aos homens da cidade com a notícia de sua maravilhosa experiência. Ela não tinha a presunção de ensiná-los, mas colocou um pensamento em suas mentes, por meio de uma pergunta tentadora: Será que esse não é o Cristo? Os homens ficaram suficientemente impressionados para irem com ela ao poço.

E deixou a mulher o seu cântaro... Ela deixou algo para trás no encontro com Jesus. Essa era a prova da conversão da mulher. Um encontro real com Jesus vai naturalmente nos fazer rejeitar certas coisas do nosso passado, para vivermos uma nova vida em Cristo. A mulher desde então não precisava buscar água longe da sua sociedade, da sua casa, das outras pessoas. Agora ela tinha água viva.

JOÃO 4.31-45

Enquanto isso os discípulos insistiam com Jesus para que comesse, mas ele declinou dizendo que tinha um alimento que eles desconheciam. Este, ele explicou, era fazer a vontade de Deus (v. 34). Ele a fizera na ausência deles, e a fizera à luz da cruz, onde concluiria a obra que lhe fora confiada por Deus (cons. 17:4; 19:30). Seu ministério era tanto semear como colher.

Quatro meses até à ceifa talvez fosse a espera normal no reino natural, mas levantando seus olhos os discípulos veriam terras que já branquejam (os samaritanos que se aproximavam), resultado de sua sementeira (4:35). No trabalho espiritual, o semeador e o ceifeiro costumam ser pessoas diferentes, que juntas se regozijam pelo que seus esforços combinados realizaram (vs. 36, 37). Aqui em Samaria e em muitas outras situações, os discípulos, embora não fossem os semeadores, seriam os colhedores. Outros talvez inclua Jesus e a mulher de Samaria. Num certo sentido até Moisés pode aqui ser incluído, sendo humanamente responsável por implantar a semente da expectação messiânica no coração da mulher.

39-42. Aqui somos informados do fruto que Cristo e a mulher puderam colher, como semeador e colhedor. Muitos creram no Senhor por causa do testemunho da mulher. Isso provocou um convite para que ficasse no meio deles, no que Cristo consentiu por dois dias. Durante esses dias, outros que teriam ouvido o testemunho da mulher e se inclinariam a crer em Jesus, tomaram-se crente em pleno desenvolvimento por causa do que receberam através da sua palavra, isto é, dos lábios de Jesus (v. 42). Salvador do mundo – uma grata confissão, uma vez que significava que tanto samaritanos como judeus poderiam ser salvos.

Amém

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 09/06/2020
Código do texto: T6972264
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