O EVANGELHO DE JOÃO CAP 4 – A CURA DO FILHO DO OFICIAL DO REI

A DIFERENÇA DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO MILAGRE EM JOÃO

1 - O PRIMEIRO MILAGRE: A ÁGUA TRANSFORMADA EM VINHO

João chama os milagres de Jesus de sinais. Um fato sobre esses sinais que devem nos chamar a atenção é que todos eles, de alguma forma são ofensivos à liderança corrupta de Israel. No primeiro milagre Jesus fez um milagre num casamento, o que poderia ser lido como se Deus estivesse rejeitando a Israel. No decorrer do ministério de Jesus vamos descobrir que ele vai dar inicio a uma comunidade chamada de Igreja. Então o milagre no casamento é um sinal de que Deus esta rejeitando a sua antiga noiva e escolhendo outra. Deus está rejeitando a Israel, que até então tinha toda a predileção, para escolher outra noiva, agora não mais um país, mas um povo.

Recordando o primeiro milagre, num casamento acabou o vinho e Maria intercedeu pelos noivos e pediu que Jesus fizesse alguma coisa. Jesus claramente disse que não iria fazer, pois não era chegada a sua hora. Que hora? A hora de dar inicio ao seu ministério. Maria entretanto, vira-se para os criados e diz para eles fazerem como Jesus ordenar. Maria constrange pela fé a Jesus, que inspirado pelo Espírito Santo, vai e faz o milagre da transformação da agua em vinho.

Maria, sem saber agiu segundo uma lei espiritual. Existem dois tempos, o nosso e o tempo de Deus. O tempo de Deus é o Kairós e o nosso é a história, o chronos. Deus não é limitado ao tempo, a história, pois ele anda, trafega, na eternidade. O que nos dá a entender que Deus pode ir e voltar no tempo, se assim o desejar. Nós somos limitados pela história, a nossa história, o nosso tempo de vida.

A resposta de Jesus nos leva até o Kairós de Deus, o tempo de Deus. Ou o momento certo, oportuno espiritualmente para Deus interagir com a história humana. Uma das regras que Deus se impôs é não julgar antes da medida dos pecados de um país ou pessoa estar completa. (1 Tess. 2.16; Gen 115.16; Mt 23.31-32). Jesus veio ao mundo no tempo Kairós de Deus, ou na Plenitude dos Tempos, no momento oportuno conforme entendeu o Espírito Santo. Esse é o tempo qualitativo, de qualidade, para Deus agir. Outro exemplo é que Deus disse a Moisés, no inicio do seu ministério, que Deus havia ouvido a oração do seu povo e decidiu agir imediatamente. Pode soar estranho para nós, pois o povo estava a quatrocentos e trinta anos no Egito, orando, e de repente Deus disse que “agora” ouvira a oração do povo.

Dia desses explicava na Igreja que na maioria do tempo o crente ora sem orar, mas existem situações que ele ora de verdade. Esse momento da oração verdadeira é quando a pessoa coloca os sentimentos, o coração na sua oração. O que o fez orar, ultrapassou já todos os limites e provações, e agora ele não liga mais em orar bonitinho, orar com as palavras corretas, do formato correto, o que ele quer e precisa é que sua oração seja ouvida. Quando a pessoa chega nesse nível ela esta orando com o coração, com a alma e deseja mesmo obter a resposta de Deus. Isso explica por que oramos e a maioria das nossas orações não são respondidas: As nossas orações foram só palavras que não passaram do teto, elas precisam ser mais do que isso, elas precisam ser desejo da alma. Quando assim for, a resposta vem rápido.

Chronos é o tempo humano, o tempo do homem. Jesus disse que o tempo do homem já estava preparado e ele poderia orar a todo o tempo, pois Deus fez com que cada pessoa nascesse no tempo correto, no ano correto, na era correta, oportuna, onde ele poderia orar e suas orações poderiam serem todas respondidas. Ninguém nasceu no dia errado, ou na data errada, onde Deus não pode responder suas orações.

Maria forçou que o Kronos de Deus agisse antes do tempo, segundo entendia Jesus. De repente, houve Kronos. De repente, a partir da oração de Maria, poderia Deus agir no mundo. Isso fala de nós. Apesar de Deus ter um tempo correto para agir, nós podemos orar e fazer acontecer. Nossas orações podem constranger Deus a agir, mesmo não sendo o momento que ele queria agir, mas nossas orações permitem que o elemento que faz acontecer, a fé, possa permitir Deus agir em nós e a partir de nós.

Maria entrou no tempo de Deus, invadiu o espiritual, mudou a história, a eternidade e forçou a acontecer uma plenitude, um momento oportuno, onde Deus pode agir.

2 – O SEGUNDO MILAGRE: A CURA DO FILHO DO OFICIAL DO REI

No primeiro milagre Maria agiu por uma fé muito grande. Ela invadiu o espiritual e conseguiu tirar o milagre, forçar a acontecer. A fé de Maria foi tremenda. Quem dera todos nós pudessemos ter essa fé. E na verdade podemos, pois a narrativa é um exemplo de como devemos crer e orar com fé que Jesus pode fazer algo, no nosso problema. Outra coisa é que Maria não dirigiu o milagre, ela pediu que Jesus fizesse algo, ela não sabia o quê e ele fez como quis. Alguns oram dirigindo a Jesus, como se soubessem mais do que Jesus o que precisamos.

Porém o desnível do primeiro milagre para o segundo é outra coisa a chamar a atenção. De uma oração totalmente espiritual, que invade o Céu, descemos a ladeira abaixo. Um oficial do rei que tinha o seu filho doente, pediu que Jesus fosse até sua casa. Jesus reclamou da sua atitude e o homem a repetiu novamente, como se não tivesse escutado Jesus falando e nem compreendesse o que ele dizia.

Saímos de um primeiro milagre onde vemos uma fé extrema, baseada no conhecimento de Jesus, pois Maria sabia muito bem quem era Jesus. Apesar de que a Bíblia é clara ao dizer que aquele era o primeiro milagre de Jesus, que realizado surpreendeu até mesmo a Maria.

O oficial do rei, por outro lado tem aquela mesma e ruim atitude do “toque”. Se Jesus não for até a casa dele, não tocar no seu filho, não fizer uma oração estrondosa, que mais parece um show do que uma oração, se ele não mostrar que é um profeta, com jeitos e trejeitos e toda uma teatralidade, o homem não vai crer. Jesus resolve não ir na casa dele e o despede com uma palavra que poderia gerar certa desconfiança. Jesus disse: Vai o teu filho vive e o homem “confiou”, na palavra de Jesus, ele não creu, apenas confiou. O homem botou uma confiança, meio descrente, em Jesus. Afinal o homem saiu frustrado, ele pediu para Jesus ir até a casa dele e Jesus não foi, principalmente num caso tão sério, onde seu filho estava a beira da morte. Mas é bom dizer, que mesmo com uma fé ruim, Jesus ainda atendeu o pedinte.

Outra coisa é que Maria não orou por si, mas pelos noivos e o homem pediu a Jesus pelo seu filho, portanto para si mesmo. De certa maneira no primeiro milagre temos uma oração desprendida, por outros, uma intercessão. No segundo temos uma oração interesseira, de certa maneira egoísta, para sua casa, para seu filho, para si mesmo. Alguém pode dizer que o homem intercedeu pelo seu filho, o que é verdade, mas é muito diferente de Maria que pediu algo que não era para ela. A questão não era beber o vinho, mas acabar a provisão do casamento, lembrando que eles chegavam à época a comemorar durante quase uma semana o casamento. Isso, a falta do vinho, iria fazer com que o começo já prenunciasse um casamento ruim. Seriam maus augurios. Má sorte.

De qualquer forma esse também foi um milagre visto com maus olhos por muita gente. OU o lado B dos milagres. Jesus curou o filho de um oficial do rei. No primeiro sinal Jesus dá a entender que Deus está escolhendo outro povo para si, agora ele age como se Deus estivesse se ofertando a outras nações que não só Israel. Mais uma vez, Jesus consegue atrair a animosidade da liderança judia para si. Se Deus estava com Jesus, então a nação estava sendo rejeitada pelo seu Deus, o que era inadmissível. E era também incompreensível Deus se abrir a outras nações e até mesmo a gente que não era religiosa, como o soldado. Jesus estava agindocom atitudes perigosas para o status quo do templo e da liderança de Israel.

Esse homem, o pai do menino, tinha acesso ao palacio do rei Antipas da Galiléia (este é Herodes o tetrarca, filho de Herodes o Magno, que era o rei quando nasceu Jesus). João Batista já havia pregado ali sem sucesso (Mc 6.20). Lá reinavam a incredulidade e o pecado. Foi a aflição e a necessidade, que levou aquele homem até Jesus. Temos que dar algum valor a ele, pois esse homem teve que ir contra forças, ideias, doutrinas, ensinos que diziam que seu filho poderia morrer a qualquer minuto. A morte é algo natural, porém se espera que a pessoa viva uma vida toda, longa e farta, antes de morrer. Uma criança à beira da morte é algo anormal. E mesmo que o filho não fosse tão jovem assim, não deveria ser comum o pai enterrar o filho.

JOÃO 4.45-54

João anota que Jesus veio de Jerusalém, foi à Galiléia e visitou mais uma vez Caná da Galiléia, onde tinha transformado água em vinho. Com certeza o milagre da transformação de água em vinho ocasionou uma fé que Jesus poderia fazer outras coisas também. Um oficial do rei, tendo o seu filho doente, ouvindo do milagre da transformação da água em vinho, tomou coragem para pedir a Jesus que fosse orar pelo seu filho que estava doente em Cafarnaum. Quando o homem ouviu que Jesus estava na Galiléia, saiu da Judéia, caminho de cerca de trinta quilometros e foi até Jesus.

O homem tinha uma ideia já pronta, Jesus ia até a casa dele e ia orar pelo seu filho, que estava à beira da morte. O homem confiava que Jesus curasse o seu filho. Mas Jesus decidiu trabalhar a cura de outra forma, não indo até a casa daquele homem. A impressão que temos muitas vezes nas falas de Jesus é que ele está sempre alguns passos adiante no tempo, do que seus ouvintes. Ele pronuncia uma palavra que estava além daquele momento no tempo. Jesus acusa que se “vocês” não virem sinais e milagres, nunca crerão. Você aqui é todos que o estavam ouvindo – ou no nosso caso, lendo.

O homem pede novamente que Jesus vá com ele até sua casa orar pelo seu filho, mas Jesus decidiu liberar uma palavra de fé: Você pode ir embora, o seu filho vai continuar vivo. De alguma maneira o homem entendeu uma autoridade espiritual nas palavras de Jesus e confiou nele e voltou para casa.

Como é que Jesus sabia que o menino iria permanecer vivo? Pelo Espírito Santo. Nós cristãos precisamos compreender que o Espírito de Deus é Espírito de Revelação. “Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele.” Efésios 1:17

Indo o homem embora, no caminho seus servos o encontraram e disseram que o menino estava vivo, a febre o deixando à uma hora da tarde. O pai percebeu que for a essa hora que Jesus lhe dissera que seu filho ficaria vivo. Agora a bíblia diz que ele e toda a sua casa crerem em Jesus. Antes ele tinha confiado, agora ele creu, o que implica qu ele se converteu a Jesus, ele e a sua casa.

João é claro ao dizer que esse foi o segundo milagre que Jesus realizou.

Amém

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 30/06/2020
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