LIÇÃO 5 GÊNESIS A TORRE DE BABEL
LIÇÃO 5 - GÊNESIS - A TORRE DE BABEL
Gen. 11.1-9
HOMILÉTICA
Descubra no texto bíblico o tema da tese e o defenda. Pregar e ensinar são fazer um TCC.
SEM, CÃO E JAFÉ.
O autor do Gênesis esclarece que estes três filhos de Noé foram os pais das três grandes famílias da humanidade. Sem foi o primeiro mencionado, ocupando o lugar da liderança e destaque nos planos divinos para os povos. Os semitas seriam os líderes espirituais dos homens. Os escolhidos de Deus dentro dessa linhagem ensinariam a religião de Jeová ao mundo. Sabemos que o Messias devia vir através dos descendentes de Sem.
Jafé seria o pai de um grande ramo do mundo gentio. Seus descendentes se espalhariam por toda parte em busca de lucros e poder material. Seriam prósperos e excessivamente poderosos.
Cão seria o pai de outro ramo dos gentios, incluindo os egípcios, etíopes, abissínios e grupos afins. Seu filho Canaã, foi o pai dos grupos chamados cananitas, habitantes de Canaã, mais tarde desalojados pelos hebreus.
A TORRE DE BABEL – Gen. 11.1-9
1. RESUMO - Passado algum tempo após o Dilúvio, os homens resolveram, criar uma cidade com uma torre tão alta que chegaria a tocar o céu e os tornaria famosos e poderosos. Então Deus, vendo isso, fez com que ninguém mais se entendesse e os homens passaram a falar línguas diferentes. Assim, os construtores da torre se dispersaram e a obra permaneceu inacabada. A diversidade das línguas, ou melhor, falta de entendimento, surge como forma de evitar a centralização do poder, como oposição a Deus. A cidade dessa história bíblica ficou conhecida como Babel, que significa "confusão".
2. “Uma língua” se refere ao surgimento das nações, assim como o surgimento da escrita e literatura.
3. “Tijolos” – fala da engenhosidade ou engenharia humana. Pedras é usar o que já existe na natureza, tijolos falam da criação do homem, da arte, arquitetura, construção.
4. “Piche ao invés de argamassa” – Argamassa seria um liga para unir os tijolos, para que ficassem firmes numa estrutura. Poderia ser barro. O piche, é um material oriundo do petróleo e serve para fazer asfalto e impermebealizar pisos e coberturas, para evitar vazamento de água. A idéia era construir uma Torre no local mais alto, que chegue ao céu, como forma de proteção de Deus, caso ele decida novamente inundar toda a Terra. A Torre de Babel é a engenhosidade humana para se defender de Deus.
5. “Vamos construir uma cidade” – Temos aqui o principio da idéia do que é uma cidade. Essa cidade – e todas as cidades, de todos os tempos – carregam em si a tentativa da reconstrução do Paraíso Perdido, o Jardim do Éden, construído pelos homens. Sendo assim a “cidade”, carrega em si uma face sombria, como uma oposição ao Paraíso de Deus e a Deus. Na Bíblia podemos destacar três cidades: Babilônia (símbolo de pecado e decadência. Eles adoravam deuses e misturavam astrologia com bruxaria. Futura capital “espiritual” do Anticristo). Roma (Este povo, seguidor do caminho da idolatria, dos cultos de mistérios e do culto ao imperador, foi então usado por Deus, a quem ignoravam, para cumprir a sua vontade. A unificação dos povos com uma língua serviu para a Plenitude dos Tempos, o tempo propicio para a Primeira Vinda de Cristo. Não podemos nos esquecer que há muita coisa dos gregos no Novo Testamento). A Nova Jerusalém (a cidade que virá e será morada de Deus “na Terra”, significa o Novo Jardim, um Novo Éden “na Terra”. Apocalipse 21.1-3). Construir uma cidade fala da unidade, da comunhão e da comunidade. E do poder que existe em comunhão da comunidade em unidade.
6. “A confusão das línguas” - nos fala que o homem unido em pecado, criaria cada vez mais engenharias para opor-se a Deus. Deus confunde toda forma de globalização, de união de cidades e povos, opositores a Ele. ONU, MERCOSUL, Globalização e outras idéias parecidas, estão fadadas a virarem Babel, “confusão”, desentendimento, pessoas que não se entendem, não se compreendem. O governo brasileiro, faz tempo é uma Babel. Ao estudar a confusão das Línguas na Bíblia, chegaremos no Novo Testamento, na Igreja que recebe uma língua no Pentecostes. Lembrando que o dom de línguas não é o sinal do Ministério do Espírito, mas o Espírito Santo entre nós. (João 14.15-26; 2 Cor 3.7-9)
7. Mas a chave do entendimento da Torre de Babel é o versículo 4 e suas implicações. “Depois disseram: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”.” Gênesis 11:4 “Vamos construir uma cidade com uma torre que alcance o Céu ou uma cidade com o Céu no topo, para o nosso nome ficar famoso e não sermos espalhados na Terra.”
8. Devemos lembrar que Genesis 11 mostra a condição humana fora do Paraíso, do Éden. Fora do Paraíso Deus é uma realidade confusa, estranha, longínqua, distante, inacessível ao ser-humano. Pós-Diluvio, Deus não está mais entre nós, está no Céu e precisamos construir uma torre para chegar novamente a Deus. Se Gênesis 3 mostra a expulsão do homem, da presença de Deus, aqui, no cap. 11, narra então o caminho do homem em busca de Deus. Vamos fazer uma torre com o Céu no topo. E na tradição bíblica, a Babilônia vai ser compreendida como uma cidade em oposição ao Paraíso - Babel -, e este Céu no topo é uma referencia de um altar para os deuses. Essa torre é como quê um altar. “Vamos ao encontro dos deuses. Vamos ao encontro do Céu. Vamos deixar a Terra e vamos para os deuses. A Terra é um lugar ameaçador. Pois esse anseio de contato com o divino está no coração humano.
9. E por que vamos para o Céu e vamos para os deuses? Porque vamos fugir da terra, pois se ficarmos aqui, nós seremos espalhados novamente. Aqui alguma força pode vir sobre nós e teremos que fugir, correr, seremos espalhados, então vamos dominar essa situação - vamos para os deuses - vamos escapar dessa vulnerabilidade e vamos mostrar que nós conseguimos viver – sim! - por nossa conta e risco, vamos afirmar o nosso nome. Não é apenas Deus quem tem um nome famoso, nos temos vamos ter o nosso nome famoso também.
10. Mas o Céu é um problema grande no entendimento da Igreja. Porque um dos grandes inimigos, um dos grandes obstáculos, um grande entrave teológico, um erro doutrinário, da busca de Deus no encontro com Deus, é o Céu. Um dos grandes problemas que temos que administrar considerando que Deus nos é difuso, confuso, distante, e considerando que a Terra, o mundo, são para nos realidades ameaçadoras, que nos confrontam constantemente com nossa vulnerabilidade, nós também queremos correr para Deus e confundimos o correr para Deus com correr para o Céu. O Céu nos atrapalha bastante – na nossa peregrinação humana e espiritual. O Céu não é o nosso lugar, a terra é o nosso lugar. Deus não nos criou para o Céu, Deus nos criou para a terra. Então temos uma ironia bíblica, pois o verso 8 diz: E assim o Senhor os dispersou por toda a terra. E o verso 9 diz que: o Senhor os espalhou por toda a terra.
11. Parece que essa pretensão humana, de afirmar o nome, não preocupou muito Deus, pois o narrador não diz: “E assim Deus falou que o homem não pode afirmar o seu nome.” O narrador bíblico não esta preocupado com isso, mas o narrador esta preocupado com nos mostrar que Deus os dispersou e espalhou sobre a Terra. Desde o começo, o desejo de Deus é espalhar o povo. Como nos é apresentado o propósito da criação? Então disse Deus: Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Gênesis 1:28.
12. Mas o quê Babel esta fazendo? Querendo deixar a Terra e chegar ao Céu. E Deus então poderia ter dito a Jesus: “O que esse povo está fazendo?” E Jesus responderia: “Estão tentando chegar a no Céu”. E Deus responde: “Mas eu não quero esse pessoal aqui, eu quero esse pessoal ai. Espírito desce e espalha esse pessoal todo, o lugar deles não é aqui, são espalhados pela Terra. Espalha todo mundo.
13. O que o pessoal de Babel deveria fazer? O mesmo que Adão e Eva deveriam ter feito: cuidado do Jardim, do mundo, da Terra. Eles deveriam ter administrado, gerenciado, organizado, a Terra. Eles deveriam ter transformado toda a terra num grande Jardim, mas a serpente disse: - Esquece a Terra, esquece o Jardim. Você pode ser igual a Deus, onde Deus está no Céu. A vontade de Satanás era sentar na cadeira de Deus.
14. Há uma insistência humana em ir ao Céu, ir a Deus onde Deus está. Isaías numa visão está no Céu, vendo coisas do Céu, caminhando no Céu, ouvindo o Céu, num outro nível espiritual e Deus vira para ele e pergunta: - A quem enviarei Isaías? A resposta de Isaías: -Envia-me a... Espera ai Senhor, eu vou ter que sair daqui? – Tem Isaías, você tem que ir para a Terra. Pedro, Tiago e João no Monte da Transfiguração disseram: - Façamos três tendas. Jesus responde: - Nada disso, vamos descer, vamos ao vale. - Senhor, mas está bom aqui! Responde Pedro. Jesus insiste: - Nós vamos descer, agora. - Mas temos que sair daqui? Insistem os discípulos. - Temos, vamos para a Terra.
15. A Terra é o lugar da nossa habitação e não o Céu. Jesus disse: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra". Atos 1:8 “ Habacuque: “E a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas enchem o mar.” Habacuque 2:14 “Os mais altos céus pertencem ao Senhor, mas a terra ele a confiou ao homem.” Salmos 115:16 A Nova Jerusalém veio do Céu, mas é estabelecida na Terra. “Ap 21.1-3, 10, 24-26. Ap 22.3) Não sabemos se a Nova Jerusalém é simbólica ou literal. De qualquer maneira é claro que Deus estará com os homens, na Terra. A Terra será o centro do Universo, e local do Trono de Deus e de Cristo na Terra.
16. Representação do tamanho da Nova Jerusalém no Mapa-Múndi. Faz anos que uma foto diz que a NASA descobriu uma cidade vindo em direção à Terra. A foto e a história está na Internet.
17. Resumo de João 14. Eu vou, mas voltarei, não os deixarei órfãos, mandarei o meu Espírito, eu e meu Pai viremos e faremos morada no homem.
18. Onde é a casa do Pai? - A Bíblia esta então narrando esse conflito. A Torre de Babel é um conflito, um mal entendimento do que Deus quer. Por que Deus mora no Céu a gente acha que tem que estar com ele no Céu. Baseados em praticamente apenas um único versículo, onde o povo lê o que quer e esquece do restante:
a. “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” João 14:2,3
b. Mas onde é a casa do Pai, segundo Jesus? Quando tinha 12 anos José e Maria perderam o menino e o encontraram no Templo. Jesus então perguntou: "Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? " (Lucas 2:49) “Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas. Aos que vendiam pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado! " Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua casa me consumirá".” João 2:15-17
c. Jesus não prometeu levar para o Céu ninguém, ele prometeu levar para a Igreja. A casa do Pai é o Templo, substituído pela Igreja. E o Templo somos nós. (Efésios 2.22) A casa do Pai é naquele que o ama. (João 14.20) Na casa do meu Pai há muitas moradas pode ser entendido como: Na Igreja tem lugar para todos. Não estamos falando de um edifício no Céu, um conjunto de prédios habitacionais.
d. O que significa, também, “Vou preparar lugar para vocês”, na Igreja? Significa distribuir dons e arrumar um servicinho para cada um no Corpo de Cristo (1 Coríntios 12). Dons de poder e de Ministério.
19. Deus cria o ser-humano à sua imagem e semelhança e diz para encher a Terra, crescer e multiplicar e dominar a Terra. Manifestem a minha glória, na Terra, pois vocês são portadores da minha glória, na Terra. Sejam felizes, na Terra; povoem, a Terra; casem-se, na Terra; trabalhem, na Terra.
20. Ai a gente diz: Terra não Senhor, a gente quer é o Céu. O tempo inteiro Deus está nos empurrando para a Terra e o tempo inteiro a gente querendo ir para o Céu, mesmo que a Palavra diga o contrário. Por isso é que parece que o Céu atrapalha bastante nossa peregrinação humana e espiritual, porque Deus não quer ser encontrado lá, ele quer ser experimentado aqui. Nosso Deus não esta além da vida, no pós-mortem, Ele está na vida. Aliás é Ele quem da sentido à vida, Ele é o autor, o escritor, do enredo da nossa vida.
21. E vemos então uma busca de Deus, que até parece legitima, mas é uma busca de Deus que é uma fuga, da terra e da vida. Queremos ir para o Céu e não morar na Terra. É uma recusa de assumir nossa responsabilidade como seres criados a imagem e semelhança de Deus, comissionados para encher-mos a Terra e dominarmos a Terra e evangelizar a Terra, para morarmos na Terra. Os Céus são do Senhor, a Terra é nossa.
22. Mas encher a Terra e dominar a Terra dá muito trabalho, a Terra é hostil demais. Então nossos templos funcionam como portais mágicos espirituais, de ficção cientifica, saídos de algum filme. Onde as pessoas vem com um desejo de experimentar um arrebatamento, um arrepio, que as leve ao Céu. Se não para sempre pelo menos para que tenha uma trégua, da Terra, da vida, dos problemas, da família. E ai a Igreja vira também fuga. Elas vem para que experimentem assim uma atualização contemporânea, do Monte da Transfiguração. Queremos sentir um arrepio, um êxtase emocional, que nos aproxime do divino. Que por algum momento, por algum instante, as faça esquecer, dos problemas da vida, das angustias da existência, dos conflitos das relações, da luta pela sobrevivência, dos males do mundo. Queremos um pouquinho de Céu, para esquecer a terra, e poder energizados com um pouco do Céu, voltar para a Terra, para a família.
23. Um pouquinho de Céu soaria até bonito, se não nos sugerisse fuga. Deveríamos trazer a Deus o planeta em oração, pois é o nosso lar. A gente deveria trazer a Terra a Deus e perguntar a Ele como a gente faz desse mundo que entrou no caos, um Jardim. Se a gente entendesse que a Terra é nossa, talvez a gente fosse um pouco mais feliz. Quero deixar uma máxima, um ditado popular, quase uma brincadeira, para todos nós: A Terra querido, é o que tem pra hoje.
Amém
Paulo Sergio Larios
Presbítero
BIBLIOGRAFIA
Pregação - Ed René Kivitz – Gênesis - Parte 15 – 2013.
D. A . Carson - Comentário Bíblico Vida Nova
Comentário Bíblico - Moody