A VISÂO DE DEUS
“Vós que recebestes a Lei por ordenação de anjos, e não a guardastes”
Estevão (Atos 7:53)
O Deuteronômio é o último livro do Pentateuco, no Antigo testamento; base do Judaísmo. Nele encontramos a afirmação de que Moisés comunicou-se diretamente com Deus: “E nunca se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face”. (Deuteronômio 34:10)
Em outras passagens Bíblicas encontramos afirmações semelhantes, onde grandes homens mantiveram contato pessoal e visual com o todo poderoso. Assim, em virtude dessa crença, os judeus admitiam que o Altíssimo pudesse se comunicar diretamente com os homens.
No entanto, folheando os Evangelhos, que são a base do cristianismo, bem como nas epístolas dos apóstolos recebemos o esclarecimento de que: “Deus nunca foi visto por alguém.” (João 1:18; 1 João 4:12; 1 Timóteo 6:15-16)
Essa aparente contradição explica-se pelo fato de que, no Antigo Testamento, os anjos eram frequentemente confundidos com o próprio Deus. Daí muitas vezes o Espírito mensageiro denominado de “O Anjo do Senhor” era tomado como sendo uma manifestação da própria divindade. Porém, muito mais tarde, através do desenvolvimento de uma teologia mais lúcida, esses seres espirituais passaram a ser vistos simplesmente como os executores das vontades divinas, daí vem a palavra anjo (do hebraico Melach) significando: “um Espírito mensageiro”. (Hebreus 1:14)
É nesse sentido que na passagem em foco, no topo do artigo, Estevão antes de ser apedrejado com o consentimento de Paulo afirma mediunizado que Moisés não recebeu a Lei por via direta de Deus, mas por meio de anjos.
Mas não se tire do que acabamos de observar a ideia de que Deus está distante da sua criação. Deus é inteligência e pensamento infinito, estando em todo lugar ao mesmo tempo. Por isso, não pode ser visto nem tocado (atos 17:28; Romanos 11:36) sendo a essência mais sutil que existe, Ele interpenetra todas as coisas, estando constantemente ao nosso lado. [1]
Todavia, devido ao nosso estado evolutivo, os nossos sentidos físicos e espirituais ainda não nos permitem percebê-lo de maneira plena. Por isso, os anjos, quer dizer, os Espíritos do Senhor são como intermediários, pois estão mais próximos de nossas necessidades. Assim, o Espírito Santo na verdade personifica o conjunto dos espíritos superiores e bons espíritos, que atuam sob as ordens do Criador.
Nos momentos em que estamos orando, podemos sentir a presença de Deus, neste momento verdadeiro facho de luz ilumina nosso mundo íntimo, nos envolvendo numa atmosfera de paz e equilíbrio onde o Pai Celeste se faz presente pela presença dos seus mensageiros.
[1] Ver o nosso artigo: Onisciência e Onipresença de Deus