TEOLOGIA SISTEMATICA 6 "A IGREJA"

1 - DEFININDO O QUE É IGREJA

Pregamos muito sobre salvação, ou o que diz respeito aos crentes como indivíduos. Mas a vida cristã não é solitária. A conversão leva-nos a comunhão com um grupo de crentes, que chamamos de igreja.

A igreja é um aspecto da vida cristã, que todos tem uma opinião: crentes e descrentes. Em parte por que sendo uma instituição da sociedade, a igreja pode ser observada e estudada pelas pessoas. Isso apresenta um dilema. Podemos ser tentados a definir igreja pela observação, mas essa abordagem pode confundir o real com o ideal, portanto deve ser evitada.

A outra maneira é definir igreja pela Bíblia. “Ekklesia”, na Bíblia, refere-se a uma Assembléia dos Santos. No Novo Testamento, a palavra igreja tem dois sentidos. Primeiro temos o sentido universal que significa todos os crentes em todas as épocas e lugares. (Mt. 16.18). Mas com maior freqüência "igreja" refere-se a um grupo de crentes numa localidade geográfica. (I Cor 1.2; 1 Tess 1.1).

2- A IGREJA NA HISTÓRIA

É preciso dizer que a igreja como a conhecemos agora, nem sempre foi assim. Logo assim que foi formada a igreja, pouco tempo depois começaram a surgir heresias. A principio houve uma concentração na manifestação externa da igreja. Começou-se a perceber a igreja católica (universal) como uma instituição externa, governada por um bispo, sucessor direto dos apóstolos, possuidora da igreja verdadeira. A Igreja Católica então reinvidicou, durante séculos, ser a igreja verdadeira. Mas eles não eram a igreja direta dos apóstolos, sendo essa a igreja perseguida ferozmente no seu inicio, mas eles tiveram o seu papel, principalmente de guardarem a Bíblia, nos mosteiros e gerarem muita coisa escrita. Se não fosse a igreja católica, talvez nem a Bíblia tivéssemos hoje.

Durante o período da Reforma, a igreja rompeu com a concepção católica romana da igreja, mas tiveram muitas diferenças entre si. Lutero considerava a igreja como a comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo, e restabeleceu a idéia escriturística do sacerdócio de todos os

crentes. A Igreja Católica tinha a idéia de orar com a ajuda de intermediários santos, como eram os padres ou bispos. A igreja passou a ser novamente interna, nas pessoas, dentro delas, e não apenas externa, visível.

A Igreja Católica exercia cultos em latim, na qual ninguém entendia nada. Assim, eles controlavam os seus fiéis. A Igreja Católica no principio da igreja foi muito importante, principalmente por gerar muita coisa escrita e escritores importantes, como Santo Agostinho. A Reforma foi outro momento importante, também por gerar muita coisa escrita. Não se perdeu os ensinos da Reforma no tempo, tudo foi preservado, para as gerações futuras. Existem ensinos que estamos estudando até agora, que foram gerados a partir da Reforma Protestante. Foi mais ou menos nessa época que surgiram as primeiras Bíblias impressas na língua das pessoas e não apenas em latim. Depois de quase quinhentos anos, o povo voltava a ler a Bíblia na sua lingua.

Um pregador pode ser excepcional, mas não tem nada escrito, gravado, filmado. Outro pode ser mediano, ou até ruim, mas tem muita coisa escrita, filmada e gravada. Qual dos dois será lembrado no futuro, e talvez até ser objeto de estudo?

Durante o século dezoito o racionalismo também fez sentir sua influência sobre a doutrina da igreja, que esfriou na sua fé, que foi pensada como mais uma sociedade humana. E de novo vemos a igreja verdadeira, essa sim, direta dos apóstolos, surgindo por debaixo do pano. Aqui e ali, durante os séculos Deus ia avivando a sua igreja, que nunca, na verdade, deixou morrer. Mas essa igreja, preservada por Deus, tinha pouco, ou quase nada escrito por causa das perseguições.

RUA AZUSA – A partir da virada do século, vários reavivamentos ocorreram no mundo. O reavivamento do país de Gales, Grã-Bretanha, ocorreu apenas entre 1904 e 1905 e foi um dos mais poderosos do mundo, até hoje. A partir de então, todo os EUA começaram a orar por um reavivamento. Sendo um dos mais famosos o da Rua Azusa, que tinha um pastor afro-americano, com um publico misto, um escândalo para a época e que durou apenas alguns poucos anos, acabando por orgulho, inveja, heresias e perseguição da mídia secular e por teólogos cristãos, que consideravam o movimento escandaloso e pouco ortodoxo, especialmente para a época. Lembre-se que estávamos na época da igreja Metodista e Presbiteriana, entre outras, que cronometravam o culto. A Igreja nessa época não cria mais em dons. Pode-se dizer que ali surgiu o Pentecostalismo. Outro fato da rua Azusa é que o dom de línguas era manifestado em línguas existentes, mas que a pessoa não era fluente.

HERESIAS - Nesse período, apareceu John Nelson Darby defendendo a teologia do Dispensacionalismo que pregava o fim do mundo iminente antes do ano 2000, a volta de Cristo em duas partes, a retirada do Espírito santo do mundo e outras heresias, o que a Bíblia não diz, doutrina claramente combatida pelos teólogos bíblicos, até hoje. John Darby e seu Dispensacionalismo, é acusado de gerar um outro Evangelho, ou um “novo Evangelho”, como diziam à época. (Ap. 22.18-19)

O Galpão da Rua Azusa – Igreja “Missão da Fé apostólica”.

A IGREJA NEO-PENTECOSTAL - O termo neopentecostalismo, é um movimento dentro do cristianismo que surgiu em meados dos anos 1970 e 1980, algumas décadas após o movimento pentecostal do início do século XX, ocorrido em 1906. Dissidente do evangelicalismo que congrega denominações oriundas do pentecostalismo clássico ou mesmo das igrejas cristãs tradicionais (batistas, presbiteriana, metodistas, etc), o neopentecostalismo é considerado um movimento sectário (seita, fanatismo, intolerância religiosa). Chama atenção a “Doutrina da Prosperidade”, que é tanto pregada, que parece superar a doutrina da salvação. Outra doutrina é a “Confissão Positiva”, onde a pessoa “confessa” que tem aquilo que quer, e assim será feito. A Bíblia não ensina a Confissão Positiva.

Um fato que considero positivo, e ao mesmo tempo negativo, é que a igreja Neo-Pentecostal, mudou a liturgia, onde todos tinham a oportunidade de falar, cantar ou trazer uma saudação, mas agora a liturgia ficou mais profissional. Começa com uma oração, segue uma meia hora de louvores, segue a mensagem dos dízimos e depois já vamos direto à palavra. Isso gerou igrejas com pregadores muito bons e irmãos de banco.

3- UNIDADE DA IGREJA (João 17.20-23)

A Bíblia é um livro impressionante. Deus previu na Bíblia muitas situações, que já estão tratadas na Bíblia, de há muitos séculos. O Novo Testamento ensina claramente sobre a unidade da igreja. O ideal de unidade está escrito na oração sacerdotal de Jesus (Jo 17.20-23).

Porem, a igreja, conforme existe hoje no mundo, não parece estar unificada. Vemos incontáveis denominações, as vezes bem semelhantes quanto ao ensino, competindo umas com as outras. E os relacionamentos entre os membros da igreja local são as vezes caracterizados por indiferença e ate hostilidade aberta. Mas sabemos que, como crentes, devíamos estar perseguindo a unidade, pois essa e a vontade declarada de Cristo para a igreja.

(1) Num primeiro momento é observado a unidade espiritual. Essa unidade está no fato em que todos os crentes servirem e amarem ao mesmo Senhor. Somos todos o mesmo corpo. (2) Em segundo destacamos a unidade conciliar. Embora mantenham a

identidade individual, algumas denominações se juntam numa associação ou num conselho formal. Elas confessam suas próprias tradições e convicções, mas também procuram juntar as forças na ação.

ECUMENISMO

Entretanto, não aceitamos o Ecumenismo, que é a união de diferentes religiões. Como uma Igreja Pentecostal, ou Tradicional, pode fazer culto junto com a Macumbaria, ou com o Espiritismo, nós não entendemos. A Igreja Evangélica (Pentecostal ou Tradicional) difere muito na liturgia da Igreja Católica, assim como do Budismo, do Vodu, da Maçonaria, a Igreja de Jesus cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou da religião Muçulmana.

Quando uma Igreja tem uma maneira particular de fazer culto, que difere de todo o restante do corpo a gente chama essa “igreja” ou “nova religião”, de seita. A Igreja Universal é uma seita, assim como a Cristã do Brasil, a Adventista do Sétimo Dia e a Testemunhas de Jeová.

A única religião verdadeira é o cristianismo bíblico. Pode-se mudar um pouquinho, na história, a liturgia, a maneira de fazer culto, mas não pode haver diferenças gritantes na doutrina. A Bíblia deve ser entendida da mesma maneira no corpo de cristo.

4- NOMES BÍBLICOS DA IGREJA

CORPO DE CRISTO – (1) Cristo é o cabeça do corpo (2) Somos um organismo orgânico (vivo) (3) Existe uma ligação espiritual tão forte, entre todos que compõem a igreja, de tal forma que consideramos um desconhecido como um irmão (4) O corpo deve ser unido, numa comunhão para o bem comum (5) O corpo é da igreja local, mas é também universal (6) É a extensão do ministério de Cristo, mas não devemos entender isso como uma encarnação literal de Cristo, isso é heresia (falar o que a Bíblia não falou).

O TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO – (1) A igreja é habitada pelo Espírito Santo (2) Habitando a igreja o ES partilha com ela sua vida (3) O ES transmite para a igreja poder para evangelizar. Esse poder é visto nos dons de poder (capacidade de fazer a obra), nos dons do ministério (capacidade de liderar a obra), e nos frutos do Espírito (mudança pessoal de natureza) (4) O ES sendo um, é quem transmite unidade ao corpo (5) E é o ES que cria sensibilidade à liderança de Cristo na igreja. (6) O ES, o grande líder da igreja é quem a torna santa.

POVO DE DEUS – O conceito da igreja como povo de Deus destaca a iniciativa de Deus na escolha das pessoas. A Bíblia nos mostra Deus chamando pessoas do mundo para serem igreja e até mesmo diz que já os estava guardando, desde antes da fundação do mundo.

5- FUNÇÕES DA IGREJA – 1- Evangelização. 2- Edificação dos fiéis. Efésios 4.12, nos ensina que a edificação é maior do que o evangelismo. 3- Adoração. 4- Preocupação Social.

6- TIPOS DE GOVERNO DA IGREJA

EPISCOPAL – Na estrutura episcopal, temos a idéia de diferentes níveis de ministério ou

diferentes graus de ordenação. Como diácono, presbítero e pastor. A forma mais estruturada é da Igreja Católica, que o cargo máximo mundial é o Papa.

PRESBITERIANA – Nesse sistema de governo, os presbíteros não governam sós, mas decidem com autorização de grupos. Vemos isso, por exemplo na Igreja Batista, onde o pastor não pode decidir sem a autorização da diretoria da igreja.

CONGREGACIONAL – Aqui a igreja local é independente e se governa. Aqui, todos os indivíduos exercem autoridade, a autoridade não é de uma única pessoa. O grupo chama o seu pastor e pode mandá-lo embora. Batistas, congregacionais, luteranos e presbiterianos podem ordenar e exonerar pastores. Vi acontecer isso certa vez numa Assembléia de Deus, onde a igreja reclamou tanto do pastor que tiveram que trocá-lo. E numa presbiteriana estavam escolhendo o pastor, segundo o seu plano com a igreja (os jovens, velhos, pregação etc.).

SEM GOVERNO – Os Quakers não tem qualquer forma de governo. Eles adoram e sentam-se em silêncio e se alguém receber uma mensagem divina, compartilha com os outros. A Cristã do Brasil adota a idéia de alguém recebendo a palavra. Eles não lêem e nem estudam a Bíblia. Seus cultos são baseados em revelações na palavra (???).

7- ORDENANÇAS DA IGREJA

São duas as ordenanças da igreja: Batismo nas águas, que significa uma declaração publica de consagração a Deus, sendo um rito de iniciação; e a Ceia do Senhor, que é um memorial, onde participamos primeiro do pão, lembrando do corpo de Cristo, sacrificado para nossa libertação; e o vinho, que lembra do sangue de Cristo derramado na cruz por nós, e que tem um sentido escatológico de julgamento.

(1) O ministrador da Ceia deve ser digno. (2) Os participantes devem serem crentes dignos. (3) Sobre os elementos não se deve usar elementos bizarros, como batata frita e refrigerante. (4) Deve-se ainda buscar um equilíbrio em variar a maneira de ministrar, não se tornando com o tempo tão mecânico, que não se percebe mais a obra expiatória de Cristo. (5) Freqüência da ministração da Ceia. A Bíblia não tem uma ordem especifica a respeito disso. Nos parece que a Ceia do Senhor deve ser observada numa freqüência suficiente para evitar intervalos muito longos, mas não com tanta freqüência que a torne tão comum que não nos afete mais. (6) Um fator a ser lembrado é que a Ceia mede a nossa santidade. A Cristã do Brasil toma Ceia uma vez por ano, o que acaba não gerando uma expectativa de santidade requerida. Imagine quem perde essa Ceia, só a vai tomar no ano seguinte. (7) Não devemos ter um Evangelho do Medo, onde nossas pregações afastam as pessoas de Cristo, mas não podemos também abrir mão de certos valores. Devemos ensinar em amor as pessoas.

Amém

Fique na paz de Cristo.

BIBLIOGRAFIA

Teologia Sistemática – Millard e Erickson

https://pt.wikipedia.org/wiki/Reavivamento_da_Rua_Azusa

pslarios
Enviado por pslarios em 19/01/2021
Código do texto: T7163077
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