TEOLOGIA SISTEMÁTICA 8 “A VIDA APÓS A MORTE”

TEOLOGIA SISTEMÁTICAS 8 - "AS ULTIMAS COISAS"

1- A ESCATOLOGIA NA FILOSOFIA E NA RELIGIÃO

Escatologia é o estudo bíblico das ultimas coisas. Essa matéria em geral vem no final dos livros didáticos de Teologia. Querer saber das ultimas coisas desse mundo, não é exclusivo da religião cristã. Onde as pessoas tenham refletido seriamente sobre a vida humana, não inquiriram apenas donde ela surgiu e como veio a ser o que é, mas também para onde está destinada. Elas levantaram a questão: Qual é o destino final do homem? O homem perece na morte, ou entra noutro estado de existência, quer de bem-aventurança, quer de infortúnio? As gerações dos homens virão e passarão, numa sucessão interminável e finalmente acabarão no esquecimento, ou os homens e toda a criação estará a se mover para algo divino, um fim designado por Deus? E se a raça humana está se movendo para alguma condição final, ideal, as gerações que vêm e passam participarão disso de algum modo, e se for assim, como participarão? Ou servirão elas apenas como uma passagem, ou escada, que leva ao grandioso clímax, dos que ficarem para ver o final? Naturalmente, só os que crêem que a história do mundo teve um princípio, também terá um fim, podem falar de um final e podem ter uma doutrina da escatologia. Outro fato é que há uma ameaça de destruição que paira sobre nós e nos faz indagar sobre o nosso futuro. O futuro, mais do que em todas as épocas está em discussão. Todos querem respostas. Millard e Erickson contam que houve um ministro que pregou durante 19 anos Apocalipse. Alguns ministros são ainda retratados com uma Bíblia numa mão e o jornal do dia na outra.

De alguma maneira, toda a Teologia é Escatologia. A Bíblia nos direciona desde os primeiros versos a um final. Se há uma criação, no cap. 1 de Gênesis, haverá um final? Gn 3, onde fala de alguém que no futuro iria pisar na cabeçada serpente e restaurar todas as coisas. O Novo Testamento inteiro é escatológico, sempre empurrando a igreja para olhar para o fim das coisas. A vinda do Espírito Santo, o ministério do Espírito é escatológico, veio inaugurar o fim. A Igreja nasce na Era da Graça, que é a Era da Apostasia. A cada dia que passa, mais do Espírito é derramado sobre sua igreja, para que ela possa agüentar até o fim, pois a cada dia o pecado aumenta. Quando a humanidade chegar na Tribulação, terá chegado na mais baixa moralidade que jamais foi vista em qualquer período da história humana.

Quem é igreja hoje, é forte, pois nunca houve tanto pecado, tanta tentação, tanto mal, como há. Nos imaginamos muito fracos, mas na realidade somos fortes, pois nunca o mundo viu tanto pecado e aqui estamos nós. Na sua fraqueza, você está, no pior momento da história do mundo, até hoje. Hoje é o pior dia do mundo, pois hoje há mais pecado do que ontem e hoje, a Tribulação, o anticristo, esse novo governo demoníaco, com toda a força de sua malignidade, está mais próximo.

Mas para os entendem a Bíblia como escatológica e principalmente o Novo Testamento e o grande marco, o Ministério do Espírito, inaugurando a Era da Graça (que aponta para o alto, para Deus) ao mesmo tempo que é a Era da Apostasia (que aponta para baixo, para o Inferno), sabem que o assunto principal da escatologia não é o que vai acontecer no futuro, mas a idéia de que já começou uma nova era: O Reino de Deus. A Igreja é o povo do Reino, do futuro. Só há salvação em Cristo, através do Espírito Santo, nos gerando novas criaturas, na igreja. A salvação está em sermos igreja.

A Escatologia bíblica não foi escrita para nos assustar, mas para nos dar esperança. (1 Tess 4.13) Precisamos observar ainda que a escatologia não é para observarmos apenas o futuro, mas para compreendermos o Reino de Deus que já está entre nós. Nós cristãos sabemos quem somos e para onde estamos nos dirigindo. O futuro não deve nos assustar. Nós temos futuro.

As verdades da escatologia devem produzir em nos vigilância e prontidão na expectativa do futuro. Mas a preparação para o que esta por acontecer também implica diligencia nas atividades que nosso Senhor nos prescreveu. Devemos estudar a Escritura com intensidade e observar com atenção os acontecimentos em nosso mundo, de modo que possamos discernir a obra de Deus sem sermos enganados e perdermos a nossa salvação.

A MORTE

Precisamos distinguir entre Escatologia individual - que ocorrerá no momento da morte do individuo -. e da Escatologia da Raça Humana, ou de toda a criação. A primeira ocorrera a cada individuo na hora da morte. A segunda ocorrera a todas as pessoas vivas na época, do julgamento da Terra, que culminará com a segunda vinda de Cristo.

A morte é a separação entre o corpo e o espírito. Estamos lidando nessas passagens com o cessar da vida em seu estado corpóreo com que estamos familiarizados. Mas esse não e o fim da existência. A vida e a morte, de acordo com a Escritura, não devem ser entendidas como existência e nao-existência, mas como dois estados diferentes de existência. A morte e simplesmente uma transição para um modo diferente de existência; não é, como costumamos imaginar, extinção. Ou seja, nós cristãos acreditamos em vida após a morte. Alem de tratar da morte física, a Escritura fala da morte espiritual e da morte eterna, daqueles que perderem a salvação. (Rm 8.18-23)

O ESTADO INTERMEDIÁRIO

A Bíblia fala muitas coisas que não compreendemos, uma delas é o "Estado intermediário" que refere-se a condição dos homens entre a morte e a ressurreição. E como é essa condição? Uma corrente fala de ressurreição instantânea, mas como temos a parábola do rico e Lázaro, onde havia consciência após a morte e antes da vinda de Cristo, ela já é rejeitada de vez. Nesse estado todos os que morreram para essa vida esperam. E se vamos ter consciência, será que vamos falar com Paulo, Abraão, Adão, Davi e milhões de outros santos?

PURGATÓRIO – Essa é a concepção católica do Estado Intermediário. Eles dizem que logo após a morte é definida a situação eterna do individuo. Os que morreram totalmente maus vão diretamente pára o Inferno (que não foi inaugurado ainda, só na volta de Cristo). Os bons vão direto para o céu. Os indefinidos vão para o Purgatório, onde vão passar por diversas provas, até que possam evoluir e merecer o céu, ou ser perdido de vez indo para o Inferno. Segundo eles, baseado no culto aos mortos, os vivos podem ajudar os mortos com missas, orações e boas obras. Essas três atitudes reduzem o tempo de quem está no purgatório. A base bíblica deles é 2 Macabeus 12.43-45, um livro apócrifo. Mateus 12.32, I Corintios 3.15, donde o Purgatório é uma espécie de Inferno, antes do Inferno.

E é essa concepção de Purgatório que separa de vez o catolicismo do protestantismo. Declaramos por essa doutrina e pela idolatria que a Igreja Católica é uma seita. É um cristianismo não autorizado. A Teologia acha forçado o uso de Mt 12.32. Além disso o Purgatório implica uma salvação por obras e sem expiação (sem cruz), o que deve ser rejeitado imediatamente. (Gl 3.1-14, Ef 2.8-9)

SONO DA ALMA - Essa e a idéia de que a alma, durante o período entre a morte e a ressurreição, repousa num estado de inconsciência. Os adventistas falam em “extinção da alma”, segundo eles a pessoa não dorme, mas deixa de existir. A base para a idéia do sono da alma encontra-se, em grande parte, no fato de as Escrituras usar com freqüência a simbologia do sono para referir-se a morte. At 13.36, Jo 11.11, Mc 5.39.

A Bíblia mostra indícios que entre a morte física e a ressurreição, haverá consciência. Uma referência é a parábola do rico e do Lazaro (Lc 16.19-31). Outra referencia é a palavra de Jesus, na cruz, ao ladrão: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43).

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

A segunda vinda de Cristo é a base da esperança cristã, o evento que marcará o inicio da complementação do plano de Deus. (I Tessalonicenses 4.15,16) Não sabemos quando esse momento ocorrerá e por não saber o tempo a igreja deve estar sempre em vigilância. A segunda vinda será pessoal para cada individuo; física, ocorrerá num nível que compreendamos; Mateus 24.30: "e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita gloria".

Inesperada. Vamos ler o que Erickson disse nesse tópico: “Embora a segunda vinda seja precedida de vários sinais —sacrilégio desolador (Mt 24.15), grande tribulação (v. 21), escurecimento do sol (v. 29), eles não indicarão o tempo exato da volta de Jesus. Por conseguinte, haverá muitos para os quais sua volta será bem inesperada. Os ensinos de Jesus dão a entender que, por causa de uma grande demora ate a segunda vinda, alguns serão tomados pela desatenção (Mt 25.1-13; cf. 2Pe 3.3,4). Mas quando a parusia finalmente ocorrer, será tão rápida que não haverá tempo para fazer preparativos (Mt 25.8-10). Como afirma Louis Berkhof, "A Bíblia da a entender que a medida da surpresa que haverá quando da vinda de Cristo será na razão inversa a medida da vigilância das pessoas".”

Triunfante e gloriosa - Varias descrições do retomo de Cristo indicam seu caráter glorioso, num contraste marcante com as circunstancias simples e humildes de sua primeira vinda. Ele vira nas nuvens com grande poder e gloria (Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27). Ele estará acompanhado de seus anjos e será anunciado pelo arcanjo (lTs 4.16). Ele se assentara em seu trono glorioso e julgara todas as nações (Mt 25.31-46). A ironia dessa situação e que ele, que foi julgado no final de sua estada na terra, sera o juiz sobre todos em sua segunda vinda.

A UNIDADE DA SEGUNDA VINDA

Há um grupo de cristãos que ensina que a vinda de Cristo ocorrera em duas etapas: O arrebatamento e a Revelação, ou a "vinda para os santos" e a "vinda com os santos". Esses dois eventos serão separados pela grande tribulação, que, segundo se acredita, deve durar cerca de sete anos. Aqueles que sustentam essa idéia são chamados pretribulacionistas, e a maioria deles é dispensacionalista. O arrebatamento ou a "vinda para os santos" será secreta; não será percebida por ninguém, exceto a igreja. Uma vez que deve preceder a tribulação, não há profecia que ainda precise ser cumprida antes que possa ocorrer. Portanto, o arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento ou, segundo a terminologia usual, é iminente. Assim, o arrebatamento livrará os crentes da grande tribulação. Então ao final da tribulação, Cristo virá com a Igreja.

Em contraste com o pré-tribulacionismo, outra concepção da segunda vinda

de Cristo sustenta que haverá uma única ocorrência, um evento unificado. Elas

associam todas as profecias acerca da segunda vinda a um único evento, enquanto

os pretribulacionistas associam algumas das profecias ao arrebatamento e outras à

revelação.

É muito difícil enxergar um arrebatamento secreto em I Tessalonicenses 4.15-17.

O TEMPO DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO

O fato de não sabermos quando ocorrerá a segunda vinda, não nos impede de saber quando não é a hora. “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” Mateus 24:14 A segunda vinda também resultará no grande julgamento final.

Os pos-tribulacionistas compreendem de forma diferente a volta de Cristo. O teólogo George Ladd discorda de uma vinda secreta, anterior a tribulação, pela interpretação de termos bíblicos no grego traduzido por "encontrar" (apantesis). Uma dessas referencias esta na parábola das virgens prudentes e néscias, uma parábola explicitamente escatológica. Quando chega o noivo, faz-se o anuncio: "Eis

o noivo! Sai ao seu encontro [apantesis]" (Mt 25.6). As virgens não saem para encontrar-se com o noivo e depois partir com ele. Antes, saem para se encontrar com ele e depois voltam com ele, acompanhando-o no banquete nupcial. A outra ocorrência da palavra (At 28.15-16) é uma narrativa histórica, não escatológica. Paulo e seus companheiros estavam indo a Roma. Um grupo de crentes de Roma, ouvindo de sua aproximação, chegam ate a Praça de Apio e as Três Tavernas para encontrá-los (apantesis), e voltam com ele a Roma.

Ou seja, Na volta de Cristo (Apocalipse 19), os mortos em Cristo serão ressuscitados, junto com os crentes vivos e irão se encontrar com Cristo nos ares, que estará vindo à Terra. A igreja não vai para o céu, antes é Cristo que vem à Terra.

Portanto, nosso encontro no ar com o Senhor não e um caso de ida para o céu, mas de um encontro seguido imediatamente de uma descida à Terra junto com ele. É a igreja, não o Senhor, que vai voltar para onde estava depois do encontro.

IREMOS PARA O CÉU OU ESTAREMOS NO CÉU?

Popularmente o céu é retratado como um lugar de grande prazer físico, um lugar em que tudo que mais desejamos aqui na terra é atingido. Assim, o céu parece uma simples ampliação das condições terrenas (ou até mundanas). A perspectiva correta é ver a natureza básica do céu como a presença de Deus; presença da qual fluem todas as bênçãos do céu, ou da presença de Deus.

É provável que seja mais seguro dizer que, embora o céu seja tanto lugar como estado, é primeiramente estado. A marca distintiva do céu não será um lugar especifico, mas uma condição. A vida no céu (na presença de Deus, que não precisa de um local para existir), será de alguma espécie de trabalho, ou serviço. NO futuro não teremos umas férias eternas.

O ESTADO FINAL DOS ÍMPIOS

Mas o que é o inferno? Compreendemos que é a total ausência de Deus. Então o inferno é mais um estado do que um lugar. "Então, o Rei dirá também aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41).

Se existe uma característica básica do inferno, em contraste com o ceu, é a

ausência de Deus ou o banimento de sua presença. É uma sensação de angustia

extrema, com sofrimento físico, ansiedade mental ou ambos. Outros aspectos

incluem uma sensação de solidão, de ter visto a gloria e a grandeza de Deus, de ter

entendido que ele é o Senhor de tudo e, depois, de ser desligado. Ha a consciência

de que essa separação é permanente. De modo semelhante, a condição moral e

espiritual da pessoa é permanente. Da maneira que a pessoa estiver no final da

vida, assim continuara por toda a eternidade. Não ha base para expectativas de

mudancas para melhor.

Há uma enorme discussão sobre se o inferno será para sempre ou se será destruído. “Então a morte e o Hades (o local onde está as almas dos que morreram sem Cristo) foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte.” Um inferno eterno existindo, ou sendo destruído é indiferente, pois se inferno é ausência para sempre de Deus, após o julgamento final do Trono Branco, tanto faz. (Apocalipse 20:11-15) A pior das piores coisas que pode acontecer com uma pessoa é ela perder a salvação e no ultimo instante de vida ver a glória eterna de Deus que ele perdeu. E também não condiz com o caráter do nosso Deus, uma tortura eterna no inferno de entes que amávamos. Eu não gostaria de saber que Deus continua fazendo existir no inferno, aqueles que conheci em vida.

Erickson no lembra que toda vez que pecamos, há no pecado o envolvimento de um fator infinito. O pecado precisa ser resolvido nessa vida, depois não vai dar mais. Por fim, nos parece ainda que existem graus de punição no inferno, assim como existem graus de bênçãos aos salvos. (Mt 11.21-24). A Bíblia ensina claramente cinco tipos de coroa aos crentes, ou galardões, que estão diretamente relacionadas ao nosso serviço nessa vida. Então pode ser que alguém passou a vida toda sofrendo por amor a Cristo, mas no futuro será honrado. 1. Coroa da vida. (Apocalipse 2:10) 2. Coroa da justiça. (2 Timóteo 4:8) 3. Coroa da glória. (1 Pedro 5:4); 4. Coroa incorruptível (1 Coríntios 9:25-26); 5. Coroa da alegria. (1 Tessalonicenses 2:19-20; Filipenses 4:1)

Amém.

Fique na paz

BIBLIOGRAFIA

Teologia Sistemática – Millard – Erickson

Teologia Sistemática – Louis Berkhof

21/01/2021 Paulo Sergio Larios – Facebook / paulosergio.larios

pslarios
Enviado por pslarios em 21/01/2021
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T7165014
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