“APOCALIPSE” AULA 1

Devemos perceber que só ler a Bíblia é insuficiente para compreende-la. Devemos perceber também, que não existe livro fácil na Bíblia, ou dito de outra maneira, precisamos compreender o que os textos bíblicos querem dizer. Apesar da dificuldade aparente em alguns livros, nenhum livro bíblico é intransponível - talvez os tenhamos estudado pouco.

Apocalipse é tido como o livro mais difícil da Bíblia e portanto pouco lido e pouco pregado. Apesar de ser difícil compreender o que Apocalipse fala, não é difícil entender como fala. Uma das grandes dificuldades é que não somos simples e nossos desejos e projeções, interferem em qualquer leitura e por não aceitar o que está escrito – o que deveríamos ler e interpretar sem interferir – lemos uma coisa e pensamos, desejamos e queremos outra, que não está escrita.

Ao se estudar qualquer livro bíblico, precisamos ter em mente algumas coisas: Quem escreveu, por quê escreveu (qual é a mensagem a ser observada) e quando escreveu?

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO – (1) O Evangelho deixaria uma lacuna muito grande, se este livro não tivesse sido escrito. Logo que a igreja foi inaugurada, durante séculos houveram perseguições ferozes para fechá-la. Apocalipse encerra todos os assuntos bíblicos pendentes, trazendo esperança de um futuro com Deus. (2) Apocalipse é o livro de um mundo. Quando foi escrito não se imaginava um mundo globalizado como temos agora. (3) Este livro é notavelmente um livro para uma era de perturbação, para um século no qual as trevas se espessarão, o medo se espalhará por toda a humanidade, e poderes monstruosos, ímpios e maus, aparecerão no palco da história. (4) Esse é o único livro da Bíblia que tem uma benção para quem lê, ouve e guardam as suas palavras (1.3; 22.7)

AUTOR – A tradição dá como autor o apóstolo João. (1.1)

DATA - O veredito unânime da igreja primitiva era que o apóstolo João foi banido para a Ilha de Patmos pelo imperador Domiciano (81 a 96 d.C.), colocando alguns escritores o exílio no ano décimo quarto do seu reinado, 95 d.C.

TÍTULO DO LIVRO - A palavra Revelação (Apocalypsis) deriva do latim revelatio - de revelare, "revelar ou tirar o véu daquilo que estivera previamente escondido". Quer dizer, Deus sempre soube o fim que quer dar para a igreja.

O TEMA - O Apocalipse é um livro profético. Na sua revelação do futuro, enfatiza particularmente as repetidas e crescentes tentativas violentas e mundiais de personalidades e pessoas terrenas, ativadas e dirigidas por poderes demoníacos e lideradas por Satanás, de tentarem impor um governo demoníaco sobre a terra. Está claro que este conflito certamente acabará com a derrota dessas forças do mal e o estabelecimento do reino eterno de Cristo. Este conflito, visa derrotar a igreja, que atrapalhará até o fim, esse governo. Cada tentativa de conquistar o mundo e derrotar a igreja vai fracassar, seguido por terrível juízo divino. E o longo conflito terminará no juízo diante do Grande Trono Branco, com o aparecimento da Nova Jerusalém, e o começo da eternidade.

UM LIVRO DE VISÕES - O livro do Apocalipse, acima de todos os outros livros da Bíblia, é um registro do que foi revelado em visões ao autor. Isso é muito complicado, pois visões são em ultima instância subjetivas. Uma coisa é dizer que vi algo, outra é explicar isso a quem não está vendo. Apesar de ser baseado em visões, Apocalipse fecha assuntos bíblicos importantes, como o destino final, a volta de Cristo, a derrota de Satanás.

O USO DO VELHO TESTAMENTO NO APOCALIPSE – O livro usa amplamente temas do Velho e Novo Testamento. Estima-se que dos 404 versículos deste livro, 265 contenham linhas que abrangem aproximadamente 550 referências de passagens do Velho Testamento. O restante é tudo Novo Testamento.

ALTERNANDO CENAS DO CÉU E CENAS DA TERRA – Muitas cenas deste livro estão localizadas no céu, enquanto os juízos propriamente ditos têm lugar na terra; e as cenas no céu sempre precedem os acontecimentos terrenos aos quais estão relacionados. Assim, Apocalipse é o céu, julgando a terra.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO

Vamos compreender melhor o livro, dependendo como o interpretamos. Os principais métodos de interpretação são quatro.

(1) Esquema Espiritual de Interpretação - Desde os dias de Agostinho, sempre existiram alguns mestres da Bíblia que têm insistido que o propósito deste livro não é instruir a igreja quanto ao futuro, não é predizer acontecimentos específicos, mas simplesmente ensinar princípios espirituais fundamentais.

(2) O Esquema Preterista de Interpretação - Este sistema de interpretação do Apocalipse insiste em que o autor só descreve acontecimentos que aconteceram na terra, dentro do Império Romano, durante os seus dias de vida, especialmente aproximando-se do fim do primeiro século. Este é um ponto de vista principalmente desenvolvido no século XVII, por Alcazar, um mestre jesuíta, numa tentativa de replicar aos argumentos da Reforma, que insistiam que o livro predizia a corrupção e declínio da Igreja Católica Romana, especialmente nos dois capítulos dedicados à Babilônia.

(3) O Esquema Historicista de Interpretação - De acordo com este conceito, o livro apresenta eventos particulares da história do mundo que se relacionam com o bem-estar da Igreja desde o primeiro século até os tempos do fim.

(4) O Esquema Futurista de Interpretação - Esse esquema insiste que, na grande maioria, as visões deste livro se realizarão no final desse mundo, inaugurando um novo mundo.

TEOLOGIA DE APOCALIPSE - A doutrina de Deus.

Parece não haver dúvida de que o tema principal do livro é a soberania de Deus. A estrutura do livro é construída em torno do reinado soberano de Deus do ponto de vista de sua

transcendência em relação a este mundo. Deus é tanto Criador quanto Juiz, o Senhor da história. É uma mensagem dominante que se desenvolve ao longo do livro. Em certo sentido, os primeiros capítulos colocam lado a lado dois cenários: celestial (cap. 1; 4; 5; 7) e terreno (cap. 2; 3; 6; 8; 9). Os cenários do céu tipificam adoração, alegria, paz e triunfo, ao passo que os da terra evocam dificuldades, caos, apostasia e juízo.

Enquanto que para os que estiverem vivos na época da Tribulação, na terra, não parecerá mas o céu está em festa. Há uma comemoração, é o fim dessa era, o fim do pecado, o fim de Satanás e dos maus chegou. Há alegria, um novo céu e uma nova terra estão chegando. Toda lágrima será enxugada, não haverá mais pranto, nem dor, Cristo reinará.

ESBOÇO (Moody)

I. As cartas às sete igrejas da Ásia. 1:9 – 3:22.

II. O livro com os sete selos e os acontecimentos terrenos que ele

anuncia. 4:1 – 6:17.

III. Os juízos anunciados pelas sete trombetas. 7:1 – 9:21.

IV. A hora mais negra da história universal. 10:1 – 13:18.

V. As sete taças do juízo. 14:1 – 16:21.

VI. Babilônia e Armagedom. 17:1 – 19:21.

VII. O Milênio; o Juízo Final; a Nova Jerusalém e

a Eternidade. 20:1 – 22:5.

Observe que esta divisão se encaixa na seguinte seqüência de grupos de capítulos - 3 - 3 - 3 - 4 - 3 - 3 - 3.

AGRADECIMENTO

Agradeço ao pastor Vinicius, do Ministério Nação Santa, que nos tem deixado ensinar livremente, mesmo tocando em assuntos mau compreendidos pela igreja. Ele acha que eu tenho uma visão diferente da dele, que é pentecostal e merece ser ouvida também – obrigado por isso. Na verdade eu ensino textos da Reforma numa Igreja Pentecostal. Faço questão de mostrar a bibliografia e dizer de onde estou tirando essas informações.

São dois apenas, os maiores desentendimentos entre os escritos bíblicos e o pentecostalismo:

(1) Eles compreenderam errado que o batismo do cristão é falar em línguas. Não, o batismo do cristão é ser inserido num corpo, a igreja. Falar em línguas é outra coisa.

(2) O segundo ponto é sobre a volta de Cristo, onde acho perigosa a afirmação que a igreja não vai passar pela tribulação, mesmo que tenhamos muitos textos da igreja evangelizando em Apocalipse, o que é falar e ensinar diferente do que a Bíblia ensina.

(3) Ao se dobrar a Bíblia para ela forçar a dizer o que não diz, fica claro que a nossa interpretação está errada. Em cima dessas duas doutrinas compreendidas errado, criou-se todo um aparato fantasioso gigantesco e herético: Dispensacionalismo, a retirada do Espírito Santo do mundo, a volta invisível de Cristo, a segunda benção, que dividiu os cristãos em categorias de quase crente e o “crente batizado”. Se é para alguém se gabar deveria ser o pregador, pois esse é o primeiro dom, e que diz que ele será profeta também, se falar inspirado por Deus. É uma má compreensão louca imaginar que se é mais crente por que tem o dom de línguas. Eu já escrevi aqui, que acredito firmemente no que a Bíblia diz. O dom de línguas é em primeiro lugar pessoal, dado para ajudar os crentes a orarem. Acredito até que o dom é para gente que precisa desse “empurrão, esse incentivo” do Espírito para orar. “Quem fala em língua a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja.” 1 Coríntios 14:4 Quem fala em línguas é edificado, fortalecido por Deus, mas quem prega ou ensina fortalece a igreja. O dom de línguas é para quem precisa ser edificado. Compreender que isso quer dizer que se é de outra categoria, deveria se pensar então que se é de uma categoria mais fraca e não super-crente.

(5) Atos 2, pode realmente confundir numa leitura apressada e preguiçosa, pois duas coisas ocorreram ao mesmo tempo, o batismo da igreja, que quer dizer que a igreja estava sendo inaugurada naquele instante e o batismo do crente na igreja, que significa que a partir de Atos 2, sou corpo de Cristo. O batismo do crente está em 1 coríntios 12 e não em Atos.

Amém

Fique na paz

BIBLIOGRAFIA

Comentário Apocalipse Moody

Comentário Exegético do Apocalipse - Grant R. Osborne

pslarios
Enviado por pslarios em 23/01/2021
Código do texto: T7166577
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