Sobre a Inquisição

Eu estava nos comentários de matéria da colega recantista Maria Cândida Vieira quando surgiu um debate com Richard Foxe em torno de fatos históricos, os mártires do tempo de Roma pagã, mas surgiram os assuntos de Felipe Aquino e Inquisição. Isso nada tinha a ver com a matéria da titular da escrivaninha, por isso estou me recolhendo à minha para prosseguir na argumentação.
Sobre o Professor Felipe Aquino: eu o considero um dos grandes homens desse país e o acompanho, principalmente através dos programas da TV Canção Nova, há quase dez anos. Não pode ser desqualificado só porque alguém anônimo o criticou na internet. E quando trata de doutrina católica ou fatos históricos ele não chuta, fundamenta tudo. Aquino inclusive consulta grandes historiadores como Daniel Rops.
Sobre a Inquisição. Lembrando que existiu também a Inquisição Protestante, da qual a mídia quase não fala mas que matou Miguel Servet e São Thomas Morus, respectivamente o descobridor da circulação sanguínea e o autor do romance "A Utopia".
Sobre a Inquisição Católica, o eminente Padre Paulo Ricardo disse certa vez que a Igreja há muito entendeu que nós não matamos pela Fé, nós morremos pela Fé. Mas, disse também, com muita propriedade, que a criação da Inquisição representou na época uma melhora, pois os tribunais civis eram piores e nos do Santo Ofício as pessoas tinham uma chance de se defenderem. Aliás sempre ocorreram, desde as civilizações do paganismo, iniquidades jurídicas e penais.
A Inquisição cuidava apenas dos casos de bruxaria e heresia. Ora, em rituais de feitiçaria sacrificavam-se crianças, isso até hoje acontece. E grupos herejes praticavam matanças.
Não quero com isso dizer que os tribunais da Inquisição não erravam. Cometeram erros e crimes mas estranhamente os inimigos da Igreja raramente falam em Santa Joana Darc, vitima de gravíssima injustiça. Acho que não agrada a eles defender a memória de uma santa católica.
Consultando grandes historiadores Felipe Aquino mostrou que o número de execuções feitas pela Inquisição foi pequeno, nem de longe se aproximando dos "milhões" referidos por pessoas desavisadas, pois nem a população da época suportaria tal número. E eu já esbarrei com um amigo que jurava de pés juntos que Galileu havia sido queimado vivo. Tentei esclarece-lo mas ele foi impermeável e ainda se saiu com a abobrinha de que eu era o único (!) a negar que Galileu foi para a fogueira. Essa posição daquele amigo equivale a negar que o homem foi à Lua.
O caso de Galileu é doloroso, foi um grave erro seu julgamento, mas o fato é que a moderação do tribunal (ele não foi executado e não foi torturado) desmente outra abobrinha que eu já li, de que se alguém era preso pela Inquisição já estava previamente condenado à morte. Pura mentira.
Galileu aliás não estava integralmente certo, pois buscou provar uma tese certa (a Terra se move no espaço) com uma prova falsa (as marés). A prova do movimento da Terra só veio dois séculos depois. Outra ignorância é dizerem que Galileu foi condenado por dizer que a Terra é redonda. Não, a questão não era a forma da Terra mas o seu movimento. Isso é ponto pacífico.
Infelizmente muita gente "ouve cantar o galo sem saber aonde" e parte daí para afirmações taxativas porém infundadas, como dizer que Galileu foi queimado vivo. Ainda mais nesse tempo em que diminuiu tanto o amor pelos livros.
Sim, inquisidores cometeram erros, crimes, crueldades. Mas é questão de amor à Verdade buscar delimitar a verdadeira proporção dos fatos.

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2021.