Já faz tempo que este tema me ronda e baseado em experiências próprias e análises de psicólogos, resolvi explaná-lo um pouco. Assim como a Playboy estragou o relacionamento para os homens e a Disney para as mulheres (porque as pessoas fantasiam as relações), a música tem feito um papel semelhante.
No caso da música, não vemos muitas fantasias de amor em que a pessoa idealiza um relacionamento perfeito, na verdade, temos visto mais uma distorção tão destrutiva quanto, que é a aceitação de relacionamentos tóxicos e sujos. Quando digo tóxico não quero dizer (apenas) relacionamentos abusivos física e psicologicamente, pois estes são bem escancarados e fáceis de detectar. Digo tóxico daqueles que não passam de migalhas e humilhações que as pessoas têm aceitado viver acreditando que amor é isso.
Bem sabemos que a música é o reflexo de uma cosmovisão, ou seja, a forma como aquele compositor/cantor enxerga o mundo. Essa visão de mundo pode estar em uma composição de forma proposital ou não. Muitas vezes o autor não deseja expressar uma filosofia de vida, mas o fato de crer nela e enxergar o mundo a partir dela, acaba transferindo este tipo de sentimento e vivência para as suas composições (neste caso, falo da música, mas o mesmo acontece no campo das artes, literatura, cinema e etc., pode observar).
Desta forma, em músicas como: “mente pra mim, é o que eu gosto, quanto mais você me ilude mais eu te adoro”; “eu sou seu esquema preferido”; “pedindo pra mim dá tapa na tua cara”; “a sua ausência tá fazendo mais estrago que a sua traição... volta Rita que eu te perdoo a facada” vemos claramente o tipo de relacionamento que as pessoas têm vivido e se sujeitado. Você realmente acha saudável viver com alguém que mente? Você realmente gosta que mintam para você? Você realmente deseja ser o esquema de alguém? Se você quer ter alguém para a vida toda, por que se submete a alguém que te trata apenas como um esquema? É esse tipo de reflexão que quero que façamos.
Você pode até dizer que não perdoa nunca se alguém “te dar uma facada” conforme a música acima, mas muitas vezes aceita estar em um relacionamento com alguém que não te assume e não quer compromisso com você, que mente para você e no fundo você sabe disso, mas também não faz nada a respeito. Isso não é muito diferente e também é uma distorção do amor.
Ouvir músicas como essas e várias outras com letras semelhantes e contribuir para sua disseminação só prova que você acredita em tudo isso que é cantado, e por isso VOCÊ É O QUE OUVE. Se o ritmo da música é o que te agrada, não se deixe levar pela letra. Palavras têm muito mais poder do que imaginamos, e não, não estou sendo espiritual ou radical, isso também é dito por psicólogos.
Acredito que muitas vezes você até pediu a Deus em suas orações, alguém de valor, de respeito, de confiança, afinal, todo mundo sabe o que é “bom”, mas muitos acabam se relacionando com pessoas que são o oposto disso. Se eu te perguntar o que é bom em um relacionamento você provavelmente dirá: carinho, atenção, confiança, fidelidade, compromisso, honestidade; e o que é ruim? Você provavelmente irá dizer: traição, mentiras, joguinhos, manipulações, engano, violência. Mas mesmo essas respostas sendo quase que unânimes, as pessoas continuam se envolvendo e se sujeitando a relacionamentos sujos. Isso é uma incoerência nos sentimentos e só você tem poder para mudar essas escolhas, o que dependendo do caso, cabe uma terapia. Contudo o que quero trazer a reflexão é que quando ouvimos músicas que retratam relacionamentos frustrados, cantamos e acreditamos nisso, não fazemos nada além do Jesus disse em Mateus 12:34b: “a boca fala do que está cheio o coração”.
Francis Schaeffer em seu livro Como viveremos? diz “da mesma forma que a música que vinha do ensino bíblico da Reforma era pautada por esta cosmovisão, assim a cosmovisão do homem moderno pauta a música moderna.” É exatamente o que tem acontecido, a maneira de viver da atualidade tem refletido nas músicas. Relacionamentos vazios, líquidos e sentimentos distorcidos. Mas quero te dizer que: não é porque grande maioria das pessoas age assim e vive relacionamentos assim, que você tem de viver. Não é porque uma voz grita que ‘homens/mulheres são todos iguais’ que você precisa acreditar. Não é porque a maioria trai, que você tem que trair também ou se sujeitar a viver em um relacionamento de traições porque dizem que é normal. Não, isso não é normal, pode até ser comum, mas normal não é e não somos obrigados a acreditar nisso. Não é porque a música reflete o que muitos vivem que devemos viver como tal.
Portanto, não é porque as vozes cantam e vivem “a sua ausência tá fazendo mais estrago que a sua traição” que devemos viver isso também. É nisso que quero que reflita. Ainda existem pessoas boas e existem relacionamentos bons. Casamento é bom e é benção de Deus, por mais que o mundo grite o oposto. Não perca a esperança de algo bom e real, mas também não fantasie. Busque curar suas feridas, busque também por pessoas curadas e as procure nos lugares certos, volte a acreditar no amor verdadeiro, não nesses que são pregados por aí. Quer saber o que é amor verdadeiro? João te dá essa resposta: “Deus é amor” (1Jo 4:8), então procure encontrar o amor na perspectiva daquele que é o próprio amor, não naquilo que o mundo canta que é.
Abra a Porta e Nayara Kívilla
Enviado por Abra a Porta em 05/07/2021
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