MESTRE UM DOM ESCATOLÓGICO

Podemos resumir o ministério de Cristo nos cargos que ele exerceu. A Teologia Sistemática resume em três os ministérios de Cristo. Profeta, sacerdote e rei. Mas podemos pensar em pelo menos mais dois ainda: mestre e pastor.

A Teologia Sistemática define Jesus como Profeta no ministério publico (do batismo nas águas até a cruz), sacerdote na Cruz e Rei no ministério escatológico, futuro. Profeta, sacerdote e rei ainda nos falam de Revelação, Reconciliação e Governo.

O DOM DO MESTRE – Professor de Bíblia

Se você é chamado no ofício do mestre vai conseguir identificar esse chamado por uma ardente sede da Palavra de Deus em seu coração. Todos os cristãos anseiam pelo conhecimento da Palavra, mas o mestre é consumido pelo desejo intenso dela.

O que tem chamado de mestre é dado ao ensino de uma forma especial, consegue por causa desse equipamento sobrenatural maravilhar seus ouvintes à medida que expõe as escrituras com argumentação plausível, fundamento, base, certificando-se de que todas as pontas estejam amarradas. Ele pensa na pergunta que o ouvinte pode fazer, mas que não faz na maioria do tempo.

O bom mestre, não estuda somente a Bíblia de forma cega, ele estuda heresias, outras religiões, sociologia, filosofia, política, a cultura em geral, a mente humana, os comportamentos, as pessoas e o mundo. O verdadeiro mestre é engajado, pop. Jesus era pop. Ele sabia como as pessoas pensavam, o que desejavam, o que acontecia na política.

Grande parte do ministério de Jesus foi ocupado com o ensino. Ele ensinou nas casas, nas sinagogas, nos templos, aldeias, cidades em todos os lugares. Todos se maravilhavam de sua doutrina que se distinguia em muito a dos fariseus por causa da autoridade com que ensinava. Jesus não ensinava contos, tradições legalistas ou doutrinas de homens. Ele ensinava a Palavra.

Jesus, levantou doze homens e os ensinou, preceito sobre preceito, a respeito do reino de Deus. Quando eles não compreenderam o que ele estava dizendo, não levou em conta o fato de serem mortos, espiritualmente, e não terem a presença do Espírito Santo dentro deles. Ele simplesmente ensinou de outra maneira. Ele fazia perguntas obvias, e depois ensinava e ensinava novamente.

UM DOM NECESSÁRIO

A obra do mestre é edificar o corpo de Cristo. Não com modismos ou uma nova revelação, mas com a Palavra. Em tempos de desvios gritantes, que estamos vivendo, esse dom ministerial se faz urgente. A função do mestre não é descobrir aquilo que ninguém descobriu, mas mostrar o que as pessoas não estão vendo e expor o sentido claro do texto.

Existe no ofício do mestre um equipamento sobrenatural para ocupar-se da doutrina, do ensino bíblico. Deus usa o ministério do mestre para trazer estabilidade e maturidade à igreja. O mestre vai ser o guardião da palavra, levando a igreja para uma firmeza doutrinária capaz de resistir os tempos difíceis. A ocupação do mestre é a doutrina.

DE VOLTA AOS CAMINHOS ANTIGOS

Assim diz o Senhor: "Ponham-se nas encruzilhadas e olhem; perguntem pelos caminhos antigos, perguntem pelo bom caminho. Sigam-no e acharão descanso". Mas vocês disseram: ‘Não seguiremos!’ Jeremias 6:16

Jeremias disse, coloquem-se nas esquinas, nas encruzilhadas e perguntem onde estão os caminhos antigos? Onde está o bom caminho? Quando encontrar esse caminho, siga-o e acharão descanso. Mas, acusa Jeremias, vocês disseram, não seguiremos.

Como foi dito o ministério do mestre traz estabilidade, o contrário de instabilidade.

a. Estabilidade é uma coisa estável, firme, que não muda, monótona, fixa.

b. Instabilidade, pelo contrário, é uma coisa instável, fervente, que fica se movendo, algo liquido, não estabiliza, não fixa, toda hora quer novidades.

O recado de Jeremias, portanto de Deus, é volte aos caminhos antigos. Volte à pregação da palavra bíblica. Volte a fazer os cultos como já aprendemos. Volte à liturgia já estabelecida. O que tem que ter num culto? Uma breve oração para começar o culto, alguns testemunhos, adoração, ministração de dízimos e pregação. O que tem que ter numa igreja? Um templo, um lugar para congregar, um púlpito, luz elétrica, cadeiras. Que mais? Horário fixo. Dia fixo de culto. No tempo de Jesus a sinagoga funcionava todo sábado. Na mesma hora, no mesmo lugar, do mesmo jeito.

Malaquias 3.6 fala: “Porque Eu o Senhor, não mudo.” Deveríamos seguir o exemplo de Deus e não ficar mudando as coisas. - Numeros 2.1-3, ao falar da disposição das tribos e Israel, mostra que Judá ficava de frente à porta do Tabernáculo, a leste, oriente, ou no lugar de onde nasce o Sol. Deus quando vem, sempre vem do Oriente. A posição do Tabernáculo era fixa, com a porta para o oriente. Deus sempre vinha do mesmo caminho, Ele não muda nunca.

FALTAM MESTRES

Percebemos que muitos mestres, ou professores da Igreja, não têm a devida humildade no exercício do dom que Deus lhes concedeu. (Isso serve para obreiros em geral, pastores, presbíteros, diáconos e outros) Alguns mestres são soberbos, pelo fato de conhecerem algumas coisas mais do que outros. Vê se um teólogo quer congregar numa igrejinha como a nossa? Sem visibilidade, com gente que mais falta do que vem.

Não devemos generalizar, pois alguns mestres, apesar de seu elevado grau de conhecimento bíblico, teológico e secular, são humildes e sinceros, colocando-se como servos a serviço das igrejas. Mas devido ao seu alto grau de conhecimento teológico e compreensão das coisas, entendemos que Deus coloca nesses um espinho na carne, que cause humilhação, por causa do seu dom.

Os bons mestres são muito úteis às igrejas locais. Muitas vezes, os pastores se enchem de tantos afazeres e negligenciam a obra que foi chamado, que é discipular, ensinar, fazer díscipulos e não têm tempo de preparar estudos e mensagens substanciais, com conteúdo, para alimentar a sua igreja. E ai recorrem aos mestres para lhes ajudar nessa difícil tarefa de edificar o rebanho.

É tão importante o cargo que a Bíblia requer que haja dedicação ao exercício desse dom: “…se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7).

Essa é talvez a maior falha em muitos ministérios nas igrejas, a falta de dedicação ao ensino. Há pessoas que querem ensinar sem o mínimo preparo para essa atividade. Nos tempos pós-modernos, mais do que nunca, existe a necessidade de bons ensinadores. Há questionamentos e problemas que não havia há alguns anos. E muitos pastores não estão preparados para dar respostas adequadas ao rebanho. O avanço das ciências, das tecnologias, as questões da bioética, as mudanças rápidas no comportamento social provocam questões que exigem, não só o conhecimento bíblico e teológico, mas também secular.

O mestre ou ensinador precisa ter o cuidado de não se considerar superior ao pastor ou dirigente de uma congregação, pelo fato de ter mais conhecimento que a média dos obreiros. Pergunte a qualquer mestre, como ele dirigiria a sua igreja, com certeza ele vai falar que de maneira diferente. ”Eu faria diferente” ele dirá. Primeiro ele vai dizer: Pra mudar isso ai que você quer mudar, você perguntou pra Deus se ele quer que você mude alguma coisa? Para implantar essa idéia, você perguntou? Você orou?

AS DIFICULDADES DE ENSINAR

Muitas são as situações que causam desanimo ao mestre. Infelizmente, em muitas igrejas, o ministério de mestre, que se reflete no culto de ensino, é negligenciado pelo pastor, que não o compreendendo, não o difunde, até mesmo, até sem querer, acaba sabotando o ministério do outro. O mestre é alguém que estuda sem parar a Bíblia e os livros de Teologia. Dorme pensando na palavra e acorda pensando na palavra. Ora, jejua, estuda a palavra, estuda técnicas de ensino, lê muitos livros, para entregar o melhor para as pessoas e muitas vezes somos sabotados por pessoas que não compreendem o ministério dado por Deus à igreja. Somos sabotados pela coisa que pode ser a que mais dói ao professor: a falta de alunos. Não poucas vezes somos sabotados pela igreja toda, pela falta dela nos cultos de ensino. Dói uma igreja que tem culto de ensino, ouvirmos alguém trazer uma heresia na sua pregação. Dói ouvir alguém pregando diferente do culto de ensino.

Tentamos ensinar o melhor, mas se as pessoas não vêm para aprender, resta pouco ou nada a fazer. Muitos mestres acabam optando por mudar de ministério, largando a batina de professor e virando apenas mais um pregador, pois esse é um cargo bastante ingrato, apesar de um dos mais bonitos da igreja. Em casos extremos, se o chamado de ensino é muito forte, a opção é buscar outra igreja para ministrar.

Eu já percebi que a igreja te ouve muito bem durante uns seis meses, passando esse tempo a igreja acha que já sabe tudo e para de vir aprender. Só para constar, com um ano que estou fazendo na igreja atual, agora, só agora começamos a estudar Teologia Sistemática, por que as pessoas precisavam de ter o mínimo de compreensão do linguajar bíblico, que é técnico em muitas ocasiões – principalmente no Novo Testamento. Mas quando vamos começar a ensinar de verdade, passou o tempo das pessoas quererem aprender. Só resta, num caso assim, orar e pedir direcionamento a Deus, sobre o que fazer. A falta de alunos não é um sinal de que está na hora de arrumar as malas e partir para um lugar onde outros ainda queiram aprender?

Deixar, abandonar, o ministério de mestre, não me parece a melhor situação. São anos de preparo da parte de Deus e por causa de gente que não quer aprender, nós vamos jogar um ministério fora? Eu conheço vários professores que desanimaram e largaram a capa do ensino. Essa não é a melhor opção.

O mestre, o pregador, o professor de Bíblia, ele além das situações sociais da vida, como precisar de livros caros, de uma rede boa, de um computador caro, de um lugar para estudar, alimento, roupa, sossego, onde muitas vezes não tem nada disso, ainda tem a Batalha Espiritual. Se a pessoa toda cercada pelo Diabo está dando trabalho, ensinando a igreja, lutando para ensinar, levando conhecimento bíblico, da parte de Deus. Conhecimento revelado. Imagine essa mesma pessoa sem o Diabo lutando, tendo vencido os demônios, as batalhas, com a vida sossegada. O ministério de ensinador da igreja é um dos ministérios mais combatidos de todos os tempos. O mestre pode levar a igreja a outro patamar, a outro nível. O Diabo fica mesmo, preocupado com a pessoa que ensina a palavra. E deve ficar mesmo.

Entretanto, se tem um cargo que a igreja sempre precisou foi o de mestre. Eu quero incentivar você a pedir a Deus o ministério. A maioria das igrejas no mundo se perderam. Estão cheias de novidades não bíblicas. A palavra do púlpito está fracassada. Os pregadores não sabem pregar. A igreja conhece pouco ou nada, da palavra. É preciso saber que o ministério de mestre não é para a Escola Dominical, ou seja como chame o culto de ensino. O ministério de mestre é para a igreja. Na igreja primitiva, os mestres pregavam e ensinavam no culto publico. Precisamos voltar à essa pratica.

O cargo é tão importante que é um dom ministerial. O mestre terá conhecimentos da palavra, que nenhum outro ministério terá. O mestre é o cara da palavra. Passa por ele, o que Deus quer ensinar a Igreja. Passa por ele direcionamentos do futuro da igreja. A maioria das igrejas que não crescem, pode observar, são igrejas que negligenciam o ensino. Por outro lado, as igrejas que mais crescem são as que estudam sério.

O MINISTÉRIO DE MESTRE NA ESCATOLOGIA

O cargo de mestre, de professor, ou doutor de Bíblia é tão importante e necessário que Jesus, o Filho de Deus era mestre, um rabi. Que coisas grandiosas e gloriosas Jesus nos ensinou, não é mesmo? Mas eu posso dizer sem errar, que Jesus só nos trouxe uma introdução do assunto. Observamos que Paulo, o grande interprete dos evangelhos, aprofundou de forma magistral, o ensino bíblico de Jesus. Mas o tempo passou e os mestres da Reforma Protestante mudaram a compreensão do Cristianismo, com seus ensinos. E se achávamos que a Reforma era o produto final do ensino bíblico, ai me vem Karl Barth e reorganiza a bagunça da alto critica, mostrando que a Bíblia ainda tem muito a dizer. Nas ultimas décadas observamos a profusão de livros cristãos devocionais e teológicos que estão surgindo. Estamos vivendo nessas ultimas décadas recentes uma criação e reorganização impressionante da Teologia Sistemática. Nunca soubemos tanto sobre a Bíblia, as doutrinas e a igreja, como agora. Mas ainda assim, nos parece que isso não tem fim. A impressão que temos lendo muitos autores, é que estamos só arranhando a superfície do ensino. Acredito que o melhor da Teologia ainda virá, até a volta de Cristo, no fim da Tribulação.

Paulo na igreja primitiva disse que não podia lhes dar um alimento mais sólido, pois não estavam preparados ainda para ouvir, e o que ensinava era leite. Jesus porém disse: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai.” (João 14:12) Ao mestre, ao professor, está essa profecia pairando sobre ele: Deus quer revelar mais. Deus quer revelar o futuro do ensino para a igreja. Deus quer levar a igreja para um caminho que nunca foi antes. A nova igreja, a nova liturgia, a nova maneira de interpretar os evangelhos está na direção do mestre, na sua mão, na sua mente. O mestre é o filósofo da igreja, o pensador, o teólogo. É no ministério dele que virão as maiores revelações a respeito do futuro do ensino bíblico.

Não poucas vezes fiquei olhando para a minha Bíblia e compreendendo que existe mais, entre um Testamento e outro, entre um livro e outro, entre um capítulo e outro, entre um parágrafo e outro parágrafo, entre uma palavra e a outra palavra, entre-linhas, entre uma letra e outra letra. Hoje compreendo que essa á a mais pura verdade do mundo. O que ninguém ouviu falar ainda do evangelho, da Bíblia, Deus vai dar a seus escolhidos para esse cargo, que vão repassar para a igreja. Cabe a essa igreja escatológica alimentar seu povo com alimento sólido. As maiores revelações da palavra ainda virão. Hoje sabemos anos-luz da geração passada, de poucos anos atrás. Se você é como eu e quer saber de profundidades de Deus, que ninguém ainda ouviu ou descobriu, ore, pedindo o dom de mestre e Deus dará.

Amém

Fique na paz

pslarios
Enviado por pslarios em 29/09/2021
Reeditado em 29/09/2021
Código do texto: T7352848
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