Nos relatos apresentados sobre a vida de Maria, descobrimos que ela vivia como qualquer menina da época: casou-se cedo, dedicava-se aos afazeres domésticos, à família e a visita ao templo. É importante reconhecer que há poucos relatos sobre Maria na Bíblia, mas se prestarmos atenção, veremos que ela está presente nos momentos mais importantes do mistério da salvação: a Encarnação do Verbo, o Mistério Pascal e Pentecostes.
Sobre o mistério da Encarnação, este aconteceu nela ao aceitar de forma obediente a vontade de Deus (Lc 1, 26-35). Maria também esteve presente no Mistério Pascal junto à cruz de seu Filho (Jo 19,25). E por fim, não esteve ausente no acontecimento de Pentecostes no qual perseverava na oração juntamente com os apóstolos (At 1,14).
Essas presenças de Maria nos asseguram que ela teve um lugar único ao lado de Jesus e foi testemunha particular da obra da salvação realizada por intermédio do seu Filho. Assim, iremos refletir sobre o sofrimento de Maria ao ver seu Filho sofrendo na caminhada à Cruz.
A caminhada de Maria no mistério Pascal começou muito antes da prisão no horto. Maria guardava em seu coração as palavras de Simão sobre “a espada de dor que lhe transpassaria a alma” (Lc 2,33-35). Assim, podemos aprender que na nossa caminhada rumo à santidade, depois de dizermos nosso sim a Deus e sermos preenchidos pela sua graça, vem o tempo da purificação e do abandonar-se nEle. Chega a noite escura, a noite da fé!
A bíblia nos relata os gritos e lamentações das mulheres na subida ao Calvário, mas não de Maria (Lc, 23-27). Maria está em silêncio. A vida de Maria foi em silêncio! Porque a linguagem do mundo se expressa com palavras e belos discursos, mas a linguagem da cruz é o silêncio. O silêncio que se eleva a Deus em oração e guarda para Ele o sentido do sofrimento.
Naquele momento de dor, no seu silêncio, Maria acreditava nas promessas de Deus, que Jesus era o messias, Filho de Deus, mas percebe que seu filho não faz nada... Se Ele se libertasse da cruz, Ele a libertaria do sofrimento, mas não o faz! Ela poderia falar como os outros: “Salvou a tantos, porque não salva-te a ti mesmo?” (Lc 23, 35). Ou perguntar: Qual o sentido de todo esse sofrimento, meu Filho? Mas ela fica em silêncio! E diante do sofrimento, Jesus a entrega ao discípulo amado para que ele cuide de Maria e Maria cuide dele...
Não há como fugir, a vida com Cristo nos traz sofrimento. Não porque o Senhor quer a nossa dor, mas porque o nosso homem velho necessita ser purificado. A diferença está em como viver o sofrimento... Maria se entregou a Deus desde o sim na visita do anjo Gabriel até o sim de ver o sofrimento do seu Filho inocente e entendeu que o seu sim deveria ser dado em todos os momentos: na alegria, na tristeza até o fim dos seus dias.
Diante do seu sofrimento, do seu calvário particular, lembre-se de Maria: permaneça em silêncio aos pés da Cruz. Existe um sentido no sofrimento... ofereça sua dor em sacríficio vivo. E acredite: Jesus nunca te deixará só! Ele irá te entregar a um “discípulo amado”, para que cuide de você até voltarmos para Casa. 

Referências
Bíblia Ave Maria
Maria: um espelho para a igreja – Fr. Raniero Cantalamessa

Abra a Porta e Rosana Santos
Enviado por Abra a Porta em 21/10/2021
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