COMO LER E PREGAR O SALMOS 2

Muita gente acha que pregar é só abrir a Bíblia e falar o que achou do texto bíblico. Não é. Falar o que se quer é uma leitura subjetiva, única, pessoal, e daquela pessoa. As melhores pregações são bíblicas e abrangentes. Bíblicas por que querem interpretar a Bíblia a partir da Bíblia e não do nosso achismo. A Bíblia fala o que fala. Uma pregação abrangente é uma pregação que alcança muitas pessoas e a sua leitura que faz da Bíblia é compreendida por mais pessoas, num consenso geral que nos comprova que é assim que devemos ler e pregar esse ou aquele texto. As pregações subjetivas são maioria nos nossos púlpitos e talvez por isso mesmo que estejamos vendo o fracasso tão generalizado do púlpito em converter as pessoas. O texto bíblico fala o que fala.

O pregador nunca deveria pensar em fugir do texto bíblico e pregar os seus temas, sejam os temas a necessidade imediata da igreja ou não. O homem, por mais genial que seja e por mais inteligente é ainda assim limitado. O texto bíblico foi pensado pela mente do nosso criador. A leitura e pregação de toda a Bíblia vai acabar falando muito mais do que jamais sonharíamos, além de que vai falar o que precisamos ouvir e não o que queremos ouvir. Ou seja, o pregador deve pregar a Bíblia, o texto bíblico.

Uma piada bem conhecida da igreja é aquela que diz que quando a igreja não souber o que pregar, pregue a Bíblia. Essa pretensa piada tem um fundo imenso de verdade. A maioria dos pregadores inverte a situação, como se os nosso temas fossem mais importantes do que o texto bíblico. O que o Salmos 2 nos fala?

SALMOS 2 – O REI ESCOLHIDO POR DEUS

1 Por que as nações pagãs planejam revoltas? Por que os povos fazem planos tão tolos?

2 Os seus reis se preparam, e os seus governantes fazem planos contra Deus, o SENHOR, e o rei que ele escolheu.

3 Esses rebeldes dizem: “Vamos nos livrar do domínio deles; acabemos com o poder que eles têm sobre nós. ”

4 Do seu trono lá no céu o Senhor ri e zomba deles.

5 Então, muito irado, ele os ameaça e os assusta com o seu furor.

6 Ele diz: “Já coloquei o meu rei no trono lá em Sião, o meu monte santo. ”

7 O rei diz: “Anunciarei o que o SENHOR afirmou. O SENHOR me disse: ‘Você é meu filho; hoje eu me tornei seu pai.

8 Peça, e eu lhe darei todas as nações; o mundo inteiro será seu.

9 Com uma barra de ferro, você as quebrará e as fará em pedaços como se fossem potes de barro. ”

10 Agora escutem, ó reis; prestem atenção, autoridades!

11 Adorem o SENHOR com temor. Tremam e se ajoelhem diante dele;

12 se não, ele ficará irado logo, e vocês morrerão. Felizes são aqueles que buscam a proteção de Deus! (Tradução Linguagem de Hoje)

Acredito que a primeira dificuldade de compreender melhor o Salmos 2 seja a tradução. Algumas delas são tão truncadas que mal conseguimos compreender o que o texto diz.

Como nos fala o irmão Daniel Conegero: O Salmos 2 fala sobre o reinado do Ungido de Deus. O estudo bíblico do Salmo 2 deixa claro que esse é um salmo messiânico. Mas ele não trata apenas da monarquia divina, antes, também fala do reinado davídico como que apontando para o reinado superior e eterno do Messias.

Um esboço do Salmo 2 pode ser separado em quatro cenas principais que de forma poética apresentam progressivamente a rebelião da humanidade ímpia contra Deus e suas implicações.

2.1-3 - A REBELIÃO HUMANA CONTRA DEUS E O SEU UNGIDO.

Esse é um Salmos real que tem sido interpretado de forma messiânica. O Salmos inicia com a natureza caída, que não pode compreender Deus e muito menos o que ele está fazendo, se revoltando contra Deus. É uma loucura tola. Por que as nações pagãs planejam revoltas? É a pergunta que Deus faz. Por que fazem planos tão tolos, bobos? E qual é o plano? Os reis se amotinam e os governantes fazem planos contra Deus e o rei que ele escolheu. O argumento deles é: Vamos nos livrar do domínio deles: de Deus e do seu escolhido. Vamos acabar com o poder que eles têm sobre nós.

Os homens enxergam no cuidado de Deus, um jugo. Para eles os laços de amor são algemas. Os ímpios não compreendem a providência de Deus e por isso a rejeitam. Os homens se recusam a serem dirigidos por Deus, como se isso fosse ruim. Eles se revoltam, ou: se organizam de forma contra Deus. Mas qual é o motivo real que os homens se amotinam, se revoltam contra Deus? Isaías 59.1-2 no fala: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Os ímpios se revoltam contra Deus por que não querem deixar os seus pecados e nem seus lucros conseguido de forma pecadora. Quando o homem começa a andar com Deus, Ele vai tratar os nossos pecados, queiramos ou não.

O grande problema do ser–humano é o pecado. Uma boa exegese, compreensão do texto bíblico, é falar sobre o pecado e resolver o pecado.

Falar sobre o pecado - significa pregar, expor, ensinar sobre o pecado, a obra da Cruz e da Ressurreição. A Cruz significa a morte do nosso EGO e a ressurreição significa Nova Vida, Nova Natureza Santa, em contraste com a outrora natureza pecadora.

Resolver o pecado - é mostrar à irmã que ainda peca, ao irmão, qual é a solução bíblica a respeito do vicio do pecado. “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.” 1 Pedro 2:11 Abster-se é não fazer, não praticar. A solução bíblica para o vicio do pecado é não realizá-lo. Não peque é a solução do pecado individual. Se é pecado, não faça isso, de maneira alguma. Se for necessário mudar de caminho, perder amigos, perder dinheiro, escolha Deus, sempre. O pecado pode nos matar. Todo pecado tem o principio das Trevas.

O principio das Trevas – As pessoas em geral não pensam muito nisso, mas a rebelião de Satanás tinha a idéia de querer ser Deus no lugar de Deus, matando Deus, destruindo Deus. “Porquanto nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou dominações, sejam governos ou poderes, tudo foi criado por Ele e para Ele.” Colossenses 1.16 Nele foram criadas todas as coisas, tudo foi criado por Ele e para Ele. “Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.” Colossenses 1:17 Dizer que tudo existe em Deus e em Jesus, significa que nada existe fora de Deus. A revolta de Satanas, querendo ser Deus no lugar de Deus, o que significa também destruir Deus, é um plano louco de deixar de existir. Se nada existe fora de Deus, então um Trono de Trevas sem Deus é um Trono fadado à morte, a inexistência, ao fracasso. O pecado traz essa idéia de projeto fracassado já na sua gênese. Já sabemos que quem peca, no momento que inicia a pecar, o seu fim será a morte, a inexistência, ao fracasso, ao erro, ao afastamento de Deus.

2.4-6 - A RESPOSTA DO SENHOR À REBELIÃO DOS ÍMPIOS E O ESTABELECIMENTO DO REI MESSIÂNICO.

Emprestando características humanas a Deus, o Salmos 2 diz que o Senhor ri e zomba deles. E irado ele os ameaça e os assusta com sua ira.

Algo que esse Salmos nos fala e que podemos não compreender é que independente do homem dizer que não quer seguir a Deus, Deus é o dono dessa terra, o seu criador e Ele vai dirigir os povos, quer eles queiram ou não. Um principio de oração é compreender o que Deus está fazendo. Deveríamos ter mais orações de alinhamento e menos de petições. Deus está fazendo, Ele nunca parou de fazer, resta a nós orar para termos as revelações sobre o quê Ele está fazendo.

A impressão que o Salmos 2 nos passa, a respeito de como Deus vai tratar com os homens que nada querem com Ele, será um derramamento de sua ira. Sabemos que isso vai acontecendo na história de tempos em tempos, mas compreendemos que chegará um dia onde o juízo será todo derramado de uma vez, onde os povos serão todos julgados, na época chamada de Tribulação.

O rei messiânico – “À parte de toda conspiração humana, o Senhor constituí o Rei messiânico “no santo Monte de Sião” (Salmo 2:6). Esse Rei messiânico que encontra seu cumprimento final em Cristo, foi prefigurado pela monarquia davídica entronizada em Jerusalém.

O Monte Sião citado nesse verso faz referência à colina ao norte de Jerusalém que abrigou o Templo. Às vezes nas passagens bíblicas toda a cidade de Jerusalém é chamada de “Sião”. No simbolismo bíblico, frequentemente a Sião terrestre prefigura a Sião celestial.”

2.7-9 - O GOVERNO DIVINO.

Salmos 2:

7 O rei diz: “Anunciarei o que o SENHOR afirmou. O SENHOR me disse: ‘Você é meu filho; hoje eu me tornei seu pai.

8 Peça, e eu lhe darei todas as nações; o mundo inteiro será seu.

9 Com uma barra de ferro, você as quebrará e as fará em pedaços como se fossem potes de barro. ”

Quando ouvimos alguém pregar o Salmos 2, em geral são esses os versos citados, de forma evangelística. É-nos dito a nós que esses versos estão falando sobre nós, mas não estão, eles falam de Cristo e de como será o reino de Cristo. A teologia do Antigo Testamento é escatológica, sempre visando o futuro. O futuro de Israel era a vinda de Cristo, do Messias. A sua vinda é descrita como a Plenitude dos Tempos, ou a concretização do tempo, aquilo de melhor que aconteceu no mundo. No Novo Testamento a sua Teologia nos fala do já e ainda não. Já usufruímos alguma coisa do Reino de Deus, as primícias do Espírito, os 10% da colheita. Mas no futuro usufruiremos de 100% da colheita. Então o cristão do Novo Testamento usufrui do já e do ainda não. E se as primícias são boas, como não o será a colheita toda? Se nas primícias do Espírito temos dons de poder, dons ministeriais, poder para curar e ressuscitar mortos, transformação da natureza humana, domínio do pecado, então como não será na colheita da plenitude do Reino de Deus? O que importa, o que nos traz, o que nos vai falar a glorificação do nosso corpo? O que será a plenitude do Reino?

A declaração termina ilustrando a fragilidade do poder humano frente à soberania divina. Ninguém é capaz de resistir ao poder subjugador do Rei dos reis. Com vara de ferro ele rege e despedaça as nações como um vaso de oleiro. A palavra “vara” traduz um termo hebraico usado para designar tanto a vara usada por um pastor para conduzir seu rebanho, quanto o cetro usado por um rei para reger seu povo.

Também é interessante notar o contraste entre essa declaração e o comportamento humano registrado nos versos anteriores. Esse contraste revela muito claramente que os planos dos poderosos da terra não passam de delírios que jamais poderão frustrar o propósito divino. Os decretos eternos de Deus são tão certos e reais que sua proclamação anula qualquer conspiração humana.

Essa fala, onde diz que o Messias vai quebrar as nações e as fará em pedaços é negativa e tribulacional. Você é meu filho, hoje te gerei, nos fala do batismo de Jesus nas águas. Peça e eu te darei as nações, significa que Jesus veio a essa terra como um ser-humano, um cristão que assim como nós, precisa orar, para que Deus realize suas obras. De pouca valia seria se Jesus tivesse vindo como Deus a essa Terra, mas ele vindo como um ser-humano, como nós, Jesus se transforma em nosso exemplo. Exemplo de vida, exemplo de oração, exemplo de como fazer a obra, exemplo de como ser dependente de Seu para as revelações, exemplo de obediência.

Hoje me tornei seu pai – nos fala da resignificação que Jesus deu a Deus. A idéia de Deus como Pai é vinda do Antigo Testamento, mas a idéia de Deus como família é de Jesus.

2.10-12 - A RESPONSABILIDADE HUMANA DIANTE DA SOBERANIA DIVINA.

Salmos 2:

10 Agora escutem, ó reis; prestem atenção, autoridades!

11 Adorem o Senhor com temor. Tremam e se ajoelhem diante dele;

12 se não, ele ficará irado logo, e vocês morrerão. Felizes são aqueles que buscam a proteção de Deus!

Curiosamente o Salmo 2 não termina com o registro do derramamento imediato da ira de Deus sobre os impenitentes. Ao invés disso, ele termina destacando a responsabilidade humana e indicando qual deve ser a reação sensata por parte dos homens diante da soberania do Senhor. O final do Salmos 2 nos fala de arrependimento.

Nesse sentido, o salmista pontua cinco recomendações que fazem daqueles que as obedecem bem-aventurados. São elas: 1) sede prudentes; 2) deixai-vos advertir; 3) servi ao Senhor com temor; 4) alegrai-vos nele com tremor; 5) beijai o Filho para que se não irrite, e pereçais no caminho – uma expressão que se refere a um ato que simboliza submissão e fidelidade

Essas recomendações expressam a graça e a misericórdia do Senhor. Por isso aqueles que se refugiam nele são bem-aventurados. Contudo, a justiça de Deus não deixará a pecaminosidade humana impune. Na verdade, adverte o salmista no Salmo 2, dentro de pouco tempo a ira do Senhor se ascenderá. Quando o dia do juízo de Deus chegar, ninguém poderá escapar.

A Teologia nos fala que existe um chamado geral à humanidade, para que essa se arrependa e passe a andar com Deus desde então, é um chamado especifico, ou eficaz, que é irresistível. Algo que devemos ter em mente, sempre, é que quando alguém tem contato com Deus, com sua Palavra, com a Bíblia, com a Igreja, essa pessoa tem a responsabilidade de responder afirmativamente. Ela tem a responsabilidade de dizer sim a Deus e nunca não.

O primeiro passo da vida cristã é chamado conversão. É o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-se para Cristo em fé (Ez 18.30-32; Ef 5.14). A conversão é um ato único que possui dois aspectos distintos mas inseparáveis: o arrependimento e a fé. Arrependimento é o ato de o incrédulo dar as costas para o pecado, e fé, seu ato de voltar-se para Cristo. O primeiro passo da vida cristã é chamado conversão. É o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-se para Cristo em fé (Ez 18.30-32; Ef 5.14). A conversão é um ato único que possui dois aspectos distintos mas inseparáveis: o arrependimento e a fé. Arrependimento é o ato de o incrédulo dar as costas para o pecado, e fé, seu ato de voltar-se para Cristo. (Pastor Ronaldo Guedes Beserra)

Arrependimento é o abandono ou o repúdio do pecado. Mas esse abandono e recusa, nojo a respeito do pecado, só pode ocorrer no Espírito Santo. Em nossa carnalidade nós não recusamos o pecado e nem o achamos mal. O crente precisa buscar a Deus, precisa se santificar cada vez mais e um dia, ele vai sentir o que o próprio Deus sente a respeito do pecado e quando isso acontecer (quando pensarmos que os nossos pensamentos, que são os pensamentos de Deus, forem iguais aos nossos pensamentos e vamos imaginar que o que pensamos é nosso, mas na verdade é de Deus, pensando em nós) ai nós largaremos de vez o pecado.

Arrependimento só é compreendido em sua plenitude no Espírito.

Amém

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 02/11/2021
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